domingo, 23 de outubro de 2016

Outros Capítulos assim, como também ainda o Capítulo Final da História do meu segundo livro Bordel Um Conto de Fadas para Adultos.

Autora: Maiara Cecília,certo.

                 
                          XV

E por mais que Chantily continuasse a se virar de um lado para o outro, o sono não
vinha. Até mesmo as preces que antes pareciam surtir algum efeito para que ela
conseguisse ter uma boa noite de sono, e que também a ajudavam a solucionar pequenos
incômodos, infelizmente já pareciam de nada adiantar! 
Talvez ela já estivesse bem mais estressada.

 E sendo assim, novamente a pobrezinha se pôs, não vendo outra alternativa, a
perambular um pouco pela casa, primeiro até o banheiro.
 Depois resolveu ir até a cozinha, mas desta vez, depois de tanta procura, ela encontrou o último Marshmellow!
O único, para a sua sorte e felicidade, que ainda restava no pote da bancada da cozinha,
mas rendia-se aos receios, devido ao sentimento de culpa que naquele momento sentia. Mesmo sem saber por que, ou o quê de fato a assombrava:

-Oh...Bem, esse é o ultimo marshmellow! Oh, droga, se eu vir a comê-lo... Mais cedo
ou mais tarde talvez, signifique o último também de minha vida eu acho.

E olhando para as paredes ao seu redor ela estava pensando, e mesmo que não quisesse
fazê-lo, ela não conseguia evitar:

-Oh, droga e enquanto o banqueiro talvez ainda esteja lá fora com uma corda envolta ao
pescoço eu estou bem aqui a essa hora ainda acordada... Isso talvez não seja lá uma
atitude muito inteligente de minha parte, eu estou começando a perceber... Talvez este
doce ainda seja um entre muitos outros na verdade que terei a chance de provar. Então, ainda pelo que sei não há nada de ruim me acontecendo hoje!

E cada vez mais ela atinava, consigo mesma:

-Este deve ser só um caso corriqueiro de insônia, só isso! 

-Espero que logo eu esteja mais tranquila para ir passear lá fora!

E ela então esboçou um sorriso e tentou se manter otimista, mesmo sabendo que houve
um desaparecimento pelas redondezas. 

-E até porque, ora... Eu devo estar me preocupando à toa ultimamente, e com cada
coisa! -Ah, não há nada demais nisso, ora essa! 

-Olhe, é apenas um Marshmellow!
Então Chantilly o saboreou lentamente como se aquele fosse o mais importante pedaço
de açúcar que ainda restava no mundo inteirinho!

 E isso fez com que ela se sentisse bem menos estranha do que antes, pudera. O que realmente importava para ela é que agora,
quem sabe, ela conseguisse dormir se sentido mais satisfeita. 

E nisso, querendo ou não concordar, Richard estava certo: ela não mudaria assim, de uma noite para a outra.

Então, quando finalmente o sono começou a bater em sua porta, ela começou a perceber
que também os seus pensamentos de início lhe vieram como que uma folha de papel
completamente em branco à sua mente:

-Mas, que coisa mais estranha, ué! 

-Geralmente meus sonhos não demoram tanto assim, puxa vida!

Porém, não demorou muito e ela começou a sonhar como se estivesse diante de um
imenso amontoado de pequenos fragmentos, os quais para ela não pareciam fazer
sentido algum, por mais que tentasse descobrir o que eles significavam. E lá estava ela,
primeiro imaginando que estava no banheiro e a água do seu chuveiro caindo morna e
sem parar.

 Mas, por mais que ela tentasse desligá-lo, não conseguia. Então pensou em tentar encontrar a chave para abrir a porta e prontamente sair dali. 

Mas o que ela não conseguia compreender foi como o chuveiro estaria ligado se estava quebrado e ao
mesmo tempo como ela teria, sem conseguir se lembrar, fechado a porta se era para ela
estar dormindo?

“-Bom, talvez isso tenha sido por causa de algum outro livro bobo que eu andei lendo!” E olhando para o banheiro percebeu que o piso bem debaixo de seus pés ainda estava
seco e a toalha que estava pendurada bem ao lado da pia, estranhamente parecia ter sido
muito bem passada: “-Acho que a maior parte das ideias desconexas nos nossos sonhos, talvez seja culpa de algo nosso que podemos estar guardando em nosso silêncio. 

-Ou quem sabe também, por alguma outra razão bem mais bizarra ainda do que essa, eu acho!” E ela ainda assim pensou, antes de resolver apenas descobrir onde aquilo tudo no fim
das contas iria dar:

-Ah, mas bem ou mal, já que eu posso pensar o que eu quiser... Bom, pelo menos aqui
acho que eu me sentirei bem melhor do que se estivesse no mundo lá fora, sabe... Eu
não sei por que, mas eu sinto que lá eu sou uma pessoa e aqui... Eu fico até
impressionada, porque eu tenho a oportunidade de ser uma pessoa completamente
diferente! ...Eu nem sei, o que pensar! 

-Devo me preocupar? 

-Acho que sim, pois isso não é nada bom, não é!

Até que, ela ouviu uma voz que já conhecia:

-Minha viuvinha, eu não falei que eu iria voltar, hã?

E ela então, resmungou em tom irônico:

- Ah, sério?

E ele já torceu o nariz:

-Malcriada você, não?

Chantilly lhe perguntou:

 -Olha não que eu goste de ser intrometida, mas, o que você está fazendo aqui eu posso
saber?

E ele então, só para não perder o costume, lhe disse:
-Ah, como eu detesto quando você começa a me fazer perguntas!

- Você já sabe disso, não?

Percebendo o quanto isso o irritava, ela decidiu talvez por educação, não mais vir a
fazê-lo. 
Calou-se. Enquanto, ela apenas o olhava ele a puxou pela cintura e a encostou
perto da parede do chuveiro, fazendo-a ficar realmente molhada. 
Então pediu que ela se segurasse nele, que obedeceu para não se sentir tão desastrada. Encolheu a barriga e tentou ali no canto, prender a respiração talvez por estar nervosa e se sentindo acuada ali.

 Tentou não se apavorar, mas, estava surpresa e sentiu-se outra vez corando! “Hmm,... Ah, eu talvez esteja assim porque ele está bem na minha frente! 

Oh, puxa e eu deveria estar... sei lá, pedindo ajuda, mas... é incrível como toda vez ele consegue fazer com que eu me cale!

 E... ele está incrível assim, todo molhado e coberto por espuma!
Talvez me morda com esses olhos até que a minha alma acabe ficando completamente
roxa!” E assim a menina mantinha centrada nos próprios pensamentos: 

“-Cair de queda livre em um abismo, como se isso tudo já não fosse irresistivelmente
cruel o bastante para mim! 

-Talvez, seja isso então o que ele esteja esperando fazer:
-Me devorar primeiro, com os seus olhos dissimulados e frios... Depois esperar que eu tente
reagir... Mas... de uma forma oposta, como? 

-Enquanto eu estou sentindo esse cheiro fresco de loção para banho? 

-Oh, puxa... Esse meu olfato apurado... ainda mais com esse cheiro delicioso... vai ser bem mais difícil resistir!” 

Seu coração àquela altura estava quase escalando o topo da garganta: 

“-Calma, é só eu manter a calma!

- Quem sabe assim pelo menos eu consiga novamente pensar, tomara, naquela folha em branco do começo, não é?”

 Porém, diante do silêncio da menina ele sussurrou:
-Deixe de ser tolinha, minha viuvinha! 

-Você acha que assim vai conseguir me enganar?

-Saiba que amanhã será o dia!
- Mas... Dia de que ele pode estar falando, hein? 

-Afinal, eu juro que eu não me lembro tão rapidamente o quanto eu gostaria das coisas que me são tão mais importantes, sabe...
A menina ainda se questionava enquanto o ouvia.

Enquanto mordiscava a sua orelha e a empurrava contra a parede, ela se sentia sem ar e
tremia...
-Acha que vai conseguir me enganar, minha viuvinha, hã?

- Acha que, eu irei embora antes de você me dar o que me deve, hein?

-Não. Eu não irei embora antes de você me dar como parte do acordo o que me
pertence!

E cada vez mais impaciente ele pressionava a menina, torturando-a psicologicamente e
puxando o seu cabelo com mais força:

-Ah, minha viuvinha você não sabe a sorte que tem!

-E é por isso que eu acho que acabei gostando tanto de você, meu bem.

E ele ainda brincou, em tom perverso:
- Afinal, flores são flores não é verdade?

- E a maior parte delas... Tem também os seus lacinhos, não acha?

E sorrindo, enquanto que ela não tinha entendido o que acabara de ouvir continuou:

 -Eu ainda nem sei ao certo se já consegui encontrar de fato o seu, sabe... Mas, isso agora
eu acho que já não importa mais. 

-Até porque, você já abusou e muito da minha boa vontade. Então... Nada mais justo,
não é?
E sendo assim, cada vez mais ele ficava impaciente e lhe importunava enquanto que ela
ficava sem ar:

- Amanhã minha viuvinha, se fará a sua hora!

-Então, como eu não mais tenho tanto tempo para desperdiçar, dê-me logo a sua alma!
E ele insistia enquanto a beijava e ela tentava desesperadamente respirar:

- Dê-me logo, minha pequena Branca de Neve a sua alma luminosa e bondosa, pois é
dela que eu agora mais preciso.
E ela mesmo assim, ainda tentava teimar:

- Mas, eu nem sei... Do que você está falando, ora essa!

- Me deixe em paz e vá embora de uma vez por todas!

Fazendo-se não entender, insistiu:

-Richard, vá embora!

-Vá embora, pois na verdade você é um monstro.

E ela ainda mais tentava se sentir corajosa, mas o que ela não conseguia esconder é que
estava ficando cada vez mais com medo dele:

 - O que você está me pedindo é uma coisa completamente inimaginável, impossível de
se fazer!

E em seus pensamentos, deduzia...
“Se eu lhe der a minha alma, talvez não venha a restar mais nada de mim, ora!” 

enfrentando-o:
-Essa é a coisa mais importante que um alguém tem nesse mundo e eu não posso
simplesmente entregá-la assim a você. 

- Nunca! Isso não está certo... Então, eu te peço de uma vez por todas... Por favor... Vá
embora, sim?

Porém, ele estava longe de desistir, logo agora. Precisava apenas distrai-la... - Ah, você ainda está achando que eu vou acreditar nessa sua conversa fiada, não é? 

-E eu como fico nisso tudo, hein? 

-Afinal, caso você ainda não saiba, minha viuvinha exigente, eu já comprei até os seus presentes de aniversário e os deixei por sinal  bem debaixo da sua cama!

E continuou contando...
- Eu comprei flores, eu preparei chá... O seu chá favorito, aliás! 

-Então iríamos dar um passeio pela floresta, soltar lanternas sob as estrelas... Seria algo romântico, patético e meloso para mim, mas com certeza o que me importava é que você estivesse feliz... Ele parecia muito irritado:
-Mas como sempre... O que é que você faz?

-Você simplesmente resolve estragar tudo desse jeito! 

-Toda a surpresa que eu tinha preparado.

- E só lhe pedi até agora uma única coisa! -Você tinha que me fazer tantas perguntas?

-Com essa sua língua xarope e incrivelmente comprida?
Apesar de tudo ele resolveu continuar com o que tinha em mente. Segurando-a pela
cintura, encostou-a contra a pia. Enquanto ela tentava se segurar, ainda olhando para ele
e tremendo, ele colocou uma das mãos dela na fivela da calça e riu sarcasticamente: 

-Então... Você esperava por me perguntar finalmente se eu matei aquele homem?

E ela naquele mesmo instante engoliu em seco, como se fosse um peso enorme em sua
consciência e começava a corar de vergonha, talvez também por algo que ainda desconhecia, enquanto o ouvia:

- É... Eu vou apenas lhe dar a chance de vir a pensar o que você acha que lhe convém
em relação á isso, está bem, assim?

E ele ainda lhe dizia, achando graça:

- E pensando bem, esta cidade já ia de mal a pior, então ele morreu... Se ainda me
lembro, tentando escapar, relutante, erguendo as mãos no alto de seu queixo... Mas era
tolo que só, não é coisa de plebeu!

E ele continuava, enquanto agora muitos fatos para ela pareciam estar se encaixando,
até que enfim. E isso, era uma coisa horrível:

- Ah, é... Depois, eu só me lembro que algumas pessoas reclamaram, essas muito
enxeridas como de costume, de que havia algo estranho... Justo no meu jardim!
- E olha que eu quase nem vou até lá... Quero dizer, às vezes lá só tem algumas flores, um pouco de grama e... Ah, sim é mesmo como é que eu pude ser tão esquecido assim?
Um saco de lixo!
E nisso ela sentiu, em alto e bom tom, a ironia na sua voz.

 E ele ainda sussurrava como se estivesse debochando de algo tão terrível:

-Mas, como eu bem sei que... Para a minha viuvinha mal agradecida, nada do que lhe
faço é o bastante.

Então vamos deixar de prolongar demais tudo isso, está bem? 

-Afinal, já passou da hora e eu estou ficando ainda mais impaciente!
E ele ainda, insistiu pela ultima vez tentando parecer mais afável:

-Querida, se não consegue acreditar em mim acorde e vá dar uma olhada depressa
debaixo de sua cama, já que acha que estou mentindo!

-Ah, e, aliás, quando você conseguir encontrá-los... Procure também uma lembrancinha
que eu deixei para você. Quero dizer, se não se importar é claro!

- Afinal, eu não sabia como expressar meu amor por você que é imenso em um simples
cartãozinho... Bobo, sabe! 

-Eu queria que fosse algo que significasse tanto para mim, como bem mais para você
também...

E ele antes, de ir ainda resolveu lhe perguntar:

-Ah, minha viuvinha eu gostaria tanto de saber, se eu pudesse qual seria o seu último
desejo de aniversário!
Quero dizer, antes que tudo isso infelizmente tenha que terminar...

E então ele se deu a pensar mais um pouco até que, aguçou as orelhas e decidiu.

-Ah, eu já sei o que fazer com você!

- Ah, e não se preocupe minha viuvinha, porque antes nós vamos descer e tomar chá!
Mas, ao mesmo tempo ela estranhou ao vê-lo se secando com a toalha e lhe dando
alguns minutos para que ela conseguisse finalmente poder respirar:

-Hã, a essa hora, tomar chá?

- Mas, afinal por que disso?
E ela apenas pensava: “-Oh, puxa! E ainda depois de tudo de apavorante que eu acabei de ouvir... ai, ele novamente parece que está me devorando com os olhos!

- E isso não é nada bom! Porque estou começando a ficar com frio por dentro... Toda
vez que ele fica me olhando assim eu sinto esse frio...”.
Muito assustada ela continuava mergulhada nos próprios pensamentos: 

“-Ai, como tudo piora quando ele me chama de viuvinha! 

-Eu já disse para ele que não me chamar assim, não mais me amolar... e o que é que adianta?” 

Richard tirou-a dos pensamentos quando resolveu dizer:

-Bem, eu acho que então houve uma pequena mudança nos planos!

 -Não, se preocupe querida.

- Eu vou esperar por você lá embaixo, está bem?
-
 Mas não demore senão, o chá vai acabar esfriando e ficando muito amargo, certo?

E então, ela pobrezinha começava a pensar em um outro jeito de fugir dali o mais depressa que conseguisse. 

Afinal, ela mais do que nunca começava a desconfiar, dessa história toda de chá e de flores com os seus lacinhos: “-Oh, droga será que eu vou ter mesmo que descer?”

 Ele a chamava. 

Ela, apavorada, parecia não querer ir até lá embaixo, de fato.

 -Minha viuvinha, você não vai vir tomar chá, hã?

Ele lhe perguntou da primeira vez, o mais gentilmente possível.

Mas, ela não lhe respondeu.

Então ele a chamou pela segunda vez:

-Minha florzinha, está tudo bem, hã?

E ele ainda, insistiu:
-Eu achei que você quisesse uns biscoitos agora... Novamente ela não respondeu.
Apresentando uma evidente mudança de humor, ele resolveu subir as escadas para ver o
que estava acontecendo.

 E quando ele abriu a porta, a viu tentando alcançar a janela para escapar sem demora dali! Percebendo que ela queria fugir, tentou disfarçar, dando-lhe uma xícara para convencê-la que era verdade o que ele lhe dissera:

- Ah, então... Você queria fugir de perto de mim, não queria?
E ela desconcertada, segurou a xícara já que ele estava falando a verdade.

Ele a aconselhou:
-Olha, não é por nada não, mas se você vai mesmo beber isso... Agora já está meio frio!

Porém, enquanto ela tentava também contornar a sua provável atitude indelicada, ele
simplesmente jogou os biscoitos com o prato e tudo no chão, bem diante de seus olhos e
ainda lhe disse em ar irônico:

-Está feliz agora?
Sem saber o que dizer e assustada, apenas olhava para ele com os olhos arregalados,
enquanto ele dizia:

- Ah, mas espera!

- Eu não poderia ir, afinal, sem antes lhe dar mais um presentinho para minha flor... Ela tentava manter distância, com medo. Porém ele se aproximou, pegou o cinto
rapidamente e o colocou com força envolta do pescoço dela, sem que ela pudesse reagir.
E quanto mais ela tentava se debater para conseguir respirar, mais ele apertava o cinto e
ela começou a ficar cada vez mais roxa: 

- E eu, quem diria, tive todo esse trabalho!
- Fiz tudo pela minha amada, não é, bonequinha fofinha e mimada, mas... Nem sempre
as coisas são exatamente como esperamos, não é verdade?

Ela tremia e tremia.
-No fim o que me acontece, hã?

- Tudo infelizmente vai ter que durar mais um pouco... E sendo assim, então ouça bem sua pestinha: eu acho bom que você não me peça mais nada a partir de agora!

- Você já me aborreceu o bastante. 

-Por minha própria decisão e pelo meu próprio arrependimento, estamos nisso de acordo, vou lhe dar o seu último beijo de boa noite!

E ele ainda mais irritado, não desviou o olhar dela:
-Mas eu espero que não mais continue achando que vou adorar rolar pelo tapete, ou
esperar que você me sufoque com uma coleira, ou que comece de novo com as suas
gracinhas... Porque de amanhã você não passa, ouviu bem?

E ele ainda exigiu:
- Então ande logo com isso, viu?
- Pois eu já estou me arrependendo mais e mais, a cada minuto, de saber que uma
coisinha insuportável como você ainda pode estar viva!
E assim ele a beijou. Ela na verdade mais tremia, sem coragem de fazê-lo. Ao mesmo
tempo em que parecia estar voltando a se sentir feliz, sabia que aquilo não era amor. Ela
conseguia apenas sentir que ele estava mais do que nunca com muita raiva dela e que,
querendo ou não, ela muito já não poderia fazer em relação à ideia de que ela queria que
ele por alguma razão ainda ficasse!

Mas ele reclamou:
-Chega tá, bom! 

-Puxa vida, você demorou muito para o meu gosto, viu, fique você
sabendo!
-
 Sua... Folgada, isso sim! Você está achando que aqui é que nem “A casa da mãe
Joana”? 

-Em que você vai entrando e ficando só com o que é do bom e do melhor, sem
mais nem menos, é? 

-Pois bem! Muito pelo contrário, amanhã senhorita sabichona, eu
vou lhe cobrar e espero que você não se faça de mudinha.

 -Você ainda me deve! 

-Estamos conversados?

E ela então, não viu outra opção a não ser a de fazer um “sim” com a cabeça.

E antes de simplesmente ir embora, lhe disse:

-Ah, e só para você saber, Chantilly, eu todo esse tempo acabei tendo que fingir, caso
você não desconfiou que eu gostava de você, okay! 

-E... Sério, era um saco, tá bom?
Caso você ainda não tenha entendido, ter que ficar te chamando de viuvinha e fazendo
aquela cena toda... Ou ler aquelas porcarias de sonetos, dos quais você dizia gostar
tanto... Ufa, ai que bom que eu falei isso, finalmente!

E ele ainda mais, debochou:
-E nada contra, mas também... Ufa que alívio que agora eu não sou você, não é mesmo?

E ele então se despediu:
-Bem, não se preocupe que amanhã... Fazer o quê, dai-me paciência... Eu vou voltar e
olhar para essa sua carinha sonsa.
- Ô coisa mais chata essa  que talvez eu venha a ter que fazer já que você está me irritando,
não é verdade?
- Mas, fazer o quê não é mesmo pois, esses são os tais "Ossos do ofício!"

E assim ele então se foi.

E ela triste, quieta apenas o olhava sem entender mais nada. 
Mas ela ainda queria entender por que ele saíra de lá tão bravo com ela daquele jeito!

Porém, agora ela tinha mais do que a certeza de que isso nunca poderia vir a ser Amor, como ela então pensara. 

Afinal, se isso fosse amor não era certo que ele viesse a machucá-la daquela forma, não
é mesmo?

Entretanto, sentindo-se angustiada por talvez ter feito o que ela mais temia: estragado
tudo ela finalmente conseguiu acordar, ainda bem quem sabe, com a memória sobre
 aquela imensa folha em branco que agora parecia ter que bom, retornado.






                                               XVI
E então, passada essa mais turbulenta madrugada, a pequena Chantilly se sobressaltou
da cama e a primeira coisa que fez foi olhar bem debaixo da sua cama e para o seu
espanto ainda maior, Richard não havia mentido para ela! 
Haviam vários presentes bem ali, diante dos seus olhos.

 Onde eles pareciam estar rezando interiormente a Deus, ou aos anjos que fossem para continuarem ainda assim tão céticos.
E ali a primeira coisa que ela sem querer consegui alcançar foi, para o seu imenso
pavor, o mesmo canivete manchado em sangue que muitas vezes ela vira nos seus mais
confusos pesadelos!

 E depois, quase que sucessivamente o sangue,que ainda parecia ter sido recente e manchado (sem querer?) um pouquinho o belo par de sapatinhos novos azul turquesa.
E ainda sim, havia a caixinha de música que lhe aparecia às vezes, onde vira repousar
tranquila a pequena bailarina a quem dera o nome de “Nuvem”.

E logo ao lado, naquele mesmo local, ela encontrou uma outra bonita caixinha onde
estava a sua tão estimada tiara vermelha e um outro laço de fita, também de seda, além 
de um colar enorme cheio de voltas e voltas tão brilhantes como ela nunca antes tinha
visto. E mais um par muito reluzente de brincos!

-Mas, será que isso tudo era verdade então?

Questionou perplexa a menina. Ela ficara por alguns instantes tão feliz por aquele dia
ser o seu aniversário, que ela nem tinha reparado que sobre o criado mudo havia chá de
maçã com canela ainda morno e fundi de chocolate com muitos morangos.
Morangos é claro que estes eram enormes!

E por isso ela sem demora, mesmo estando ainda assustada, se arriscou a devorar um
morango. Mas, logo se lembrou de que precisava ver Richard, pois, ela já estava
adiando esse dia de tentar conversar seriamente por muito tempo com ele. E tendo essa
gritante idéia em mente ela tentou levar consigo o canivete esperando nada mais do que
apenas devolvê-lo porque aquele era também um objeto que lhe parecia ser com certeza
muito perigoso!

E enquanto ela adentrava o bosque, ele a esperava no alto da colina.
De longe ela lhe mostrou o que trouxera consigo enrolado em um pedaço de tecido.
E ele fingiu estar feliz por vê-la e disse que tinha perdido o objeto por um descuido talvez:
-Ah, minha bonequinha que bom que você o encontrou para mim, não é mesmo?

Expressando dúvida, na verdade ela estava tremendo.
Mas, ele a assegurou:

-Ah, não! Sua bobinha, isso não é o que você está pensando, ora essa! Isso é só por
causa de algumas frutinhas, sabe... Quero dizer, eu tive que procurar por morangos já
que eu esperava lhe fazer uma surpresa no seu aniversário, minha bela adormecida!

E ela tentava se acalmar, mas não havia gostado muito do elogio:
-Ora, mas que coisa viu! Primeiro é viuvinha, depois é Branca de Neve, depois é
florzinha... Agora Bela Adormecida! -Você já sabe que eu não gosto quando você me chama assim, puxa!

E ele então lhe disse: -Tá bom, tá bom, minha viuvinha! -Nossa, pelo visto hoje você está com um mau humor daqueles, não é...

Ela resolveu deixar para lá e nem responder. 

-Ah, deixa... Eu sei que você também não faz por mal.

E então, ele levou-a para perto de uma enorme árvore mais adiante que ele tinha encontrado:

- Puxa!

-Ah, eu achei um lugar com uma bela sombra para nós nos sentarmos já que o dia está
muito quente...

-Ah, que bom!- pensou a menina.

- Porque nesse sol eu acho que não vai dar, não hein.

Ela com ele enfim, também concordou.

E assim eles seguiram até aquela frondosa árvore, onde parecia na verdade um imenso
jardim repleto de flores e pelos animais da floresta como esquilos, coelhos, borboletas...
E ali, bem no alto, quando ela conseguiu se dar conta estava onde ela queria estar em
um pedacinho do paraíso!

E ela não sabia se esse dia poderia ainda ficar melhor, pois, ela estava bem debaixo de
uma cerejeira. De uma linda cerejeira, onde até mesmo as folhas que dali começavam
devagarzinho a cair pareciam tornar tudo mais inusitado e ao mesmo tempo, romântico,
lhe fazendo de leve cócegas e assim sem perceber, ela estava corando e ao mesmo
tempo bobamente sorrindo.

 De repente, ele estava segurando a sua mão e começou a dizer as coisas que docemente
lhe dizia, fazendo com que o seu coraçãozinho de gelatina ficasse cada vez mais
saltitante:

-Ah, minha viuvinha, você está tão bonita hoje!

 -Quero dizer, você sempre será cada vez mais bonita aos meus olhos cegos de amor, não é? 

-Ah, como eu gostaria que você não tivesse que voltar para casa... Que todas as noites
você fosse sem mais tentar resistir só minha!

E prosseguia...

- Ah, minha viuvinha, como eu gostaria que você e eu pudéssemos brincar de rolar pela
grama e você então estaria em meus braços feliz e eufórica até que o dia finalmente
amanhecesse!

Mas, ela ainda estava sem jeito e sem entender coisa alguma da sequência dos fatos, do
que lhe andara acontecendo, um dia após o outro, uma noite após a outra... 

-Melhor não. Certo de que ela iria hesitar, continuou fingindo:

-Ah, eu te entendo. 

-Então, meu bem, você não quer ir para casa agora?

Apesar de estar em um lugar que lhe parecia perfeito, ela concluiu que aquela era a
melhor decisão a tomar, e por isso fez que “sim” com a cabeça.
Como ele já havia planejado, ele passou a levá-la sem que ela se desse conta do
caminho, até a parte mais densa do bosque. E assim, ela com ele andava, andava e
andava... E ele lhe dava a desculpa de que ali perto havia mais alguma cerejeira que
queria lhe mostrar. Com isso, ele conseguiu com a sua astúcia afastá-la completamente
dos arredores da cidadezinha.

E não demorou muito até, ele a colocar com toda a sua repentina delicadeza bem
debaixo de uma outra cerejeira:
-Bem, acho que agora você está se sentindo mais feliz... Não é mesmo?

E concordou, mas perguntou:
-Puxa, mas por que você está assim tão... Perto de mim, hã?

E ele então, começou a mimá-la:
-Ah, é que eu queria te admirar mais de perto, sabe. 

-Meu bem, em tantas noites atrás eu á queria ter te levado para debaixo das escadas da sala de estar, mas, não pude!
-Até porque você sempre se queixava de estar ainda indecisa, não é mesmo? 

-Ou de que não sabia se todo o amor que eu lhe dava se era de fato o bastante... E ele ainda mais lhe dizia, enquanto sentia o seu cabelo e a fazia sorrir:

-Ah, como eu gostaria de ter tido mais tempo pra ficar contigo atrás de uma porta!

-Ah, como eu adoro o seu cabelo comprido e o jeitinho como você sorri, sabia?

Até que ele a beijou, fazendo com que todo o corpo dela de repente se aquecesse. Ao
mesmo tempo, no entanto, todo o encanto foi quebrado sem que ela esperasse pelo que
finalmente ele iria sussurrar:

-Afinal, é... Minha doce e rosada Branca de Neve!

-Eu sei porque flores, ora essa, são flores! 

-Venha meu bem, para os meus braços, pois. a noite já se cansou de ser como uma criança teimosa, não acha? 

-Venha, pois isso tudo já perdurou demais para ambos, não é mesmo?

E nisso antes que ela pudesse vir a fazer alguma coisa como mais um beijo de boa noite
ali, a abraçou a ponta do afiado canivete! 
E por mais que ela quisesse, de algum jeito lutar naquele momento  ou ainda vir a acreditar que aquele terrível pesadelo pensando bem  não estava acontecendo antes que
ela praticamente se rendesse à leve sensação de vir a estar adormecendo 

ele lhe sussurrou docemente:

- Você agora já é minha querida, então sossegue agora esse seu frágil coraçãozinho tão
sonhador e tolo de gelatina!

E com isso ele logo partiu, para poder se livrar de uma vez por todas também, de Maria já que toda aquela situação havia perdurado por muito tempo e talvez ter lhe dado tantas
dores de cabeça.

E sem mais delongas Maria teve o mesmo fim, com uma corda envolta no pescoço, ficou pendurada ali no alto de uma árvore, bem distante, é claro, que onde estava
enterrado o corpo da doce menina chamada Chantily.

Richard, por outra lado, já que a sua busca finalmente havia terminado, tomou a alma da
menina e por muito, muito tempo conseguiu reinar como ele tanto esperou, sozinho em
maldade, riqueza e beleza por toda aquela pacata e simples cidade.
E ele infelizmente passou a destruir como tanto havia esperado  o que ainda  restava de Bom e de mais Belo daquela cidadezinha aprisionando dessa forma sem nem mesmo vir a hesitar,
todas as fadas e os outros seres da floreta que poderiam vir a falar e expressar também
os seus sentimentos.

 Ou como ele mesmo costumava dizer:

 -Alguns de nós, minha querida Chantily nesse mundo ora, servem para mandar! 

-Já outros, como os plebeus, por exemplo... Fazer o quê, não é? 

-Pois, essa é a natureza, minha flor, servem para apenas servir”. Sorrateiro e cheio de si, despojava um cigarro:

-Eu sei que talvez você espere por me odiar muito agora, mas... Meu anjo, esse na
realidade como você bem sabe é o mundo!

E cada vez mais ele tagarelava, como um rei com a sua própria coroa: 

-E se ele não fosse o mundo, minha Branca de Neve, não é mesmo meu anjinho tolo de
bondade, ora... O que então ele seria, hein?
Apesar de tudo, talvez... A única coisa em que Chantily poderia levar consigo de todo

esse apuro, e principalmente como que se isso lhe fosse uma valiosa lição é que... Da
próxima vez, nunca mais, ela deverá levar tão confiantemente assim consigo até mesmo
a sua expressão favorita. 
Não, mais dessa mesma maneira provavelmente como ela tanto então gostava apesar de tudo de vir então a pronunciá-la talvez até que se rendendo um pouco mais as tantas tais segundas intensões de quem era para ter sido o seu aparentemente inofensivo bichinho de estimação. Mas, nesse caso infelizmente como já dizia o próprio Richard as brincadeiras entre eles acabaram digamos que mudando também os planos!

 -Hmm, Morangos, frutinhas... Frutinhas e morangos isto está tão gostoso!
                                                                           
                                                                             Fim.



Bom, eu espero que você tenha então gostado da minha tal História meu leal amiguinho de todas as horas, sabe.
Mas, se você por acaso não estiver muito afim de vir a lê-la nesse caso, tudo bem fique mais a vontade está bem para que você posso então vir a pensar o que você quiser sobre isso okay.
Mas, o importante é que para mim nisso agora então acho que graças ao bom Deus um antigo capítulo agora que estava comigo e que se parecia digamos que mais engavetado por tanto tempo da minha vida se fecha nesse determinado instante para que assim outro talvez então acho que bem mais saboroso e tão criativo o quanto já me foi este esteja prestes no fim a chegar, sabe rs.
Então em todo caso boa sorte para mim assim como que também para mim e aqui eu humildemente encerro mais essa pequena descoberta entre tantas outras que a vida poderá ainda nos proporcionar e tomara que por inteiro não é mesmo de corpo e alma com um pequeno brinde meu velho e leal amigo de todas as minhas horas as mais sós que me são então possíveis nesse instante com um Brinde  Aos nossos tais pequenos prazeres da vida esses que nos enlouquecem e que nos balançam de certa forma também meio que dos pés a cabeça mas, que ao mesmo tempo me parecem que esses são os tais pequenos pecados tão mais necessários ainda mais quando a vida me parece que está tão assim mais monótona sem toque, salva nem mesmo assim...Um símplex, beijo que disperdício esse tão grande o nosso não é mesmo que talvez estejamos então cometendo  para com nós mesmos e tão grandes esses ainda talvez nos sejam seja ainda sim de fôlego, ou mesmo que também de pele não acha, hã?
Afinal já era para que a um certo tempo aqui na Terra para que nós pudêssemos vir a estarmos vivos nos nossos mais íntimos sentidos acho eu e não assim desse jeito meio que tão mortos de espirito e cada vez acho que também de algum modo cada vez mais distantes um dos outros quase que a todo o tempo sabe que os anjos então tem nos dado, entende.
Mas, mesmo assim sem mais delongas eu acho meu bem pois, agora as outras pessoas estão me chamando como sempre está bem acho eu que para infelizmente as suas também típicas ladainhas, okay (:
Um abraço, deixe as ladainhas para lá certo assim como eu também faço senão você ficará se sentido cada vez mais deprimido ou mesmo que ainda fracassado, sabe.
Porém lembre-se de que apesar de tudo como eu então sempre costumo dizer que para quem realmente nisso acredita que realmente sendo assim que não se preocupe, pois, os sonhos ora essa eles se tornam realidade!
Mas, para isso o que você mais precisa fazer nessas horas bem é não desistir e entender que na realidade que com um empurrãozinho de Deus que você é que deve ser o mestre do seu próprio destino e continuar de todo o coração buscando então transformar para muito melhor aquilo que do seu caminho que você então tem uma certa consciência de que você é muito mais capaz então para que possa vir a fazê-lo. Então, acredite nisso mas, principalmente em você mesmo pois, você pode vir a mudar as coisas até que muito mais do que você pensa que pode e é por isso que eu te peço se reerga e vá em frente pois, essa é na verdade a sua História e você eu tenho certeza que a partir de agora que você sabe que pode vir a escrevê-la seja mesmo assim que para o Bem ou mesmo que também para o Mal ou seja como então você na verdade e mais ninguém pode vir a deixar isso tudo até aqui acho eu que como você enfim, bem quiser certo!
Então se cuida e quem sabe não é até uma outro oportunidade está bem pois, eu também preciso descansar agora por que eu acho que o dia foi bem agitado não acha não, hã?
É mas...Eu também estou me sentido bem mais forte e também mais orgulhosa de mim mesma por mais uma vez ter tentado vir a me dar a chance de chegar então até aqui sabe e bem é isso o que mais importa agora né. O resto deixa para Deus ou mesmo que para lá sabe,rs.
Então vou indo querido se cuida tá.  

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