domingo, 23 de outubro de 2016

Bordel Meu livro Um Conto de Fadas para Adultos.


Por Maiara Cecília.
Outros Capítulos então do mesmo livro, nesse caso certo.

                                                     
                                                          VIII


Enquanto, o dia parecia ainda demorar a nascer a pequena Chantily se virava de um lado
para o outro sem conseguir mais dormir. Parecia então inútil mentir! 
E sendo assim,devagarzinho sem muito avistar desceu e o encontrou inquieto observando-a.

Até que, ele lhe perguntou:
- Não, é cedo ainda?

E ela lhe sorriu temendo sua desconfiança de que ela dali fugiria:
- Acho que, o sono não é mais meu amigo.

Ele a via com olhos mais brilhantes do que os dela. Então, lhe falou em tom
despreocupado:

- Minha viuvinha, tu só me cria caso!
Mas, ela logo discordou:

Não entendo, porque me chamas assim se sabes que não tenho por quem chorar. O felino resolveu, sendo assim após ouvi-la explicar:

-Não sei bem, se é muito pequena para isso. Mas, já que quer saber.
Sinto apreço por ti. Não, me leve a mal... Mas, tudo de início era assim: Uma viúva que
a mim chorava com jeitinho logo mais, me entregava todos os bens do marido!

E continuou...
-Era sempre, planejado às escondidas: Ela colocava veneno no chá do marido e por mim
me dava mais do que podia até, estar completamente acabada, falida. E por sinal a
minha sorte é que ela Sempre, me entregava um açucareiro cheio de joias e dinheiro! 

-Mas, eu muito ligeiro logo por precaução também desaparecia. Chantilly mantinha o queixo caído atônita pelo que ouvia.

-Era sempre assim! Eu lhes dizia: Se me ama então, prove ser meu amor verdadeiro:
Cave amanhã, uma cova funda ao tolo indigente.

-E lá ia mais um... Só mudava o nome e a feição, sempre carrancuda, porém!

E ele prosseguia com um riso provocador, enquanto ela ainda mais se surpreendia:
“-Eu bem que, prefiro tomar chá contigo! Essas memórias me parecem até motivo de
piada!” 

E sem aparentar qualquer remorso, prosseguia: “-Eram tão... tolas as
pobrezinhas! 

-E eu sempre, as convencia a cavar o buraco e enterrar o marido. Às vezes, ficavam lá por horas embaixo do sol quente sabe. Até, se decidirem se cavavam o
buraco ou se na verdade antes de fazê-lo choravam!

 Enquanto isso, de fininho eu tomava o meu caminho e seguia para alguma outra casa onde mais alguma mulher com voz estridente de taquara rachada em meus braços viria contar os defeitos do marido.” Ele então, ainda despojou um cigarro e por um momento lhe sorriu. Porém, ela ainda
parecia não conseguia acreditar nas tamanhas crueldades que ouvia: - Como sou compreensivo acolhia o blá-blá-blá, que francamente não me interessava.
Era tudo sempre, igual: O desgraçado, era pão duro, preguiçoso, nunca fazia nada
direito. Até, na cama era um desastre! 

-E eu estava lá pra lhes ouvir e fazer feliz! E eu
fazia o possível, não é mesmo para estar sempre ao lado delas por mais que elas fossem
na verdade, muito feias sabia. -Até porque, ora no final acabava valendo à pena. Feias mas, ricas!

A ironia em seu tom de voz assustava Chantily. -O amor àquela hora, não era muito lindo, não. Mas, isso não importava! Talvez, se elas
colocassem um saco para cobrir o rosto... Mas, agora eu nem quero me lembrar
daquelas vozes, nem daquelas casas cheias de terços e santos. Isso me dá arrepios! 

-Mas, não se preocupe porque os sonsos estão provavelmente longe. Ou só vão me
encher a paciência querida quando, a minha alma chegar ao inferno. - E até lá, meu bem, temos ainda tempo de sobra.

Ela se estarreceu:
-Monstro! Como pode pensar assim?

-Ah, deixe disso! Pra que esse espanto, hein? -Afinal, elas eram vou ser sincero com você todas inúteis mesmo!

- Ah, mas não se preocupe com firulas está bem.

E ele ainda mais lhe dizia em seu bom humor cruel:
- Até porque, eu não tive culpa se eles mais pareciam estar apenas ocupando espaço no
mundo. 

-Mas, vamos esquecer essas lembranças e falarmos de algo mais interessante o que
acha, hã?

- Ah, quando vi você doce, terna e rosada. Eu falando a verdade aqui entre nós dois não
pensei, em mais nada! 

-Seremos felizes!

Em seus pensamentos, apenas, continuou a sentença: “Certamente eu serei, quando
conseguir corrompê-la.” Então, investiu:

-Vamos lá, meu bem, não se acanhe: Me beba como a vinho! Até porque, eu já lhe
trouxe para cá para que fosse mais confortável para ambos... Mas, é claro que tudo vai
se desenrolar melhor depois do jantar, não é mesmo?
Chantily estranhou: - Jantar? - e pensou: “Que bom! -Não estou tendo propriamente as refeições. Mas, sim um monte de doces a toda hora!”

-Meu bem, você não deve estar comendo seus doces direito. Por isso, você pobrezinha
deve está ficando cada vez mais pálida!
 E sendo assim, sem demora ele lhe trouxe um pouco de sorvete e biscoitos:
-Coma tudo. Senão, logo você vai sumir, de tão magra! 

-Olha que, eu deixo você de castigo se não for boazinha e comer tudo... Não, leio
sonetos pra você e a coloco no sótão!

 E ela então, por um momento ainda pensou:
- Ah, essa não! -O sótão aquele outro lugar horroroso cheio de poeira e de teias de aranha a não nem, pensar.

E por isso ela resolveu abafar para si mesma essa queixa. E por fim, ela decidiu também
voltar á ideia de discutir sobre o sorvete do qual, ela já saboreou repetitivamente outras
tantas vezes.
Ela já estava ficando enjoada:

-Eca, sorvete de novo!
-E é muito sorvete! Eu acho, melhor não comer, não!

E então, ele pelo menos sugeriu vendo que, ela não queria mais doces do mesmo jeito:
-Pelo menos, prove só um pouquinho certo. -Mas, amanhã eu lhe trago torradas com geleia, que tal?

E então, tentando chegar a um consenso ela também decidiu dar a sua opinião:
-Se a geleia for de morango por mim é melhor, tá bom. -É que, eu não gosto da geleia de uva está bem, por que ela é muito amarga eu acho. Porém, de novo como ele não queria ter que se dar ao trabalho de coloca-la de castigo
no sótão ele não teve outra alternativa a não ser assim, a de concordar:

-Está bem. Mas, agora prove pelo menos, mais algumas colheradas sem teimosia.

Contudo, ela só conseguiu comer meia colher do já repetido sorvete de flocos...
-Puxa... Eu não consigo comer mais! –disse Chantilly, sentindo-se em uma odisseia
açucarada-Eu não quero mais, já estou sem fome!

Porém, ele logo começou a oscilar novamente de humor como a um termômetro
completamente desregulado. Pois, ele já estava ficando muito mais impaciente:
-Mas, não foi nem uma colherada! -

E se continuar desse jeito você vai acabar ficando doente. Não, está sendo obediente!
Porém, ela fez um “não” persistente com a cabeça. Oscilante como um termômetro no
inverno de uma cidade quente, ele então lhe perguntou:

-Você por acaso, está me provocando pouca sombra?

-Sua... Sombrinha, sem cabo?
E ela sabia que temia seu jeito ameaçador. Mas, ela então por escolha própria quis
persistir relutante de certo, com um “R” maiúsculo:

-Eu só estou dizendo que, estou sem fome. Que já minha nossa, me basta da mesma
coisa todos os dias!
E ela continuou tentando parecer valente:
-Se eu não sirvo nem, para sombra fique sabendo de tão pequena você também não é
lá... Isso tudo o que diz, viu!

Mas, o gato imediatamente a advertiu:
-Plebeia, refreia-te a língua, pois, sabe que detesto esse teu costume!
E ele ainda mais lhe exclamou, muito mais impaciente do que realmente esperava por
estar naquele momento. Justo, naquele mero instante então:

- Pois, era só o que me faltava que além de ingrata ainda por cima, se acha boa de briga.
Mas, Chantily insistiu:
Ora, eu digo o que digo e pronto! -Você, não manda em mim.
Irritado, ele a puxou pelo braço até o corrimão da escada para lhe provar o contrário.
Virando-a de costas, lhe ordenou:
-Segura, aí!

Ela então sentia a pressão de outro corpo junto ao dela, numa posição desconfortável...
Um corpo peludo que de repente, parecia ser maior que o seu e um pouco pesado
demais...

-Eis que mando sim! – disse-lhe o gato. E sussurrando ao seu ouvido, prosseguiu seu
discurso:
-Em pensar que, achei que seriam após todo esse tempo precipitadas as minhas
conclusões sobre ti. Mas, não se preocupe porque uma boa alma, Deus redime de seus
crimes. Ao contrário, de quem fica e permuta chamando pela carne... Deus redime,
tirando-lhe a culpa por ceder e deixar o sangue escorrer pelas mãos não mais
inocentes... É tudo um doce prólogo! Não traz um bom ato o tédio de um clichê de
monólogo.

Chantilly não compreendia aquelas palavras.
E ele prosseguia:

-Pudera, eu não ter antes tirado atrás, de tantas camas auras tão mais reluzentes!

-Pudera antes eu ter tirado mais e mais apenas da tua! Pudera eu antes, tê-la encontrado
e não ter perdido tanto tempo infundado. Ter feito apenas, o que eu tanto mais queria. Ele lhe sorria um sorriso vil e descarado. Ela doce criança, tão fria, porém, ainda
permanecia imóvel. Já que, o medo a tinha dominado e o estômago embrulhava... A voz
não saia e lá fora não mais, se sabia se ainda era dia.
E ele então a envolveu sob seu abraço estranho e que lhe cheirava a vielas sem luz, sem
escrúpulos:

-Fica e deita-te, enfim, comigo! Seremos aqui só nós dois... Entrega-te a mim o teu
corpo e deixe que eu lhe guie pelas tuas caladas vontades. -Lá em cima, onde o inferno é doce e a escuridão é macia... O seu coração será enfim,
meu e feliz!
Ela apavorada pensava em se debater enquanto, ouvia os sussurros em seu ouvido, com
palavras intercaladas por beijos suaves nas orelhas...

-Seremos mais, que um mito! Seremos mais, do que uma fábula! Seremos a chama
como o clarão de uma vela que vai então nascer!

E ela então, quando conseguiu se soltar dele que continuava seu discurso:

-Pense bem, não deixe essa oportunidade para depois! Afinal, o depois é só mais uma
desculpa...
Sabendo que precisaria convencê-la a se entregar a ele e não forçá-la, abriu uma trégua: - Se você quiser eu relevo tudo!

- Esqueçamos! 

-Lá em cima, os sonhos de um estranho lhe chamam... E serás feliz, como nunca fora
antes!
- Confie em mim. Pois, o medo é só uma gota de orvalho sobre a folha; as nuvens do
céu eternizaram seus olhinhos e eu prometo que será florido o seu caminho, onde eu
estarei sempre a lhe guardar e proteger.
Em seus pensamento, no entanto, a fala era esta: “Eu preciso de você!”

-Aliás, já está na hora de você ir para cama, quero dizer... Dormir um pouco, não acha?
Ela avistou após ouvi-lo, porém, acabou mais que de depressa o tenebroso quarto escuro
que cheirava a mofo como ela bem sabia, e olhando várias vezes para a porta aberta do
quarto tentou disfarçar a sua repentina hesitação:

- Eeeentão... Eu ainda não estou com muito sono, sabe. E eu nem, terminei meu jantar
direito... Acho que, eu não vou recusar algumas colheradas do sorvete...
Ela, sem demora, pegou a colher e bravamente enfrentou o pote exagerado de sorvete.
Mesmo, é claro que sabendo dos limites da sua saciedade.

Desconfiado, lembrou-a do início da discussão:
-Engraçado, não é? Como a gente se acostuma a comer a mesma coisa todos os dias... -
rindo com sarcasmo, antes de sair, o gato exclamou:
-Por enquanto, vou te deixar em paz! 

-Eu não sei, quanto a você dona indecisa e descuidada, mas eu vou dormir porque hoje
não tive uma refeição agradável como vossa senhoria, hã. - Não é fácil em vez de um bom vinho, ter que beber leite. E no lugar de um croissant,
ou de um digno filé mignon, se ter ratos ou ração para comer... Sem sequer, talheres!
- E veja que grosseria: ainda por cima, ter que comer no chão! 

-Diga-me... Ainda não lhe
parece o bastante? 

-Espera que, eu me humilhe mais do que isso?

E ela então se surpreendeu, chateada. Mas, sem compreender muito bem a dimensão do
fato:

-Puxa, perdão pela indelicadeza. 

-É que eu não sabia o que contigo sucedia!

- Gatos são tratados como gatos!

E antes, de partir para o andar debaixo para dormir ela então lhe perguntou intrigada
como se algo entre eles estivesse faltando, como a peça de um crucial quebra-cabeças:

-Você... Você tem um nome? 

-Bem... Veja como eu ainda não lhe conheço muito...
-Ora, eu achei que tu, sendo quem é, me desse um! -Mas, nem para isso se deu ao trabalho não, é?

Então, ela se pôs a pensar numa forma de chegar a uma reconciliação.
A menina se colocou a pensar, a pensar muito como nunca antes, imaginara que o faria
batendo um dos pés no chão à procura de um nome para tal companhia tão... Intrusa!

 -Que coisa! De repente exclamou: “Já sei, qual vai ser o seu nome: Coubby Richard
Terceiro!” – respondeu com um sorriso brincalhão. Os olhos do gato brilhavam,
revelando altivez...
-Sim, é um nome bonito, mas... Por que tem que ser tão extenso?
- Por que não apenas, Richard terceiro?

 -Eu acho que, assim ficaria melhor.

Ela concordou com a sugestão:

-Excellent!

-“Richard Terceiro” – repetiu o gato- Agora eu me sinto até mais amado!
-Agora estou feliz!

De repente, ele seu novo bichinho muito falante de estimação indagou: “Mas, porque
terceiro?”

- Chantilly respondeu com simplicidade: “Porque você é o meu terceiro bichinho de
estimação!” Quando, eu era mais nova eu tive um cachorrinho e mais tarde um coelho,
mas... Os dois acabaram fugindo!

- E aí você apareceu. O Terceiro! O único que não fugiu. Bom, apesar de você ser um
pouquinho resmungão.

-Bem... Agora eu preciso voltar a dormir.
Acreditando em sua ternura, beijou-lhe o rosto, cobriu-se sob a luz do candelabro na
mesinha de centro e suavemente ao sono se entregou, num bocejo: -Bom sono, Gato! Ops! Desculpe: -e corrigindo, lhe desejou: “Bom sono, Richard!”

Ele esboçou um leve sorriso e com toda a paciência do mundo a observou adormecer:
“Bom sono, meu bem! -Se precisar... Eu estarei aqui”.
Talvez, ela sonhasse com o sorvete, com os doces... Ou com a alegria de seu bichinho
ao ganhar um bonito nome... Mal sabia ela que o seu amado bichinho saia à noite a
procura de joias e cigarros para roubar e que escondera para si a tiara vermelha que ela
ganhara quando, bebê num Natal.




     IX
Chantily caiu no sono. Mas, uma forte sensação de estar perdida ali naquele quarto a
meia luz fosca do abajur, tomou conta de seus sonhos... Ela ouviu pequenos ruídos de
passos sorrateiros...

- Richard é você?

Demorando um pouco para lhe responder:
- Ora, minha pequena Branca de Neve ainda está acordada? -dizia enquanto, trancava a
porta atrás de si.

Assustada, respondeu que sim com a cabeça. Como não conseguia notar onde ele estava
a garotinha curiosa que sempre fora, indagou, para saber pela voz do gato onde ele
afinal de contas estava:

-Você disse que viria se eu lhe chamasse... Mas, pensando bem eu não o chamei!

O silêncio parecia ecoar em sua mente, até ouvir sussurros ternos e irresistíveis, que
pareciam estar dento do seu pensamento:

-Vim, porque você é minha querida e eu quero o seu corpo... Quero o seu coração... Eu
preciso da sua alma!

Apavorada, se viu sem saída. O som quase inaudível das pegadas de Richard parecia vir
de todos os lados, como se ele corresse pelas paredes.
Enquanto, ela pensava em sair de sua cama ousou perguntar a fim de se certificar de que
ele não impediria sua fuga:

-Onde, você está Richard? -Eu não consigo vê-lo!
Então ele se sentou bem à sua frente em sua cama e lhe respondeu sem emitir sons,
apenas mordiscando a sua orelha de leve... Ela estremeceu ao sentir seu hálito quente
bem próximo a seu rosto... Depois, passou a sentir arrepios que percorriam todo o seu
corpo enquanto ele sussurrava:

- Tenha calma!
- Não se preocupe... Eu não vou fazer nada de mal com você minha pequena!

- Eu apenas, lhe trouxe um pouco do leite que consegui!
Chantilly não conseguia expressar senão, a própria mudez repentina.
De repente, ela sentiu o leite morno se espalhando sobre sua barriga e gritou atônita. Ele
adiantou-se em limpá-la e desculpar-se por ter sido tão desastrado.
Utilizando os dentes, desceu a saia de Chantilly e com sua língua áspera foi secando o
leite sobre sua pele. Aquilo provocava na garota sensações estranhas e agora ela não
passava de um camundongo aprisionado por ele.

-Pronto, Richard, o leite já secou! –argumentou Chantilly. Mas, antes de terminar de
falar, um morango ocupou subitamente sua boca e ela passou a saboreá-lo.
 No mesmo instante em que deixou de sentir a língua do gato sobre sua pele, sentiu-a
em sua boca, brigando por um pedaço do morango que mastigava.

-Hmm, morangos, frutinhas, frutinhas morangos...
Ela parecia exclamar em pensamento mesmo, porque toda aquela situação era bem
constrangedora. Até que, novamente, o gato lhe disse, enquanto ela lhe parecia estar
bem confusa:

- Calma, minha pequena Branca de neve, hã? -Até porque, já que você não vai conseguir acordar tão logo pelo visto ainda temos
algum tempo, não é?
E sendo assim, ele lhe propôs:
- E já que estamos aqui, por que você não me dá a sua aura do jeito mais fácil, hein?
Mas, ela que nem sabia o que era uma aura.

 E muito do que o gato lhe dizia não ela
mesmo assim, entendeu preferindo pensar na ideia dos morangos:
“Oh, bem sei que”... Estou com sede. Mas, será que ele não poderia parar de resmungar
só por alguns minutinhos e me deixar agora achar mais morangos, hã?
Então o bichano percebeu que ela estava muito avoada e voltou a sussurrar:

-Ah, tive mais uma ideia... Sobre o que fazer com você, minha viuvinha...
Vamos fazer um acordo? 

-Já, que você anda triste e desamparada eu vou ser mais do que só um bichinho de
estimação. -Acredite em mim, você ficará muito feliz se continuar ao meu lado!

-E tudo o que eu preciso é que em troca, você não me abandone e continue em silêncio
em relação ao que virá a acontecer entre nós minha florzinha.
E ela pobre garotinha que mal entendia como ele falava apenas, o olhava em sua mudez.

-Ótimo, meu pequeno novelo de lã! Assim está melhor. -ele confirmou com um sorriso
astuto e então mordiscou novamente a orelha de Chantilly que apenas, tentou conter
naquela hora um riso muito bobinho.

 Mas, ele lhe sussurrava mais e mais:
-Bem, agora que nos entendemos... Vejamos por onde começar... Ah, veja como o
escuro não é tão ruim... Sabe, e acredite que se não fosse por que você infelizmente vai
acordar logo eu poderia brincar com você de casinha, que tal?
E ela apenas, sentia aquela sensação estranha, como se um nó lhe atravessasse a
garganta aumentando mais e mais. 

E ele persistia:
-É claro que, eu não sou nenhum tipo meigo ou encantado como as fadas. - Mas, acredite minha viuvinha gulosa, eu ficaria mais do que satisfeito em tombá-la
sobre uma mesa e fazer de você o meu frágil e macio pedaço de bolo, sabe?

E enfim, ele lhe dava mais algumas sugestões:
- Ou poderíamos brincar no sofá da sala que tal, hã?
- Mas, eu não sei se você seria tímida o bastante, para me explicar o que é quê tanto
você vê de tão interessante assim... Nos livros, sabia. Porém, como estava muito escuro e ela não conseguia vê-lo ela então ainda sim, tentou
adivinhar:

-Ah, eu só espero que como sendo um bichinho mais educado que você esteja sentado
no tapete certo!

-E não quero dizer, na minha cama está bem.
E sendo assim, ele lhe deu mais algumas questões em que pensar, quando ela menos
estava esperando:

-Hum, está bem. E ora essa querida, quem sou eu para lhe dizer sobre o que você deve
ou não pensar, hã?
-E, aliás... -Ele então continuou- Já que, você é quem diz ora acredite em mim, porque
eu estou agora mesmo sentado de joelhos sobre o seu tapete, certo. -Mas, é eu concordo que deve ser uma pena que você não possa apreciar isso não é
mesmo, hein?

Entretanto, ela também apesar de discordar do que acabara de ouvir não conseguia
expressar o quanto era difícil àquela situação para ela:
- Oh, puxa ele acabou de me dizer mais algumas palavras que... Não! -Eu Não estava esperando e nenhum pouco ouvi-las de alguém, sabe. 

 E com isso ela resolveu, guardar mais uma vez as suas próprias palavras em sua repentina mudez.
Já que era mais provável acreditar que, nem sempre uma boa aparência diz tudo por si
só. como no ditado. 
 E antes, de ela insistir por querer acordar ele beijou-lhe a bochecha corada enquanto
amarrotava sorrateiramente o seu pijama. 

E disse quase que, espantosamente lendo cada
uma de suas mais tímidas inquietações com a expressão de uma serpente prestes a dar o
bote:
-Ah, meu bem, acredite... Eu não vejo à hora, de poder cravar os meus dentes em você. - Um a um... Primeiro, os dentes e depois... A língua!

- Mas, não se preocupe, pois, eu juro que tentarei ser o mais delicado possível. - Se bem que, você já deve estar... Toda dura aí embaixo.
E ele tinha lá de um jeito ou de outro mesmo assim, o seu cruel ponto de vista: -Não consigo saber ainda talvez por que você é tímida demais, não é verdade?

- E ele ainda mais pensava enquanto ela sentia um terrível frio no estômago mesmo, sem
conseguir saber o porquê desse incômodo: -Tímida demais até, que eu acho para vir á estar em breve sobre os meus joelhos e
começar a descobrir quais os meus passatempos prediletos logo de uma vez, hã?
E ele ainda mais lhe dizia:

- Não se preocupe querida, pois, eu vou deixar mais questões em aberto para você está
bem!

E ele ainda mais lhe sussurrava com um jeito provocador:
-Ah, e sabe qual é o seu problema? -É que você ultimamente eu acho que, tem tido imaginação demais sabia.

Porém, ele ainda prosseguia com seu tom instigante:
- Mas, por outro lado é isso o quê... Eu mais adoro, em você minha muda viuvinha!
E sim, ela também parecia estar com as bochechas corando e corando. Mas, ela naquele
instante já, não sabia mais o quê fazer para que conseguisse tentar de alguma maneira
então ignorá-lo. Pois, ela conseguia ouvir ainda sim, os seus risinhos e o tom provocador sem duvida na
sua voz, aquela altura o que já era de se esperar.
E Ainda antes, de se dissipar como uma nuvem fresca e macia de verão ele lhe deixou
ainda mais assustada de alguma maneira.
 Porque, aquela altura Chantily podia sentir seu
estômago se contorcer enquanto ele roçava uma das patas por entre suas pernas miúdas
e dizia:

-Ah, minha florzinha você acredita em muitos anjinhos fofinhos e rosados quando
sonha, não é verdade? 

-Pois, bem... Acredite, eu sou um daqueles anjinhos!
- E quando você menos esperar, vou fazer você cair de uma nuvenzinha azul e se
queimar.

E ele prosseguia com um sorriso perverso: - Por mais que você chore, grite ou implore... É tarde demais para se arrepender, porque
você já é minha!
- Quero dizer, que agora você não mais estará no céu com os outros seres fofinhos e
rosados. Pois, agora eu vou estar com você aqui no inferno mesmo que você queira
voltar!
- Ah, eu não vejo a hora de terminar o que planejo com você minha ovelhinha muda!

-E, aliás, é assim que você me alegra ainda mais sabia?

- Pois, é quando você então cumpre com o que combinamos minha Chantily!
E ele ainda parecia querer mimá-la:

-Minha bonequinha assustada... -beijava-lhe e lhe puxava o cabelo de forma
despreocupada -Quem diria, hã? De carne e osso... Que sorte a minha, não acha?

Chantilly acordou assustada e sua respiração estava ofegante. Lembrou-se do sonho
todo e das palavras do início: “Preciso de sua alma”. Parecia ter sido tudo muito real.
Sua timidez de menina a fazia sentir-se mais e mais sem saída. E ela ainda sentia aquela
sensação estranha mesmo, que não quisesse aparentemente pensar nisso e sobre as
questões que ele seu bichinho falante e completamente desinibido sem mais nem menos,
lhe dissera. - Puxa, isso me deixou confusa!

Até que, depois ao ser vencida pelo cansaço por ter imaginação demais para uma única
noite ela resolveu esperar até que ele talvez, finalmente lhe esclarecesse sobre o que a
fez sentir arrepios instáveis a toda hora. Tanto, na sua pele quanto que em sua
consciência.

-Oh, puxa vida!

 -Mas, agora será que já não está sendo embaraçoso pensar demais nisso hein?

Ela resolveu conter-se daquela euforia que sentia:
-Oh, céus. Isso tudo me parece fabuloso! -Mas, acho que pensar demais nisso está fazendo tudo se parecer tão mais exagerado!

E ela tentou se esquecer por hora do que considerava bobagens:
-Oh... Tudo vai ficar bem comigo - só isso, nada mais! 

-Imagine o pobre Richard... Não
me faria mal nenhum, não é mesmo?

- Ele me parece uma criaturinha tão adorável a seu modo bem interessante, eu devo
confessar.

E assim, Chantilly continuou pensativa sem saber o porquê de sentir-se tão inquieta...
-Ah, que falta me faz nessas horas o meu diário!

-Bem, porque assim... Quem sabe, eu poderia começar as minhas anotações sobre ele. -Quero dizer, quem sabe essa seja uma forma para que eu consiga desvendar Richard
como que a um livro, quem sabe?

-Um livro pelo o qual -eu tenho que admitir- me interessei tentadoramente mais do que
eu imaginava.

E em meio aos seus devaneios, um pensamento a assombrou:
 -Oh, céus! 

-Eu só espero que, eu não esteja envolvida em uma longa trama de “O Médico e o monstro”! --

-Afinal, isso me dá calafrios... E eu não sei, se as minhas intuições vão continuar sendo
boas ou se na verdade, elas vão acabar resultando em algo muito, mas, muito ruim
mesmo!

Porém, ela ainda tinha mais um ponto que talvez tenha deixado escapar nessa historia
toda certamente. E disso logo, ela pôde ter certeza:
- Ah, e. sobre a ideia que ele talvez, estivesse no meu tapete pensando bem, não. - Ele não poderia estar dizendo a verdade porque o meu sexto sentido me diz que é claro

que, ele sabe mentir como ninguém.





                                            X
E quando, Chantily conseguiu se recuperar do nervosismo ela resolveu abrir uma das
enormes janelas empoeiradas do quarto em que estava com todo o cuidado para não
fazer barulho.
Vestida ainda em seu pijama, pegou aquela corda que estava sobre um dos criados
mudos e resolveu descer pela mesma para ir caminhar um pouco mais.
Ainda era uma noite, mais fresca e límpida onde graças aos céus parecia que não
haveria até então nenhum indício de chuva.
 Ou mesmo que, de neblina encobrindo as borboletas e as outras folhas alaranjadas que
também pareciam estar despreocupadas voando sem direção. Sentindo-se um tanto
quanto, deslocada ela preferiu só continuar seguindo o frescor da grama e do orvalho
que caia de cada um dos dentes de leão que se pareciam quando observados mais de
perto terem sido esculpidos incrivelmente pela natureza a seu modo!
Ela esperava continuar livre sendo assim e quase que saltitante até, avistar a lua
finalmente após, tanta procura ao que lhe apareceu àquela altura imensa!
Quase que, como a um cristal diante de seus olhinhos fascinados do alto das mais
longínquas montanhas que ainda restavam para que ela pudesse vir a conhecer. 
O que poderia haver lá para o seu coração então conhecer? - Tal garotinha se
perguntava.
Ela também poderia diante daquela pausa em que ela se deu ao relógio do tempo estar
pensando nisso e em um turbilhão de outras coisas mais.
Mas, naquele instante ela estava lá apenas, sentada olhando como que de costume
sempre fizera, e por sinal gostava de fazê-lo. 

Encontrar cada luminoso pontinho que estava sob o que ela achava que era um enorme
tecido azul feito pelos anjos que provavelmente, poderiam estar brincando de se
esconderem nas nuvens mais fofas e açucaradas do que algodão doce!
-Hmm, quem sabe, eu pudesse devorar se tivesse tamanho para isso esses enormes
pedaços de algodão-doce! - E distraída, imaginava.
E ela continuava olhando para o então enorme tecido azul-Hortência!
-Porque se o céu talvez, se parecesse com os outros tons de azul na verdade, ele não
pareceria tão mais brilhoso, ora essa!
E nisso Chantily dificilmente estava esperando por querer apostar nessa ideia meio
avoada até então sobre o infinito. 

Afinal, seria muito mais conveniente perguntar a Deus
como ele teve tanto tempo e tanta criatividade para realmente querer fazer tudo o que
está no universo pudera, ainda mais em apenas sete dias! Não é verdade?

-Puxa vida, se eu ainda tivesse como vir a alcançá-los... Isso me seria algo tão bom! -Quero dizer, se eu não tivesse que me chatear mais uma vez com isso. - Mas, é uma pena porque na verdade esses pedaços gigantes e cinzentos ora essa, não
passam de meras nuvens, só isso...

E ela sendo assim, ainda enquanto olhava para o céu não teve outra escolha senão a de
se desapontar com o relance que lhe ocorrera de momento infelizmente... Já que, ela
conseguiu chegar à conclusão de que o que ela tinha por suas enormes e ansiosas
expectativas talvez, não viessem no fim nenhum um pouco a corresponderem com a
realidade.

Ou quem sabe, até mesmo essas nuvens sem graça e intactas quase que como a vidro
talvez, tenham sido esculpidas pelas mãos do destino...
E de repente, novamente sentiu aquele embrulhão no estômago que normalmente sem
esperar a fazia acordar de mais um de seus sonhos.
Até que, quando ela finalmente voltou a terra lá estava a pequena e confusa Chantily
repetitivamente abraçada ao travesseiro quando ela finalmente se viu com aquela
pontinha ligeira do que ela corriqueiramente pressentia que também, poderia vir a ser
uma já conhecida dor nas costas.

-Hmm, tomara que não seja nada disso! -tentou prever a menina.
E ela ainda, pensou receosa de que todas aquelas incertezas no fim resultassem para ela

em um mau humor típico:
- É... Eu... Bem que... Puxa vida, preferia pelo menos estar recostada em um travesseiro
maior!

E ela sendo assim, seguiu mais e mais outra vez pensando em suas mudanças espantosas
tentando esconder uma possível, cara amarrada:

- Ou será que, na verdade a culpa disso tudo pensando bem, nem é a do travesseiro
afinal?

E com isso ela quase que, expressou ao mesmo tempo um sorriso como se fosse algo
óbvio:

 - É... Quem sabe, daqui a pouco eu venha a imaginar que estarei deitada tranquila sobre
uma enorme nuvem e assim tudo de ruim ora essa, finalmente acabe!

E ela ainda tentava corajosamente aquela altura ter uma pontinha de coragem para
enfrentar a si mesma, enfim:

-É... Ou talvez, aquilo que ainda esteja ruim se acabe ficando para trás no decorrer de
mais esta noite em que não, terei certeza de qual será a outra metade do que poderei
então estar sonhando... Sentiu-se irritada, porque o seu corpo queria descansar mais um pouco. Contudo, a sua mente apesar de pequenina estava a toda.
Então ela não sabia sobre o que iria decidir:

-Bom, talvez não me custa tentar pegar no sono outra vez, não é verdade?

Mas, ainda assim ela resolveu levar em conta um certo vestígio de sua impaciência
Humana:

- É...Mas, se tem uma coisa que de fato eu detesto é não vir a conseguir disfarçar por
muito tempo sobre algo que me aborrece!

E ela ainda mais concordava, virando os olhos em um ar de retórica:
-Mesmo que, ainda isso só me aconteça então raras vezes.

Afinal, tem sempre alguma coisa da qual eu não sei por que, mas, eu não consigo prever
por mais ainda assim que eu queira vir a descobri-la!

Até que, ela mesmo se virando tanto de um lado para o outro sendo um tanto quanto
objetiva e persistente conseguiu novamente adormecer.

Mas, adormeceu ela num sono um pouco pesado e assim se seguiu por cada minuto da
extraordinária incerteza.
E logo, ela repetidamente ouvia alguém dizer:

-Minha pequena Branca de neve ainda está sem dormir?

E de novo ela com muito esforço conseguiu desta vez, perceber Richard.

Mas, ela se encontrava sem conseguir entender deitada em sua cama e ele cada vez mais
sorrateiro dela se aproximava... Mas, ela curiosa como sempre fora tentou lhe perguntar ainda que assustada, pois, ela não conseguia se levantar como estava esperando para então fugir dali:

-Puxa, por que será que dessa vez o tempo me parece que está demorando mais a passar
do que já me aconteceu, hein?

Ele então lhe esboçou um meio sorriso tendo uma ideia que calou na mente. Ele a
deixou sem uma resposta e prontamente amarrou-lhe o braço direito em um dos lados
da cabeceira da cama cuidadosamente, com um dos finos lençóis brancos como algodão.
E ela pobre Chantily interiormente tentava em vão se debater para tentar o quanto antes,
acordar. Até que, ele cada vez mais lhe sussurrava:

-Viu, eu não tinha lhe dito que uma ora ou outra eu iria saber o que poderia fazer com
você? -E teimava, mordendo de leve a sua orelha:

-Aposto que, desta vez vou fazer direito o que quero com você, minha ovelhinha muda.
E ele ainda colocou uma venda em seus olhos sem que ela estivesse esperando por isso.
Enquanto isso Chantily parecia estar ficando cada vez mais com sede. E também,
arvoada:

- Ai, minha nossa, eu não acredito que outra vez vai ser toda aquela ladainha que só...

E ela desta vez tentou romper o silêncio, pois achou melhor dizer a ele:
- Hei, Richard deixe disso, está bem!

-Pois, na verdade, se não se importa... Eu estou com muita sede, sabia?
- E sem conseguir esconder dele a feição de mau humor -Afinal, hoje eu já estou tendo
uma noite ruim e tanto!

-Então, seja gentil e não me faça com que eu me arrependa mais do que já devo estar
sentindo por você aparecer no meu caminho para apenas me perturbar, certo?
E ela ainda mais, lhe confessava: -E não comece com o seu drama, okay?

-Afinal, eu nem deveria estar aqui lhe ouvindo sempre a me dizer as mesmas coisas um
sonho após o outro... E ela teimava em ser para com ele mais sincera apesar, da ingênua feição:

-Quero dizer, acho que nesse tempo ao invés, de eu estar te escutando eu poderia dar
mais atenção de fato às minhas roupas que ainda estão secando no varal, tomando o meu
café com leite no meio da tarde. -Ou lendo os artigos em outras colunas sobre economia e questões sociais no jornal, ou
ainda rezando para que eu não venha a desenvolver um compulsão mais evidente por
açúcar, o que provavelmente, no futuro iria me matar devido a diabetes... Mas, não!

- Sabe, por quê? -Porque eu, não sei por que cargas d’ água eu estou perdendo os meus minutos de vida
justo aqui com você, ora essa! E com isso, ele por ora achou graça. Mas, como ela lhe disse ele resolveu ajudá-la
ignorando as coisas não tão agradáveis de momento que ela lhe dizia sendo mais franca. Reação que, ele não estava esperando por parte dela...

- Você costuma ser meio engraçada para mim quando dá de falar, sabia?
E ele ainda concordou enquanto, puxou despreocupado seu cabelo:

- Ah, que bom que meu novelo de lã resolveu me pedir dessa vez sem teimosia não é,
mesmo?
E logo ele lhe ajudou a beber um pouco de água já, que a pequena Chantily lhe parecia
estar bem mais agitada.

- Pronto! -ele lhe disse. Mas, ela queria terminar de beber o copo inteiro.

Ele, no entanto, resolveu ser mais sagaz:

-Não! -disse-lhe, o que ela não estava esperando.

E ele ainda com o que tinha em mente resolveu prosseguir:
- Porque se eu deixar minha viuvinha apressada vai acabar fazendo bagunça. - E porque eu 

não quero que depois, você acabe ficando doente se o copo acabar
derramando.

Ela então resolveu, apesar de nervosa não mais prolongar todo aquele outro pedaço de
insônia sem sentido nenhum.

E ele então, amarrotava o seu pijama e se aproximava mais e mais dela. Porém, antes
ele resolveu se certificar de que o braço dela estava bem preso à cama.
E ele ainda resolveu, continuar a puxar assunto aproveitando a deixa em que ela estava
mais calada:

- Ah, e a propósito minha doce Chantily você sabe que dia é hoje?
Mas, a menina mesmo assim preferiu não responder porque se sentia nervosa e porque
também não estava enxergando coisa alguma naquele momento.

- Isso mesmo, querida hoje é mais um dos seus preferidos o Dia das Bruxas!
E a menina mesmo assim, se espantou em relação aos dias estarem passando tão rápido
o quanto ela imaginava:

- Oh, claro é sim... Eu adoro, o Natal também

. -Mas, puxa será que já é então noite de Halloween?
E o gato então percebendo que ela se sentia surpresa continuava com a ideia que tinha
em mente:

- E bem, já que você deve estar tão empolgada o quanto eu já estou por mais esse dia
divertido e pelo o qual você já deve ter esperado tanto eu gostaria de perguntar sobre o
que você então prefere minha florzinha: 

-Os doces ou as travessuras, hein?

E ele ainda mais lhe dizia:
- Mas, eu acho bom você decidir sobre o que vai escolher o quanto antes. -Por que senão, logo isso vai acabar perdendo a graça e você infelizmente vai acordar
está bem!

Ouvindo o que ele lhe contara ela, porém, não fazia ideia a aquela altura sobre o que
poderia vir a lhe responder.
Então ela apenas, para si mesma resolveu exclamar:
- Oh, puxa hoje é Halloween! 

-E bom, ele me disse para que eu escolhesse sobre o que poderíamos quem sabe, fazer
hoje. -Mas, que droga ai eu não, sei. E no mais ela prosseguia de certo muito curiosa:

- Mas, puxa isso me parece algo fantástico. - Mas, porque eu não consigo ver nada como eu então realmente gostaria agora, sabe?

E ela ainda continuava pensando:
- Ou até, porque ele está me dizendo tudo isso quando na verdade, agora eu me sinto
tão... desconfortável com todos esses embrulhões no meu estômago!
-E sabe, pensando bem o meu braço eu não sei por que, mas, ele está doendo. Está sim!

E assim, percebendo que ela continuaria sendo cada vez mais indecisa então ele mesmo
resolveu escolher por ela:

- Hmm, Certo... Já que, você não quer me dizer do que poderíamos brincar hoje eu
estava pensando em começar pelas travessuras, que tal?

- E quero dizer, eu não sei se mais doces eu vou dar a minha viuvinha gulosa até porque,
eu preciso pensar melhor sobre isso sabia?

E sendo assim, o gato resolveu voltar ao plano que tinha em mente deixando as
inúmeras inquietações da menina para lá se certificando de que dali, ela não teria como
fugir e estragar tudo: -Está sim... Afinal, eu sei dar um bom nó quando está em jogo algo de que gosto e que quero!

Ela, porém, preferiu estar arvoado pensando em alguma outra coisa. Talvez, quem sabe
a ajudasse o seu humor só por alguns instantes:

-Hmm, Morangos rechonchudos, frutinhas, frutinhas, morangos...
E ela ainda, continuou:

- Eu daria tudo agora sabe, por um pouco de chocolate! -Ou quem sabe, por biscoitos frescos cobertos com chocolate na verdade!

Até que, ele quase conseguiu sem demora adivinhar no que ela estava pensando:
-Ah, como eu sei de meu pequeno novelo de lã, não é mesmo?

Mas, ele já a advertiu:
-Está bem, eu lhe darei só um pouquinho da colher... Se você parar de resmungar!

E ela sentia aqueles arrepios na sua aura crescendo mais e mais toda vez que ela olhava
para ele bem na sua frente em cima dela roçando a língua comprida desde a ponta da
colher imersa naquele exagero delicioso e macio de chocolate.

Então, ela não via outra saída a não ser pensar consigo mesma:
-Puxa, ele está bem aqui na minha frente. -Mas, eu não posso tocá-lo porque estou em uma hora dessas sem o meu braço mais
hábil!

-Isso para mim é um tremendo desastre, uma tremenda injustiça da vida. - Logo para comigo que sempre fiz o possível, para ser uma boa menina para com todos
nesse mundo por Deus!
E ela ainda mais levava algo em conta diante daquela situação totalmente inesperada:

-Ou será que, pensando bem eu até que poderia?
E ela ainda atinava em suas ideias por ora, indecisas:

 -Se bem que, se eu tentar fazer isso vai ser então uma droga porque infelizmente eu vou
acabar sem querer  acordando!
E ela sendo assim, continuou:

- É melhor então, eu continuar assim sem me mexer.

 -Senão, vai que eu acabe estragando tudo!

E Chantily ainda decidiu continuar pensando avoada imaginando que ele não
conseguiria adivinhar nunca no que ela de fato, estava imaginando:

-Hmm, se bem que agora ele está aqui bem na minha frente e quase que, em cima de
mim. 

-Mas, eu juro eu juro que se eu pudesse que eu gostaria de vê-lo cravando os dentes com
gosto um a um em um apetitoso bolinho, sabia!

E por fim, mais ainda com muita travessura a menina atinava:
- Mas, é verdade... Eu devo admitir que eu talvez, ficaria em dúvida diante de uma
realização como essa quem sabe psicologicamente sobre quem seria então mais gostoso.

 -Como diria Shakespeare, eis a questão: Pois, seria Richard ou na verdade um mero
bolinho, hã?

E ela ainda mais mesmo com um riso bobo continuava:
- Ah, por milhões de morangos, frutinhas, frutinhas, morangos tomara que isso ele não
venha de jeito nenhum a notar. 

-E por favor, não mesmo porque senão, eu estarei morta como já diz a expressão se ele
então descobrir inevitavelmente em quê os meus pensamentos então estão á essa hora!

E enquanto isso, Richard a olhava nervosa igual a um camundongo pequenino. Ela
estava arvoada, pensativa... Pensando até, demais. Por isso, ele indagou:

-O que foi, minha viuvinha? 

-Sabia que, eu daria tudo só para saber no que a sua
imaginação está agora?

Mas, o gato muito mais sagaz logo tudo entendeu e por isso fez um comentário que a
deixou cada vez mais sem palavras:

- Ora, quem diria que quero dizer então que, a minha viuvinha ficaria em duvida se
escolheria dar uma mordida em mim ou em um bolinho?

E sendo assim. Ele cada vez mais então prosseguia:
- Pois, bem... Eu duvido que só com um bolinho você então se contentaria sabia disso!
-Mas, por outro lado puxa agora você me deixou surpreso também. -E sabe, que isso para mim foi como um elogio tão fofo, ainda mais vindo de você!
- Então eu vou ser mais amável com você e vou considerar esse seu relance em mais
uma surpresa está bem, assim?

E ela apenas, tentou fazer um gesto como que se o que ela estava esperando fosse a ele
evidente. Demonstrando que estava de certo, impaciente tentando tirar a venda que
cobria os seus olhos desesperadamente.
Porém, ela ao mesmo tempo, em que o ouvia falar e falar na verdade, sentiu um arrepio
de desconfiança quando pensou em que ele talvez, tanto para ela parecia estar cada vez
mais tramando.

Entretanto, não ela infelizmente não tinha como saber disso por mais que ela quisesse
vir a encontrar uma forma de fazê-lo sem demora!

Sendo assim, ele então lhe sussurrou enquanto lhe deixou provar um pouco do
chocolate que estava na colher:
-Está bem, mas só mais um pouquinho! -Mas, eu não sei por que você está com essa cara amarrada hoje...

 Ela preferiu, porém, não lhe responder. Pois, na verdade havia só duas coisas que para
ela naquele momento realmente importavam: Experimentar mais colheradas do doce ou
então beber mais água, pois, ela continuava com sede.

 E até mesmo, aquela sensação natural de sede que ela sentia se parecia de fato real
demais para o que deveria ser apenas, um sonho. Ou quem sabe, a outra metade do
mesmo que já tivera!

E então ele novamente com um sorrir astuto, sussurrou perto da sua orelha:
-Quer mais?

Ela tentava não admitir, mas, estava suando frio por dentro. Pois, ela parecia naquela
situação terrível e iminente ser o anjinho que havia caído do seu balanço no jardim e
vindo parar de repente, no lado negro e perverso da história.
Finalmente ela respondeu com um aceno de cabeça: “-Sim”. E ao mesmo tempo, Chantily estava tensa e ansiosa por querer se soltar dali e fugir.

Ele então lhe ofereceu mais um pouco do chocolate enquanto ela tentava esconder o fato
de que as suas bochechas novamente estavam corando talvez, de vergonha.
E ele ainda assim lhe dizia com um sorriso como se conseguisse adivinhar as palavras
que ela costumava dizer quando, estava mais do que eufórica em pensamento:

-Ora, não é você quem diz: Morangos, frutinhas, frutinhas, morangos. Hmm, isso me
parece estar tão... Gostoso!

E ela em choque apenas, consentiu algo como que se uma agulha tivesse lhe espetado o
seu “Eu interior” finalmente, como ele tanto então queria.

Ela ficou impressionada com o que ouvira e com a rapidez dele:

-Puxa vida, oh não! -Por essa eu não estava realmente esperando, sabe?

-Oh, droga era só o que me faltava. Pois, será que ele também passou a prestar atenção
até que demais em cada coisa que eu digo. -Mesmo que, seja na maioria das vezes apenas em pensamento?
E ele apenas, riu observando-a ficar mais vermelha. Mas, ela estava assim porque ele
parecia de vez em quando, quando, ela não esperava ser uma companhia de certo modo
irritante. E também porque não conseguia entender por qual motivo o seu braço estava
preso à cabeceira que ironia, da sua própria cama.

Então ele deixou que um pouco chocolate manchasse a orelha dela e no cantinho,
também o seu lábio:
-Opps, -disse ele- Não se preocupe que eu limpo!

E ainda mais ele esperava ir a diante:
- E falando em ouvir os seus mais íntimos pensamentos você por acaso, se lembra
daquele seu digamos... Adorável elogio que eu resolvi então considerar?

Mas, ela só conseguia pensar em seus maiores temores e na ênfase aquela altura, pudera
da palavra surpresa. E Não isso para ela talvez, acabaria sendo algo terrivelmente
embaraçoso pensando bem no fim das contas.

E então ele passou a língua bem devagar desde a pontinha de sua orelha até, chegar
cuidadosamente ao lábio dela. Para ela aquilo dava uma sensação quente e instável.
Uma sensação boa, meio que morna... Ela não sabia como defini-la exatamente. Por ora
o seu corpo parecia estar afundando mais e mais naquela sensação doce e feliz, como
um navio em meio ao completo vazio do oceano!

Ela não esperava por aquilo ele foi percorrendo todo o seu corpo, mordiscando primeiro
com os dentes, depois com beijos. E a segurava firme como que se ela tivesse que se
apoiar nele já que, não conseguia soltar um dos braços que àquela altura estava
dormente.
E enquanto, ele a beijava desde o seu pescoço até a mais fina linha do que ela lhe
parecia ter ainda de corpo ele sussurrava docemente:

-Ah, eu estava ficando cansado de tanto esperar por esse dia minha viuvinha! 

-Mas, agora você deve concordar querendo ou não que há uma grande diferença entre
estar abraçada a mim e a um travesseiro, não acha?

Assim ele a fazia não pensar em mais nada:
- Ora, que foi, hã? -Qual é o motivo desse espanto? 

-Agora me parece que já não deu mais de falar... E ele ainda mais lhe sussurrava enquanto, ela sentia o seu hálito quente bem perto do
seu rosto:

- O quê foi hã, meu bem o gato comeu a sua língua? 

-Olha mas, se por um acaso fui eu então eu não sabia que ela tinha um gosto tão bom
não é verdade?

E deixando-a em uma saia justa ele novamente tagarelava: -Se você não me responde é porque então isso é fato! 

-Admita, pois eu aposto que se amanhã eu resolver dizer que não a quero mais, que pelo
resto da sua vida em seus sonhos mais ocultos, eu estarei a lhe chamar... Admita, que lá
em seus sonhos eu continuarei, por anos a saber o seu nome décor. - E você não irá resistir, porque vai esperar ter-me todas as vezes que me desejar!

- Mas, em poucos dias cairá em desilusão, pois, eu não serei mais seu como você então
me queria.
E a ela apenas, lhe cabia de novo a sua mudez. Se ela não mais o tivesse por outro lado, quem viria a lhe conhecer novamente tão bem assim?
E quem a faria sorrir para o mundo mesmo quando ela não estivesse esperando por
querer fazê-lo?

Até que, baixinho, resolveu lhe dizer:
-Deixe disso, sim, por favor! Pois eu apenas quero soltar o meu braço que está doendo... E ele então pensou mais um pouco até que, de novo lhe deu mais uma colher de doce. E
enquanto, ela parecia ocupada demais para conseguir falar ele novamente disputou com
ela um pouco mais do chocolate que ela parecia estar timidamente saboreando.

Demorou-se assim, até resolver ir mais a diante com ela.
-Deixe, de ser bobinha, hã?
Pois, tenho a certeza de que não vai conseguir mentir que não está gostando, não é
mesmo?

E passou a beijá-la ainda mais, segurando-a pelo lado de seu corpo em que ela tinha
pouca coordenação. E novamente em seus braços ela se sentia completamente nervosa.
Porém, ela se sentia também menos menina naquela segunda tentativa de sonho. Pois,
na primeira metade que ela sonhara com a lua e as estrelas talvez, fosse apenas - observado por ela desse outro ângulo, de uma possível noção de perspectiva a uma
altura dessas- ora admitamos, um clichê, tão mais infantil!

 Afinal, que mal poderia haver em mudar só um pouquinho as coisas de vez em quando?
Então ela se sentindo um pouco mais aliviada pensou consigo mesma:
-Ufa, é... Assim eu concordo que está bem melhor!

- E tomara que, essa segunda tentativa contra insônia não termine por Deus tão já.

E com isso aquela noite interminável prosseguiu e ele continuou com o que planejava:
-Bom, acho que vou dar a você uma coisa melhor do que morangos, que tal?

E ela apenas, o olhava intrigada com o que ele talvez estivesse pensando em tramar.

Então ele colocou um pouco de chocolate sobre o seu corpo e lhe propôs:
-Bem... Eu acho que, este seria mais um desejo seu que está se realizando do que meu
não é?

Ele a olhava com um meio sorrir como se quisesse apenas, provoca-la. Mas, ela estava
em choque e estava também relutante sem jeito diante de tamanha travessura. Ainda
mais sendo ela essa incorrigível e única princesinha das ideias sem qualquer rumo
Chantily!

 E isso, nem Deus e nem, seu imprevisível bichinho de estimação poderiam vir
a consertar nunca. Por mais que, achasse isso uma escolha mais conveniente antes que
ela pudesse se arruinar por alguma outra razão.

 Afinal, ela se parecia um pequeno girassol em meio ao mundo com uma personalidade
que agia mais por impulso e tinha essa mania de não pensar antes de querer fazer o que
esperava mais do que tudo!
O que era algo que não se pode fazer jamais em qualquer que seja a situação pois, isso
só trás a maior parte do tempo muitos outros problemas!

Porém, ela ainda atinou:
-Puxa vida, eu acho que da próxima vez eu devo tomar mais cuidado com aquilo que
imagino!

-Mesmo que, seja só para mim mesma na maioria das vezes.
E como ele sabia que ela menininha tão pensativa, acabaria hesitando sobre certas
coisas mais de um milhão de vezes, se necessário fosse. Ele então insistiu:

- Calma bobinha, hã?
 -Não se preocupe. Afinal, esse é o seu sonho então diferentemente da realidade, você
pode fazer comigo o que bem quiser!

E ele ainda mais teimava enquanto, ela tentava bravamente resistir pensando em seu
braço preso à cama agora muito dormente:

-Quero dizer, é só você me dar os beijinhos de boa noite não tão perto das minhas
orelhas, porque eu tenho cócegas... Mais do que você quando eu estou perto demais do
seu pescoço, sabia disso?

E ela ainda riu imaginando o quanto ele seria ainda mais bobo em insistir em tal coisa.
Mas, ela que era Chantily, mesmo sabendo que o seu braço ainda estava preso e muito
dormente, colocou de lado o cabelo, se inclinou um pouco mais e tomada por um
instante de impulso, não mais resistiu. E mesmo que, com as bochechas corando e
ignorando o seu “Eu interior”, que insistia para que ela não ousasse fazer nunca o que
agora ela pretendia, apoiou-se nele, mais um pouco, sentindo todo aquele calor de um
outro corpo macio e devagar foi encostando a sua língua percorrendo cada centímetro
rosado dele como ela nunca tinha imaginado que, poderia vir a fazê-lo. Nunca!

E a menina  perdia -se em pensamentos:
-Hmm, isso é... Bom!

- É... É sim, é muito bom!

Ela começou a sentir a respiração dele mais profunda. E enquanto isso, ela tentava
pensar que aquilo que ela estava fazendo era algo bom, algo talvez muito... Inocente, quem sabe. Embora, a sua atitude na verdade não fosse nem um pouco!

-Hmm, Richard e chocolate eu nunca achei que fosse algo tão... Diferente! -Puxa, ele parece sentir alguns arrepios assim como eu quando ele começa a mordiscar
minha orelha quando na verdade, ele consegue aquecer demais o meu rosto talvez sem
querer...

 -Mas, é bom...
E ela ainda sim, mordiscou de leve mesmo sabendo que estava corando de vergonha e
que isso ela não mais teria como vir a disfarçar, por mais que quisesse:
- Hmm, eu não sei ainda como me sinto, mas... Eu adoro perceber o quanto ele é tão...
Incrível!

-Oh sim, eu consigo perceber o quanto ele está ofegante bem perto dos meus ouvidos. E
agora, me parece que eu estou começando a ser trazida sem mais como ter volta para a
escuridão do mundo!

- Eu tenho que lutar... Eu tenho que resistir, pois, está em risco a coisa mais preciosa
que tenho a minha alma! -Mas, por mais que eu continue me esforçando eu estou sendo atraída por ele.

- E eu achoque, desse jeito não vou mais conseguir me manter firme.

Ela ainda que nervosa olhou-o quando resolveu não mais dar importância à ideia que ele
então teve. Ele, porém, ainda lhe deixou um sorrir de lado e lhe sussurrou enquanto, ela
se sentia presa nas próprias emoções que pareciam estar aflorando:

 -Vamos, minha pequena Branca de Neve deixe de teimosia e apague logo a luz do
abajur para que eu possa cumprir o que tanto lhe prometi!

-Afinal, logo se fará a sua hora meu bem!

Estranhando, ela lhe disse:
- Mas, por que me diz isso se eu não vejo nenhuma luz acessa por aqui?
-Ainda mais a essa hora da madrugada puxa, vida!

Sem perder mais tempo, ele a beijou suavemente e disse-lhe:
-Ah, minha viuvinha agora você será o meu pequeno pedaço de bolo! -Mas, desta vez enquanto você estiver de olhos fechados eu vou começar primeiro, com
os dentes está bem assim?

E ele ainda brincou achando graça de toda a situação que para ela parecia
completamente inesperada se comparado com tudo o que ela já, tinha vivido talvez na
sua rotina:

-Acho bom, desta vez você vir a se decidir logo minha viuvinha!

-Afinal, o tempo não espera por ninguém. E a luz do dia infelizmente, é para poucos de
nós que conseguem suportá-la.
-Aliás, eu particularmente detesto a luz do dia vou lhe confessar. -Afinal, o sol estará lá sorridente e brilhoso trazendo à tona aqueles corações bondosos e
seus sorrisos patéticos, cheios de suas tolices de plebeus como já é de costume...

E tentando esconder o seu desapontamento:
-Mas, não se preocupe. Pois, o que tenho em mente é trazer você quando for chegada a
hora, para cá. Para finalmente, o meu mundo!

-Não mais estou esperando que você coisinha tão rosada e ingênua, se torne pelo resto
de seus dias tão mais tolinha quanto, a qualquer um deles, sabia disso, hã? É claro que -
já que eu a escolhi - eu primeiro tenho que tentar achar uma maneira depois de muito ter
andado pelo mundo de fazer você minha florzinha mandona e curiosa com o que não
deve, principalmente digamos... Decair cada vez mais!

-O que mais eu tenho para lhe dizer se esses são ora essa, “Os ossos do oficio” não é
verdade?
E ele ainda enquanto a mordiscava com gosto a mantinha presa sem escolha à cabeceira
da sua própria cama:

-Não se preocupe, querida, pois, eu lhe asseguro que você só vai ficar um pouquinho
sem fôlego e roxa. - Mas, isso não será problema não é para você. -Ou será que, é hã?- Ele ainda se atreveu a lhe perguntar ainda mais do que seria conveniente, quem sabe.
E essa então ao longo da noite que se seguia foi uma pergunta que ela preferiu não
responder, pois, ficou muito apavorada com tudo o que acabara de ouvir dele.

 Seu bichinho! Ela até, então poderia jurar para si mesma que só iria agir como deveria pelas
leis da mãe natureza como ele bem que deveria estar agindo... Sendo ora essa, um
gatinho felpudo e muito falante ela tinha que concordar um tanto quanto surpresa.

Ela o advertiu.
-Não, não!

-Você não deveria estar em cima da minha cama ora, essa! -Bichinho teimoso o seu lugar é no chão! -Onde é que já se viu uma coisa dessas, hein?

Mas, mesmo assim ela tornou a lhe repetir: - Não, não bichinho mal, bichinho feio o seu lugar não é aqui eu já lhe disse!
Porém, ela cada vez mais tentava lhe dizer sobre o quanto se sentia irritada naquele
instante: - E nem muito menos, perto do tapete então sai dai puxa vida!

- Você parece que não tem jeito mesmo, pois, não me escuta quando é preciso.
 Entretanto, ele parecia ser inteligente mais do que o bastante para desobedecê-la
quando bem quisesse:

-Ah, esse truque é muito velho!
-Quero dizer, uma menininha querendo mandar em mim?

-Até parece!

Ele a desafiou, o que a fez engolir em seco o que ela pensava que conseguia saber sobre
ele:
-E se eu não quiser sair daqui. Você acha que, vai conseguir fazer o que, hein?
-
Imagine, era só o que me faltava você não tem nem tamanho, sabia!
-Ah, vê se você se enxerga alguma vez na vida, ô criaturazinha.. 

-Pois, a única coisa que você realmente fez por mim até agora foi me fazer dormir e comer no chão. 

-Além, de me colocar uma coleira que está só apertando o meu pescoço e isso está só
me irritando cada vez mais sabia?

Apenas para assustá-la continuou seu discurso, pois, por seus motivos disso achava
graça. Pegou um canivete que tinha trazido consigo em um dos bolsos e o deslizou bem
devagar pelo pescoço da garotinha, enquanto ela ainda permanecia imóvel sem chance
de escolha e o observando fixamente.

- Está sentindo a lâmina perto demais da sua pele rosada, minha tolinha Chantily? 

-Pois, bem... Eu acho que, você deveria começar a se preocupar e muito meu bem sabe!

-Até porque, a minha paciência em relação a você já está chegando ao limite... Quando
eu bem entender, eu posso vir a mudar digamos o mais docemente possível de ideia e
não esperar mais tanto tempo assim para quem sabe... Matá-la, o que acha?
E assim, ele continuava a lhe dizer palavras que para ela não seriam nada agradáveis: -Mas, não se preocupe que eu vou tentar fazer isso com você da forma mais delicada
que eu conheço!

- Eu até já pensei! Vou lhe confessar aqui entre nós, em colocar o seu pescoço em volta
de uma corda quando finalmente então eu me cansasse de brincar disso do que você
talvez, chama não é mesmo de Amor!
- Porém, para você eu quis continuar pensando em algo talvez, mais à altura digamos. 
E menos clichê como eu já não sei por que, fiz com tantos outros então... Esse quem
sabe, será o seu fim! -

E eu penso em algo mais especial para você... Será, um fim doce e lento!

-Ah, primeiro eu vou sentir como seria o gosto de seus beijos em sangue aos poucos
quando você em meus braços começar a tremer, talvez –pudera- de medo! E depois eu a
envolverei em um abraço quente e terno... E quando a ponta deste fino canivete estiver
em você, você irá me dar então de um jeito ou de outro é claro, aquilo que eu procuro
finalmente.

E ele então lhe sussurrou antes que o pesadelo finalmente terminasse e ela ainda
estivesse dormindo. Mas, as suas ideias, pelo contrário, se tornassem
surpreendentemente assim, de uma hora para outra, vazias: “Eu vou voltar minha
Chantily e se não fosse pelo fato de que você infelizmente, não vai conseguir se lembrar
muito do que aconteceu o meu propósito é esse. Depois de andar tanto tempo assim pelo
mundo... - Eu irei matá-la doce e lentamente quando você se render em meus braços
sem mais hesitar, por coisa alguma ainda que seja... E ele ainda teimava enquanto a beijava de uma ponta a outra por mais que ela estivesse
ficando de tão apavorada, sem ar:

-Sim, eu irei matá-la ouça-me bem quando você menos esperar... De Amor minha
bonequinha assustada.

-E você não vai mais resistir meu bem, não vai!
E ele ainda riu a mordendo com gosto, um local em seu pescoço onde ela mais sentia
seus arrepios:

- Se é que, não é mesmo você já está presa á mim!

 -Pois, admita olhando de uma vez por todas em meus olhos de que para mim você pode
até continuar tentando.

 - Porém, não sabe mentir sua bobinha de coração mole... Coração de gelatina!

- O bichano, ainda cheio de si, lhe deixou um risinho: -Ah, minha viuvinha gulosa eu não disse que um dia eu a traria de um jeito ou de outro
para mim? 

-Pois, eu acho que agora o seu destino já está selado convenhamos!

E assim, aquela voz estranha e quente ficou queimando mais e mais na aura de Chantily.
Afinal, aquelas palavras por mais que ela quisesse acordar se tornavam persistentes:

- Querida, quando eu bem entender eu irei matá-la dolorosa e lentamente de... Amor!

-E enquanto isso, eu sentirei com gosto os seus beijos aflitos em sangue!

-Ouça-me bem para que você não venha a se esquecer nunca mais, de mim talvez por
toda a eternidade!

- O seu destino não tem volta, pois, ele já está selado, meu bem. E a
sua alma, assim como o seu corpo, ora já são meus.

Mas, ao mesmo tempo em que ela pensava em ignorá-las tudo o que lhe parecia ser
muito assustador ainda assombrava os seus pensamentos

- Admita logo de uma vez por todas, pois, é isso o que você tanto deseja enquanto está a
olhar em meus olhos nesse seu inútil silêncio de criança! Porque para mim, pelo que
sinto você já não é mais uma entre tantas outras. 

-E sim, uma mocinha e sabe que pode escolher o que é no seu mais íntimo a sua
vontade.

E ele ainda teimava:
-Diga, a mim em segredo! -Somente a mim, sem medos e sem mais receios... Pois, eu fielmente cumprirei com a minha palavra em relação a você minha Branca de Neve por quem eu sinto muito apreço.

Aquelas palavras permaneciam torturando-a mesmo que, ela ainda não soubesse o
porquê. - Diga, minha flor, e não preocupe mais seu coraçãozinho frágil de gelatina!

- Pois, enquanto se fizer demorada a noite e você estiver em meus braços... Já, que sou
um alguém de palavra acredite em mim: eu realizarei todos os seus sonhos de portas
fechadas! 

-E você então vai sorrir e se derreter em meu abraço petulante e não mais vai querer
fugir do que já lhe pertence, não mais! Assim, eu espero!

E após, uma breve pausa prosseguiu:
- Ora, afinal é uma troca mais do que justa, eu creio: eu sou seu e você é minha para
todo sempre!

- Seja, noite ou seja, dia... Então o que há de ser meu bem, por mais que você queira
tentar evitar... Enfim, será!

E então antes, de ele deixá-la finalmente acordar teve uma ideia que lhe ouriçou as
orelhas. Sinal, de que boa coisa não seria a ela nem de longe com toda a certeza.
Ele a deixou, ainda com um dos braços amarrados e dormentes pegou o canivete e
deslizou a ponta o mais delicado, possível, sobre o rostinho macio até então intocado de
Chantily que quando se deu conta sentia um leve cheiro de sangue!
Um fio vermelho vivo começou a brotar em um leve quase, imperceptível sinal em sua
bochecha.

O gato a olhava tremendo ficando cada vez mais pálida e pálida quase que, como a uma
borboleta prestes a ser aprisionada em um vidro para depois ser vista talvez, em uma
estante qualquer estando em suas mãos àquela altura. 
Ele a beijava mais e mais e ela, a pobre Chantily ia ficando cada vez mais zonza ao ver
o que ele estava fazendo. Ela beijava seu rosto esparramando pequenos vestígios de
sangue como se aquilo fosse a coisa mais natural.
E ele então, sussurrava com seu tom frio: - É... Um cheiro bom, não é?

E ele ainda teimava enquanto, lhe sorria:

-Ah, e adivinha de quem vem?

-De você! Ora, de quem mais seria não, sua bobinha!

E tentando limpar a ponta do canivete disse:
-Ah, puxa... Eu não posso ficar todo tempo que eu gostaria aqui com você... Mas, não se
preocupe que quando for a hora, meu bem, eu vou estar esperando por você, sem
dúvida!

-Acredite em mim, minha viuvinha os seus maiores tormentos estão apenas... Eu diria,
só começando!

E ele ainda lhe deu mais um indício do seu terrível humor negro antes, de deixá-la lá
perdida em um quarto que ela pensando bem, já nem sabia dizer se era o dela. Por que
sentia-se muito zonza:

-Hmm, nada como o gosto bom e rosado da minha viuvinha!

Pois, é isso o que faz todo o trabalho realmente vir a valer a pena ainda mais depois de
todo o tempo, em que eu estive esperando por isso...

E ele ainda mais lhe dizia, sem nem sequer parecer pensar antes de falar:
-Mas, não se preocupe minha Chantily. Pois, quando eu puder terminar o que planejo
com você sossegue. 

-Afinal, você para mim ainda me será um lindo entulho mesmo que você já esteja debaixo do tapete do mundo, não é verdade?
E ele ainda tentou considerar um pouco a aquela altura já, a contragosto:

-Bom, é que... Eu sei que, Deus já não tem gostado tanto de mim ultimamente, sabe... Mas, isso não quer dizer que eu não possa vir a amar você por enquanto do meu jeito,
não é?

-Bem... Você faz conta? Pode me dizer, não se preocupe, hã? 

-Aliás, eu só espero que nós possamos ser de alguma forma mais verdadeiros com o outro minha viuvinha!

E novamente, o gato acabou fazendo perguntas à garotinha que ela preferiu não
responder e nem demonstrar qualquer objeção àquela altura. Já, que isso nem sequer
adiantaria mais.

E ele estava lá até aquele momento bem na sua frente!
Em cima de seu corpinho minúsculo a encarando até que ele lambeu a ponta daquele
estridente canivete com o sangue dela, até então. E isso foi uma cena que nunca mais, sairia da mente de Chantily. Pois, ela havia ficado absolutamente perplexa com aquilo.
Afinal, quem em sã consciência ao ver aquela cena impensável não ficaria não é
verdade? 

Até porque, ele parecia estar sorrindo para ela como se estivesse ora,
debochando dela. 

-Ah, mas aquela carinha doce e irresistível... Quem, não se derreteria mesmo se ainda
muito estivesse relutando com todas as suas forças para não fazê-lo, em hipótese
alguma?

- Ela pobre menina, para si mesma então exclamava.
E ele ainda parecia estar brincando com a sua imaginação talvez:

- Ah, Chantily querida cuidado. Pois, você já se atreveu a me dar uma mordida igual a
um bolinho!

E mesmo assim, ela ainda sentia o medo estando ao seu lado:
- Cuidado, minha Chantily porque se você acha que só agora as minhas orelhas são
compridas e eu sou felpudo digamos... É porque então você ainda não viu nada, acredite
no que eu estou lhe dizendo.
Porém, ela ao relembrar tudo aquilo não estava sentindo tão confortável assim. Mas, ela
é... Sentia que estava ficando cada vez mais, com um certo enjoo.
E antes, de realmente acordar novamente ela estava sentindo aqueles pavorosos arrepios
em toda a sua pele.

 E agora como ele bem havia lhe dito ele tinha usado com gosto, os dentes!

E assim,novamente por fim, aquelas palavras a chamavam: “Eu preciso de você! Você já é
minha, e agora eu vou continuar a prová-la todas as noites meu bem! Seu gosto em

meus lábios de sangue quando eu bem quiser e você não vai poder fazer mais nada, minha eterna Chantily!

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