domingo, 23 de outubro de 2016

Outros Capítulos do meu segundo livro Bordel Um Conto de Fadas para Adultos.

Autora: Maiara Cecília,certo.


                                XIII
Era ainda o começo da noite quando ela acordou sem entender o que ele havia feito!
Mas, ela ainda assim, resolveu se levantar apesar do susto e ir até a cozinha tomar um
copo que fosse de café com leite ou mesmo de água!
Pois, àquela altura qualquer coisa servia. O relógio da sala marcava meia-noite em
ponto! E ela pobre Chantilly a saída que conseguiu encontrar para tentar se acalmar foi
a de tentar acender a lareira da sala para assim disfarçar em relação ao frio entre os
cômodos que começou a sentir. E sentou-se na poltrona da sala. Mas, sentada perto do
calor da lareira ela se lembrou daquele livro meio que sem sentido talvez, sobre a
felicidade e que ela tinha que terminar de ler.
Porém, aquele livro já não lhe parecia ser muito interessante comparado com o que ela
iria ter que enfrentar!
Mas, o bom é que ela havia tomado a iniciativa de acender a lareira coisa que não
acontecia havia um bom tempo.
 Até porque, ela e seu avô tinham o costume de raríssimas vezes de se lembrarem de que
havia uma lareira na sala-de estar quando estava se aproximando o natal! Naquela
determinada época especial do ano os pinheiros pareciam lhes fornecer uma lenha bem
mais confiável para vir a ser queimada.
E também porque era sempre, nessa época do ano em que ele conseguia se lembrar de
fato, que tinha que consertar sem mais demora o forro do telhado. Pois, a casa estava se
transformando em um gelo!
Mas, tudo bem. Agora o que mais lhe importava era saber naquele instante como a sua
própria história terminaria.
E até porque, de que lhe adiantaria insistir de que se avô consertasse a casa?
Afinal, ele mesmo sempre lhe dizia que “a casa era a casa” e que alguns problemas
infelizmente só poderiam ser resolvidos se aquela cidadezinha resolvesse fazer também
alguma coisa para ajudar a todos. Isso era bem mais fácil para ela mesma suportar do
que vir a pensar em algum poema sobre as flores amarelas, quem sabe. Era para ela esse
um novo desafio e tanto, puxa vida!
E cada vez mais em que ela observava o clarão da lareira mais ela via o rosto de
Richard. E em seu silêncio aquela cicatriz parecia que então só iria aumentar cada vez
mais não importando o quão forte ela tivesse a esperança de que poderia sendo assim,
vir a ser. “- Ele apontou um canivete para mim!” E aquela terrível lembrança parecia devorá-la cada vez mais, como que a uma estrela
em meio a um buraco negro imenso e turvo. “- Ele disse que, iria me beijar em sangue quando eu parasse de uma vez de respirar!” E ela ainda pensava assustada e suando frio por dentro. Por mais que ela conseguisse
disfarçar para uma expressão até que, mais tranquila: “-Oh, meu Deus que droga é essa?”
E ela resolveu prosseguir tentando analisar a situação: “-Quero dizer, ele está conseguindo cada vez mais fazer de algum jeito com que eu
consiga me perder em mim mesma.” Aquela ferida a atormentava... “-Bem... Mas, por outro lado graças a Deus, eu me sinto mais aliviada por ter
conseguido escapar de lá. Quero dizer, eu acho que até ele conseguir novamente me
encontrar... tomara que pelo menos, uma vez eu tenha a chance de estar onde eu queira
estar.” E prosseguia: “- E acima de tudo, estar comigo mesma, pensando bem! E isso é como se eu pudesse
estar igual a um bebê reaprendendo a descobrir como é e o que é a luz do sol.” Apesar da pontinha de alívio, Chantilly continuava receosa... “- Eu tenho medo só de pensar em vir a deitar em minha cama de novo. Eu posso até
tentar... mas, depois de ter visto nas páginas do jornal e descoberto como o banqueiro
desapareceu dessa cidade com uma corda amarrada ao pescoço... É agora eu sei como é
a escuridão bem de perto!”
“-Mas, será que ele não consegue entender que isso não é amor? Por que ele não
consegue me escutar de uma vez, que eu não sei nem ao certo pensando melhor o que eu
sinto por ele?” E incomodada em relação aos seus próprios sentimentos por não saber o que eles eram
na verdade, a situação lhe parecia quase que interminável: “-Quem sabe, se uma outra hora eu conseguir achar uma forma de conversar com ele?
Afinal, ele me prometeu que confiaria em mim não importando o que houvesse! É
talvez, quem sabe se eu não mais me deixar assustar e dizer o que estou achando disso
tudo as coisas finalmente entrem nos eixos... Ah, minha nossa!” E assim, respirou fundo para tentar se acalmar e resolveu tomar um banho.
“-Ah, nada como a água do chuveiro para tentar espantar, pelo menos por mais alguns
instantes todos os nossos fardos se possível for é claro, para bem longe!” E enquanto a água morna caia, ela tentava imaginar que outro livro poderia encontrar
nas prateleiras para começar nova leitura. Isto é, se primeiro ela conseguisse encontrar a
chave para abrir as trancas, pois eles estavam escondidos nas muitas portas que havia, como ela conseguiu já reparar na sua própria casa! Entretanto, para quê, pensava ela, se
tinha a necessidade de terem sido construídas tantas paredes, ou mesmo que tantas
janelas daquele jeito?
“-Ah, que absurdo é isso, hã?!
 E ela com um tom de ironia continuava pensando:

“-Caso alguém mais não tenha reparado... será que somos, na verdade, bichos? "

-Vamos passar o resto de nossas vidas assim, vivendo sempre aprisionados e com medo de
alguma coisa, não importa o que ela seja? 

-Ou, pensando bem, com o que essa coisa se pareça, hein? 

E além do mais... vamos nos deixar assim, assustadoramente até o fim viver... pudera! Temo eu que em um constante marasmo... não importa o quanto eu esteja, com todas as minhas forças, lutando para
sair, até que enfim, disso?

 E ela ainda mais pensava, conflitante, olhando para as paredes do cômodo neutro e sem
graça, pudera: “-Não! Não, eu tenho que encontrar a mim mesma e pelo menos tentar fazer alguma
coisa antes que seja tarde, não é? -E eu sei que, bem... Agora provavelmente eu já me sinto culpada e isso não há como
esconder, pois eu estou sendo a principal responsável por deixá-lo bagunçar o meu
caminho desse jeito. Mas...Oh, que droga! 

-Lá vamos nós de novo... Pelo visto tem sempre nisso tudo um “Mas”!

- E em tudo, o que eu sei que deveria já ter feito. Porém, eu me sinto bem ao lado dele e, talvez quem sabe, eu ainda assim deseje estar completamente errada e talvez, tenha
encontrado finalmente...Eu não sei, se tão já diria isso, mas... meu verdadeiro Amor?!”
E, pensando cada vez mais, continuava rasgando os seus próprios medos, os que ainda
restavam: “Ah, sim... E talvez seja por isso que eu então estou agindo de forma tão estranha
ultimamente. Eu sei que, talvez... é provável... que ele tenha algo a ver com o sumiço
repentino do banqueiro e é por isso que esta cidade tem andado também bem
descontente com certos acontecimentos...”

-Mas, será? Bom... pelo menos só para mim, eu não poderia relevar todas as coisas
terríveis que já tem me deixado sem dormir e guardar como se isso fosse o que
realmente me importasse, só o seu outro lado talvez mais fofo e adorável, enfim? É...E
eu sei que isso talvez seja uma opinião muito egoísta de minha parte. - Mas se eu vier a perdê-lo, pensando bem por outro lado, talvez eu me sinta tão mais
vazia e completamente deslocada se assim for...”

“-E o pior é que, querendo ou não, por mais que eu não diga isso a mais ninguém pelo
resto da minha vida... eu acho melhor apenas continuar pensando que ainda há um jeito
de eu não vir a estragar tudo!” E sendo assim, cada vez mais ela também acabava como que repetindo mais e mais para
si mesma: “-Então, como eu mesma já venho me cobrando como tantas vezes já fiz: Lembre-se
Chantily: fique calada e sem perguntas demais, esta bem? Afinal, quando você dá 
muito de perguntar, já percebeu que ele muda rapidamente de humor e isso não é algo
nenhum pouco agradável como eu já entendi, não é verdade? Acho que o mais difícil
não é disso tudo achar um jeito de escapar. -O mais difícil eu acho que vai ser o fato de tentar me convencer de que de lá eu não
quero fugir, ora essa!” E ela também, cada vez mais tentava achar uma forma de abrandar para si por enquanto,
o seu nervosismo:

“-Digamos, eu só resolvi que gostaria muito de voltar para casa!” E assim, quando ela terminou de muito pensar ela se enrolou em uma toalha no
banheiro que estava ali, por perto. E sem fazer muita bagunça resolveu colocar um
pijama mais limpo, escovou os dentes como de costume e foi se deitar
confortavelmente, se sentindo até que mais leve sobre suas as cobertas. E o melhor é
que, apesar de o colchão ser mais instável para a sua coluna àquela altura também, bem
ou mal, o travesseiro em compensação era enorme! 

E sem dúvida, como que caído dos
céus, era feito para as suas noites seguintes de mais sono.
E tomara que, esse fosse sem mais hesitar então, um de seus primeiros desejos aos
anjinhos do destino a se realizar!






                                                    XIV
E então a pequena Chantily, ainda sem conseguir naquela noite pegar no sono, se
esforçou para se acomodar no travesseiro depois de ter tomado mais um copo fresco de
leite. Afofar o travesseiro muito lhe pareceu não ter adiantado.

Até que ela, finalmente,conseguiu se permitir render-se ao sono. Sentir-se saindo da rotina lhe parecia já algo
interessante. E rotina era uma coisa que, por mais que ela quisesse disfarçar com um
simples sorriso no rosto, sempre dizendo meio que automaticamente que tudo em sua
cabeça iria um dia ficar bem, ela definitivamente não suportava, por mais que não fosse
um alguém de se queixar tanto. “-E ah, isso não poderia estar acontecendo, ora essa! Ah, não mesmo, pois Deus ou alguém mais, só pode estar brincando comigo, não é? 

E essa é uma brincadeira por sinal de muito mau gosto, viu?” Afinal, como uma coisa dessas, ainda sem que ela soubesse o porquê, poderia estar
tornando o que apenas era para ser simplesmente a sua vida -graças ao bom Deus dos
sonhos - tão... Patética!

Será que, Richard tinha razão? Pois, por mais que seu “eu interior” esperasse que ele
não acertasse de jeito algum, ele parecia estar certo, puxa vida! Pois, talvez ele tivesse
de fato esse certo dom de atormentá-la dali para frente, a sua vida inteira - e quem sabe
até quando ela iria durar!

Mas lá estava ela imersa no que de início lhe parecia ser apenas a sua própria folha em
branco, que ela já tinha encarado algumas vezes, mas na qual ela ainda não sabia o que
poderia ou deveria imprimir. Queria algo que lhe fosse absolutamente incrível para se
dizer de tudo, mas convenhamos -o quão sem sal nem açúcar- havia vivido até aquele
determinado momento!

E talvez ela tivesse que não mais esconder -mesmo estando por entre todo o céu e todo
o seu possível inferno- que havia sempre alguma coisa a atrair a sua atenção: enquanto o
corpo vivia o patético dia-a-dia de sempre, e a mente ia empurrando com a barriga, sua
imaginação tentava desbravar o seu já conhecido enorme silêncio.

-É... É bom disfarçar -pensou ela.
“-Talvez, de vez em quando, faz bem realmente... quem sabe, estar em outro lugar... Às
vezes eu me pego de surpresa assim, olhando pela janela até o horizonte... e de repente
me esqueço do mundo!

- Mas tenho que voltar para ele para arrumar minha cama, ou coisa parecida. E de onde vem essa voz, que de lá do fundo me corrige quando eu me esqueço, sem querer, do que eu estava fazendo? 
Daí eu acabo voltando para a Terra rapidinho!”

E continuou emaranhada nos próprios pensamentos:
“Alguns dizem que eu sou só uma criança. Mas será que eu ainda sou apenas isso? E já
que nessas horas eu não sei o que dizer... será que, o não saber em si já é um bem?
Ou seria, na verdade, um mal, hein? Um mal no sentido nu e cru do ser mais realista,
para si mesmo?”

E por mais que ela ainda quisesse encontrar respostas em relação à sua natureza, nada
mais acharia além do que é humano. Mas, de repente, ela se viu em sua sala de estar
silenciosa e de paredes cinzentas.
E observou que alguém havia acendido a lareira porque o cômodo, antes gelado,
estranhamente agora parecia bem aquecido.
As portas e as janelas haviam inesperadamente sido trancadas, e a chave... Ela não fazia
ideia de onde poderia estar. Outra coisa lhe intrigava: ela não se lembrava do porquê ter
descido as escadas... Teria descido para beber água? Ou para ir ao banheiro?

Mas, ela não sentia sede nem qualquer incomodo no organismo, então ela não lembrava
mesmo o motivo de ter descido até ali. Então, em meio ao completo vazio do imenso
cômodo e cansada de estar em pé, resolveu -ainda sem entender o que se passava- se
acomodar perto da lareira, onde se sentou sobre o tapete. E era fofo o tapete sob seus
pés, como talvez o fosse a caixinha de música para a pequena bailarina de plástico
guardada em sua memória.

E ela então tentava dizer ainda mais para si mesma:
-Bom, por via das dúvidas eu acho melhor eu nunca mais vir a pensar também em
bolinhos, não mesmo sabe!

-Hmm, mas... É eu tenho que admitir que até que ele é um alguém que, realmente
consegue tirar as palavras da minha boca.

-Quero dizer, principalmente quando eu não quero dizer, ou nem vir á sentir nada,
sabia!

E ela ainda mais se perguntava:

- Oh, puxa... Como será que, por Deus eu não consigo resistir a aquela voz a me dizer
tantas coisas inimagináveis principalmente quando estamos sozinhos, hã?

E ela ainda mesmo que errando muito tinha que vir a concordar:
- É, puxa e que droga porque eu tenho que me sentir tantas vezes atraída por ele de
supetão!

- Quero dizer, ah como será que ele consegue me deixar assim tão perdida quando eu
estou com ele, e mesmo quando eu estou longe... Em meus sonhos ele se parece com
um anjo no escuro para mim!

Quando finalmente alguém lhe sussurrou, bem perto de seu rosto:
-Minha viuvinha! Eu não te disse que um dia iriamos estar a sós, hã?
Ela tentou engoliu em seco todo o nervosismo que parecia estar nascendo em seu
âmago, quase que como uma agulha lhe espetando, com vontade, a própria alma. -Seja boazinha e me dê o que procuro, sim!

Sem entender, ela desejava não se mexer de jeito algum naquele momento - por
precaução- igual a uma estátua.
Porém ele, impaciente com seu silêncio, puxou-a pela cintura e se debruçou sobre ela
que, tentando esconder o embrulhão no estômago, se perdia em pensamentos enquanto
olhava fixamente aqueles olhos maliciosos e frios:
-
 Ora, eu lhe prometi... E disse que disse até demais, não foi?

- Agora, depois de todo esse tempo... Pois bem, chega de palavras!

- Você será agora o meu pequeno pedaço de bolo! 
E sorrindo, lhe perguntou -quando ela não sabia mais o que então fazer:
- Primeiro você quer brincar do que, hã?

Muito constrangida e vermelha como um morango maduro, ela não queria entender o
sentido daquela pergunta. Porém, se espantava mais ainda com as suas próprias
conclusões em relação àquela situação que não lhe parecia nada inocente!

Diante do silêncio, ele indagou:
- E então meu bem, o que está se passando em sua mente agora, hã? 

-Eu gostaria tanto de saber...

Criando coragem, ela lhe interrompeu:
- É melhor não, está bem!

- Mas, por que não minha querida?

E ela então lhe disse, ainda sem jeito:

 - Ora, porque isso é meio embaraçoso, não acha?

E outra, coisa que lhe acontecia é que interiormente ela gostaria de estar rindo de si
mesma, por ter que enfrentar tudo aquilo. Mas, ela decidiu tentar respirar fundo mais
ainda tentava se controlar a todo custo para não fazê-lo.

E achando graça, ele sorriu, mudando de estratégia:
-Ah, como você é bonitinha!

- E não é do tipo que se deixa surpreender com tudo tão facilmente, não é verdade? 

-Não se preocupe minha pequena. Mas é que agora eu preciso de você!

Chantily percebia que ele estava ficando ainda mais impaciente do que antes. Então
calou-se novamente. Ele aproveitou a lareira ainda acesa... Começou a puxar seu cabelo
e dizer:

 -Ah, minha bonequinha o que será que eu faço com você, hã?
Assim seu estômago se contorcia e Chantilly parecia estar presa ali sem entender quase
nada. Ela não queria falar e assim preferiu.

- Mas o que é que se passa nessa sua mentezinha tão audaciosa? 

-Ah, minha viuvinha que lhe deu hoje para se fazer de muda, assim tão de repente!

E ele continuou provocando-a:

- Você sabe que para mim não consegue mentir, não é?

E ela então continuou com a sua mudez, porém quanto mais ele lhe falava mais o seu
coração acelerava e lhe apertava o peito.

Ele passou a beijá-la e ela manteve sua ideia de se fazer de estátua, insistindo
teimosamente. Ele a beijava e ela, cada vez mais, corava, sem saber se isso era ao certo
de alegria ou de receio. 

- Será então que primeiro eu uso os dentes ou a língua, hein?

Ele passou a beijar cada centímetro do que ela achava que tinha de corpo, e com isso ela
tremia cada vez mais. Ela tentou encontrar um pouco de ar puro que fosse em meio
àquela tensão, mas não conseguiu!

E assim a noite se estendeu entre beijos e mordiscadas, no pescoço e na orelha até que
os poros da sua pele também se ouriçavam o que de inicio a fazia pensar que estava
afundando em uma nuvem enorme e macia.
Tentando se apoiar no tapete, que não parecia ajudar, quanto mais ela tremia e perdia o
ar, mais ele insistia e se aprofundava na ideia, tentando puxar a sua saia com os dentes e
aquilo parecia lhe fazer cócegas.
Ela até queria rir, mas ao mesmo tempo tentava não fazê-lo. Ora o seu corpo parecia
gelado, ora sua temperatura parecia subir tanto... oscilando igual a um termômetro
desregulado.
As suas pernas permaneciam entrelaçadas e quanto mais ele a mordiscava perto de uma
linha bem tênue de seu umbigo, mais ela perdia a ideia do que estaria fazendo no
mundo. 

Porém ela tinha que admitir que quanto mais ele teimava, mais ela ficava
ansiosa por alguma coisa que ainda não tinha certeza do que era. Parecia algo ruim e
bom ao mesmo tempo... Ele estava lá, embaraçosamente, fazendo com que ela se
contorcesse, sem esperar. Ele estava lá, mordiscando-a toda, e ela ficando roxa, se
debatendo... Até que, então ele desceu um pouco mais a saia de Chantily e puxou-a um
pouco mais para perto, fazendo-a parecer estar embaixo de seus enormes ombros. Ela
nunca tinha tido uma vista dele naquele ângulo e... Puxa, ele era bem diferente dela de
fato, nesse caso!
Ele puxava o seu cabelo enquanto ela tentava conseguir um pouco mais de ar para os
seus pequenos pulmões, que pareciam estar sendo espremidos:

- Puxa, minha viuvinha, eu posso ouvir daqui a sua respiração e isso é tão bom!

E então ela quis saber mais e quase tomada por um instante de puro impulso, quase
puxou o que parecia ser a fivela de um cinto. Mas ele foi mais rápido e a deteve:

- Não! Tire, as suas mãozinhas curiosas já dai. - Principalmente para o que não deve, hã?

-Pois, se eu bem já lhe conheço, você é bem mais esperta quando algo lhe interessa não
é não?

E ela de novo fez uma expressão de desapontamento para si mesma. E ele ainda
brincou, mas ela não achou graça:

- Você sempre quer saber demais, não é minha pequena Branca de Neve!
E continuou: - Mas, não se preocupe que eu vou tentar me esforçar mais para vir a deixá-la feliz,
certo?
E com isso, ele cada vez mais puxava o seu cabelo e mais a mordiscava. Ela parecia
estar mais ainda suando frio àquela altura da situação. Sentindo-se aprisionada em si
mesma, enquanto se apoiava nos ombros de Richard, quanto mais ela tremia mais o seu
coração parecia estar indo até o topo de sua garganta. Até que, ele a colocou sobre os
seus joelhos e quanto mais ele puxava o seu cabelo, mais ela tentava se equilibrar. Pois, já estava zonza e tentava sentir as suas costas.

E até que, a pele dele era sedosa e bem ou mal havia aquele cheiro irresistível de
lavanda?
Ou era de loção para banho, pensando melhor? Mas, isso agora não vinha ao caso, pois
a sua mente parecia estar completamente vazia em seus próprios desejos que a
queimavam mais e mais, sem chance de ela poder escapar ou satisfazer-se!

Até que ele disse:
- Me beije, querida!

-Me beije e entregue agora a mim, sem relutar, a sua alma!

- Eu preciso muito dela!
Assustada, ela negou com a cabeça. Ele continuou insistindo, disposto a convencê-la:

- Ah, mas você já sabe que eu preciso dela, senão a minha busca não vai tão cedo
terminar, minha viuvinha!

E ainda ele não se deixava enganar tão facilmente também, pela mudez repentina dela
até então :

-Ah, mas depois se eu não conseguir encontrar o que preciso talvez, eu vá envelhecer
mais depressa, sabe!

- E talvez, já não vá estar tão bonito, e me portando de um modo mais gentil e que
agrade a minha amada, viuvinha.
 Ela corajosamente tentou, até as suas últimas forças, se manter firme, afirmando para si
mesma: “-Não, não! Eu tenho que pelo menos tentar não fazer tal coisa com ele!

Mas ele, porém, não iria desistir tão facilmente como ela pudesse pensar, mas persistia
persuasivo como que a um diabinho:

-Ah, querida!

- Eu sei há muito tempo que você, assim como eu, já estava em busca de algo mais, enquanto andava também já farta de tantas coisas sem sentido nenhum, pelo mundo.

E ele continuou dizendo:
- Ouça o som doce da minha voz e acredite que já estamos onde deveríamos estar.E por
isso me ajude a fazer, por favor, com que todas essas outras tolices terminem
finalmente!

- Quero dizer, ninguém mais entre nós dois precisa existir, não é?

- Nem mesmo, Deus então...

E ele cada vez mais a segurava sem esperar soltá-la:

-Mais uma vez, meu bem seja boazinha e me dê então o que quero, hã!

E ele continuava:

- E por um acaso, você já parou para pensar hã? -E se eu não for tão mais bonito, e mais charmoso assim... Quero dizer, afinal os anos meu bem se aproximam, não acha?
E ele ainda mais persistia de maneira incansável aos seus ouvidos:

- E dai quando eu menos estiver esperando é muito provável que, você vá me trocar e a
não me querer mais, como que um par sapatos gastos no armário.

-E assim, é o ciclo do mundo real meu bem, onde nada que é bom ou ruim, mesmo que
alguém venha á lhe prometer ora, é capaz de durar para sempre!.
Mas, ela ainda sim fazia que, “Não” com a cabeça e ainda tentou teimar, mas, isso só
complicou o que já estava ruim, sem esperar:

-Acho melhor, você desistir! -Respondeu a menina.

Ele ainda a mantinha sob os seus joelhos; ela continuava zonza, podendo realmente se
comparar a um morango na caixinha.
Ele continuou provocando...

-Veja só na sua realidade patética a única coisa que eles lhe dizem é que você é apenas,
uma criança!

E ele ainda mais lhe dizia em sussurros:
- E foi por isso que você esperou a sua vida inteira, hã?
-Por um mundo cada vez mais fragilizado e imbecil, sem mim ainda mais para fazê-la
realmente feliz?

Ela parecia engolir mais um nó na garganta, em seco, que doía. Ele ainda tentava
convencê-la:
- Olhe, se você quer mesmo um conselho meu, eu acho melhor você fazer o que está em
seu coração, sabia!

-Afinal, quem garante que você não se arrependa muito mais por não ter feito, não é
mesmo, o que você tanto quer anos mais tarde, hein?

- E outra, você tem que admitir para si mesma que você sabe como eu sou tudo o que
você estava esperando vir a conseguir um dia, não é mesmo?
E ele ainda mais dizia, enquanto fazia com que uma das mãos dela chegasse perto do
seu rosto:

-E me diga, até quando você espera conseguir enganá-los com essa sua carinha, hã? De
“quem nada quer”! Vamos, seja de uma vez por todas minha!

- E eu em troca também serei somente seu. O resto já não mais importa, minha viuvinha
e você sabe disso.
Mas, ela ainda assim se manteve imóvel tentando pensar que o que ele estava lhe
dizendo eram apenas como de costume as suas bobagens.

E ele ainda mais lhe falava:
- Ah, é? Então você ainda quer acreditar que não sabe que eu sou tudo o que você
procurava, não é? -Eu duvido que você nunca pensava em nada disso quando eu lhe dizia sobre certas flores e os seus mais íntimos lacinhos, hã?

- Eu duvido que enquanto eu estou aqui perto demais de você, que você vai conseguir se
manter tão mais teimosa desse jeito.

E ele ainda mais lhe dizia:
-Ah, eu duvido, minha querida Chantily que você vai querer voltar para o que sempre
achou monótono demais... Eu duvido que: Você vai querer me deixar ir, em troca de
certas bobagens, como simples sapatos ou que seja, doces!

- Eu custarei a acreditar que eu não sou seus mais insaciáveis desejos contidos!

E desafiando-a:

- Eu ponho a prova... Duvido que você vai por muito tempo, querer ficar olhando para
as paredes sem pensar em mim estando do outro lado da sua cama!

E ele ainda prosseguia enquanto beijava seu rosto:
-Ah, minha viuvinha eu sabia que você teria um gosto assim tão doce! Tanto quanto já
soa o seu próprio nome, não é Chantilly... -Então confesse: você me quer ou não mais, hein? 

-Afinal, esse seu silencio é que está me torturando agora.

 - Eu vou lhe ser mais sincero quanto eu achava que precisava ser com você... Mas, ela apenas o olhava e enquanto ele mordia os lábios ela se perdia dizendo para si
mesma: “- Oh, nossa... Ele parece que vai mesmo dessa vez, me devorar com os olhos! E eu não sei mais o que dizer.

Afinal, eu estou praticamente sem ar e quase desmaiando aqui
mesmo. 

-Oh, droga! E talvez, ele esteja mais do que certo e é o que eu mais temia:
-Eu não consigo fingir, que nada acontece por muito tempo... Não quero dizer, como eu
realmente gostaria! 

-Humm, ele parece estar usando os dentes agora...”
Ele reparou que sua pele estava toda arrepiada, o que a deixou ainda mais vermelha:

- Você gosta?

Porém, ela nada lhe disse. Apenas para si mesma tentava reclamar:
“-Será que, ele não entende que isso para mim já está ficando constrangedor demais”?
-E, ai... Minha barriga... Senti um puxão daqueles de novo! Isso não foi nada agradável, ora essa!

- Por que será que, ele não entende que assim não, hein?
E então, ele notou que ela mudou de expressão:
- O que foi meu bem, hã? 

-Parece que antes você não estava bravinha assim, ora.

 -Ah, mas você não deveria ficar com essa expressão horrível, pois você é tão linda!

- Eu gosto dos seus olhinhos, do seu cabelo comprido, minha florzinha, cada vez mais...

Ela achou graça e então sorriu.

Ele tentava fazer com que ela cegamente se apaixonasse por ele:

-Chantily, querida já que eu a adoro cada vez mais, eu tenho que ouvir de você... Você
me quer mais do que tudo?

E ela apenas corava e algo tentava lhe dizer mas talvez de nervoso, ainda não sabia
como o faria.

Então ele fez com que ela ficasse ainda mais vermelha, puxando o seu cabelo e
beijando-a bem próximo a seus lábios, o que a deixou feliz por um instante. 

Mas, quando ela tentou respirar, ele a sufocou!
- Pare, está bem, porque meu estomago está embrulhando!

E ele fingia que não entendia:
-Mas por que, hã? 

-Você está bem, minha florzinha?
E ela tentava se acalmar, mas ele não parava de fazer com que ela se sentisse sufocada e
zonza.

-Pare, por favor, sim?

-Porque eu estou com uma sensação muito ruim, Richard!

E ele ainda fingia:

-Mas o que está acontecendo, minha Branca de neve? -Assim eu fico preocupado!

- Pare, sim! - Insistia ela-Porque senão, eu acho que eu vou vomitar ai Deus!

Mas, ele não parava e ainda brincava com ela:
-Ah, meu pequeno pedaço de bolo acho que eu sinto por você tanto amor que eu acho
que logo você vai transbordar, não é mesmo?

E ele continuou:
- E quem diria, hã?

Mas, antes dele deixa-la até que enfim acordar ele ainda a beijava mais e mais e tentava
percorrer com a língua devagar desde a sua orelha até o umbigo o que fez, com que todo

o seu eu interior de uma só vez, despencasse de encontro ao chão!
Ele ainda lhe disse:

-Não se preocupe querida! 

-Pois, eu irei voltar quando você estiver se sentindo entediada! 

-Mas, devo confessar que você ainda me parece tímida demais.

 E ele continuava com o seu tom de humor negro, coisa que ela não aprovava: 

-Ou será que, é só impressão minha, meu frágil e pequeno pedaço de bolo, hã?

E ele ainda lhe disse: 

-Ah, mas mesmo que você não esteja esperando me dizer, eu adorei ver como você
estava, digamos... Tão mais indefesa e eufórica em meus braços enquanto brincávamos
do que até eu, tanto quanto você esperei, sabia?

A única coisa em que ela conseguia pensar quando finalmente acordou, foi:
-Uau! 

-Foi por pouco! 

-O que dizer? 

- Eu confesso que nesse instante eu nunca achei que por Morangos, frutinhas, frutinhas, morangos  que tudo cada vez mais seria assim tão assustador!

 -Eu não sabia que a minha imaginação poderia ir tão longe! 

-Não. 

-Eu acho que, até a esse ponto tão mais extremo e até que... É perigoso demais.


E ela tinha que admitir ainda que  para si mesma naquele momento um tanto o quanto que sentido um imenso friozinho no estômago de súbito: 

- É... Como ele mesmo havia dito quanto amor não?


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