domingo, 23 de outubro de 2016

Bordel Um Conto de Fadas para Adultos outros Capítulos, certo!

Por: Maiara Cecília
Oie, sou eu de novo rs.
Bom como eu lhe havia anteriormente então prometido eu agora irei tentar deixar para você aqui os outros capítulos do meu segundo livro tudo bem, assim hã?
Quero dizer, de nada acho que a essa altura da minha vida talvez vai me adiantar que eu apenas fique sentada aqui e que talvez eu fiquei esperando entende acho que venha acontecer enfim um milagre para que assim então algo quem sabe possa vir a melhorar sabe a minha vida sendo que essa sabe já é a minha vida e acho que também mais uma das minhas histórias então eu fiquei pensando que o melhor que eu acho que posso fazer por enquanto nesse momento que se parece um tanto o quanto mais difícil é graças a Deus não desistir e simplesmente entende acho que continuar tentando até que eu consiga realmente talvez um dia descobrir no que isso tudo vai dar ou não sabe.

Mas, enfim vamos então a história e eu acho que isso basta. Pois, como já diz o ditado porque não vir a tentar melhorar mais um dos seus dias em que você talvez esteja se sentido um pouco sem esperança agora do que na realidade se talvez você decidir sei lá deixar tudo o que realmente mais lhe importa não é mesmo para o dia de amanhã, entende. Então mãos á obra sendo assim meu caro e leal amigo:


                                 V
O dia amanheceu doce e sonhador. Das árvores desprendiam-se as folhas que outrora
haviam, sido verdes também.
A pequena Chantily aos poucos, foi retomando seus sentidos. Foi tentando apagar as
lembranças e sensações estranhas que ganhara naquela noite mal dormida. Dirigiu-se
sendo assim, até a cozinha onde avistou um copo de leite com biscoitos e ao lado um
despreocupado bilhete quem sabe, de bom grado:

“Venha até á minha casa para conversarmos”.

E Logo, o dia de sol se transformou em uma noite inesperadamente chuvosa.
O cair da tarde rápido chegara.

Chantily pensou:
- Puxa, alguém de mim se lembra!

E ela ainda atônita, mais que depressa foi ver seu novo amigo. Quem sabe, agora ele
precisava de uma companhia. Quem sabe, ela tomaria chá, conversaria um pouco... Por
mais que ele fosse confuso e indeciso, eles pareciam de alguma forma se entenderem. Ou será que, era apenas uma ilusão?

Foi visitá-lo e logo lhe disse quando, o encontrou naquele velho teatro abandonado:
- Fiquei tão feliz por ter me chamado! -e baixinho lhe perguntou:

 - Mas, o quê quer?
E antes de obter a resposta, continuou ofegante... -Eu passei a manhã toda sem querer, sabe o procurando até que tive o pressentimento de que talvez, você pudesse estar aqui...

E o bichano lhe exclamou:
- Calma, sim? Pois, ainda temos tempo...

E notando a ansiedade brincando em seus olhinhos, com jeito doce indagou:

- Sente-se em meu colo coisinha pequena, pois, de que lhe vale a pressa?

E ela então, sem saber por que, não hesitou.
-Gostou da lembrancinha que lhe deixei? –ele continuou

E ela contente, ainda que tímida, lhe respondeu:
- Sim, e obrigada!

Cada vez mais íntimo, continuou sua conversa: - Imagina... Eu fiz isso porque gosto de você!
Cada vez mais eufórica por amigo tão leal se importar com ela, Chantily prosseguiu:

- Verdade?

-Verdade! -ele retrucou.

Ela então, o abraçou apertado com carinho:
- Eu também te amo por mais que às vezes, você seja meio esquisito!

Ele no fundo torcia o nariz, mas aos poucos foi chegando ao ponto que queria...
- Oh, como eu fico feliz em ouvir isso! Então, você gosta de mim?

E ela tão feliz, mal notava o que acontecia:
- Gosto muito!

-Mas, por que pergunta?

Ele então, aguçando ainda mais as orelhas enquanto, ela olhava para ele perguntou:

- Você faria um favor por mim?

-Mas, é uma coisa muito séria! Quero dizer... Não, é
bem um favor...

-É uma prova de que você gosta mesmo de mim!

Ela o ouvia curiosa.

Ele então prosseguiu:

-É que o seu papai não gosta de mim. Por sinal, ele tem me maltratado muito.

- E para que não venhamos mais a brigar eu gostaria que você viesse morar comigo!

No mesmo instante lhe indagou, sem dar a Chantily tempo para refletir:
-O que me diz?

Ela se surpreendeu com o convite, mas, não sabia se era isso o que realmente queria:

- Bem... Você quer dizer, eu deixar a minha casa, as minhas coisas? -Ela lhe confessava
sincera-Não, que eu não queira, mas...

Ele lhe indagou, inquieto:
- Mas... O quê?

- Sei que, é difícil mesmo o que lhe peço.

- Mas, o farias?
Chantily respondeu sem muita certeza:

-Aham

Ela não fazia ideia, mesmo tendo concordado, se seu pai e ele alguma vez já teriam se
conhecido. Porém, ela sentia que o amava tanto que iria fazer o que achava que seria
melhor. Então ela arrumaria as suas coisas e mesmo, percebendo que algo poderia estar
errado em tudo isso, ela não faria mais perguntas a ele, pois, sabia do seu temperamento
bem difícil. E também, por que... Ora ela não esperava que um dia, essa imensa
felicidade que estava sentindo pudesse se transformar em um terrível conflito mais
tarde!

E ele continuou indagando:

-Independentemente de qualquer coisa?

E ela ainda insegura, confirmou com a cabeça.

E notando a ansiedade em seu rostinho, ele a orientou:
-Pegue suas coisas e feche a porta de sua casa quando sair. Mas, lembre-se de que sem
fazer barulho!

Inocente, ela lhe perguntou:

-Está bem. Mas, por que vou me mudar tão de repente?

Decidido com seu plano, tentava convencê-la:

 -Ora, mas não me disse agora a pouco que me amava? -Mentiu para mim?
Vendo que ele parecia chateado ela então novamente deixou de lado sua intuição que
indicava que algo estava muito errado.

 -Não, não... Eu faço qualquer coisa. Não fique mais triste, tá bom?

Beijando-lhe o rosto, ele lhe disse:
-Você não sabe, o quanto eu a amo!

E prosseguiu insistente:
- Quando, seu pai achar que está dormindo me espera ali ao lado. Promete que, vai me
esperar? -com um brilho no sorriso, continuou insistindo- Promete que, você vai mesmo
então querer ficar comigo para sempre?

Ela se rendeu, com seu jeito inocente:
-Puxa vida, está bem eu prometo!

Descendo do seu colo, sentia-se um pouco perdida.
Em casa, ainda sem entender fez o que ele lhe pedira. O pai, naquele início de
madrugada como de costume saiu e demoraria, como ela bem sabia a voltar.
Então, ela pegou suas coisas trancou por precaução todas as portas e janelas e pôs-se a
esperá-lo.

O bichano a encontrou aflita. E por isso, ele lhe perguntou como se esperasse guardar
um segredo extremamente importante:

-Está com as chaves?

Ela então, lhe mostrou o molho de chaves tirando-o cuidadosamente de um dos bolsos
da saia.

E ele então, satisfeito exclamou para si:

-Ah, que bom! Mas, agora guarde-o muito bem, certo.

Então, ela começou a sentir um cheio de combustível sendo derramado por ele que
estava mais sorrateiro do que uma serpente em volta da casa.

Ela lhe perguntou, nervosa:
- Jesus, o que está fazendo?

Ela tentava impedi-lo. Mas, ele a ignorava: -Pare com isso! Você está doido?
Quanto terminou de derramar o líquido, entregou a ela um palito de fósforo e lhe disse: -Bom... Agora, a decisão cabe a você!

Ela naquele instante estremeceu, notando a indiferença em sua voz. Engolindo a
situação em seco lhe perguntou:

-Como assim, a mim?

Percebendo que ela hesitaria, pressionando-a, ele começou a dar sinais de impaciência e
exclamou:
- Ora, mas tinha me dito. Aliás, prometido que faria tudo! Independente de qualquer
coisa que fosse

Assim ele exclamou convicto:
-É simples... Sou eu ou o seu pai! Você sabe que se não o fizer, então mentiu. Mentiu da
maneira mais insensível e falsa que já vi!
E ele continuou, deixando-a indecisa: - Mas... Se o fizer, então saberei que me ama a ponto de me deixar pelo menos um dia,ser feliz também!

Porém, ela atinou:
- Como assim, feliz?

-Quero dizer... Como eu poderia estar feliz queimando a minha
própria casa? –continuou Chantily, preocupada - Puxa, esse é o bichinho de estimação
mais complicado que, eu já encontrei por ai!

E constatou:
- E ainda é falante que só!

Com sua lábia, o bichano investiu:
- Por favor, não me odeie! Olha... Eu sei que é muito difícil o que eu estou lhe pedindo.
Mas... Confirma que me ama?! - ele insistiu, beijando-lhe o rosto - Por favor, só dessa
vez!

-A não ser que, então a minha florzinha seja uma mentirosa.

A pobrezinha, afundando seus pesinhos no grama ainda áspera, respondeu:
- Eu não, sou não...

E ele foi deixando-a ainda mais nervosa:

- Pelo visto, florzinha, ainda por cima você é medrosa!

Ela então, soluçando, negou:
- Não sou não, viu!

Então ele se irritou:
- Ora, mas então prove! Senão eu denuncio que você é a dona de bichinhos de
estimação mais relapsa e cruel que já existiu!

E quando, ele finalmente achava que ela o faria ela lançou a caixa de fósforos para bem
longe. E com os olhinhos cheios d’água, exclamou sentida:

- Desculpe, mas eu não posso!

Ele oscilou como a um termômetro descontrolado:
- Não pode ou não quer?

Ela pensou um pouco antes de responder:

- Eu até poderia, mas por amar tanto meu pai, preferi não fazê-lo!

Ele torceu o nariz e a olhou pelo canto do olho:
- Já era de se esperar. O que é que eu faço com você?

- Pois, não adianta eu te mandar
para os infernos, não é?- e após uma pausa- Porque você sempre acaba voltando... É
incrível como você é o garfo entalado na minha faringe!

Angustiada, Chantily perguntou:

- Puxa, mas por que diz isso? Você também é um bichinho difícil de ser agradado. E eu
também não sei muito como conseguirei ficar ao seu lado...

E ele irritado concluiu:
- Olha, desiste está bem?

-Ou pelo menos, quando for me procurar se esforce para meter!

Chantily para si mesma, guardou um afetuoso “Até amanhã...”.
Antes de deixá-la sozinha, ele a aconselhou:

- Ah, vá guardar suas coisas porque pelo visto vai chover.

-E se alguém for ficar do meu lado eu espero que ela não esteja gripada!

Chantily o olhava indo embora com um aperto no coração. Mas, sabia que pelo menos
alguém estava a salvo!

Sabia que as paredes de cor creme pelo menos, por mais algum
tempo se manteriam frias e sólidas.
Mas, ela ainda não conseguia entender-se como um talher na garganta e nem o que
estava sentido.
Até aquele momento ela nunca tinha se visto como sendo uma pessoa tão incômoda
para o seu próximo. E isso era uma coisa cruel demais para se pensar que poderia não é
quem sabe, estar então acontecendo!
Assim, ela recolheu seus pertences e girou a maçaneta para entrar em casa quando por uma fresta da janela pôde constatar as nuvens escuras:

- É chuva.



                                                  VI

“Solidão se bebe engarrafada e fria ainda mais quando, tudo parece estar em ruínas.
Já, o amor como um deleite só reconhece o sabor quem ainda o sente.
E o mundo é o mundo e se por acaso, não fosse o que então ele seria?”
Passado o instante cinzento de indecisão, a menina desobedientemente foi vê-lo.
Se arriscou a deixar para trás as paredes sólidas de seu castelo queria talvez, tentar
entendê-lo. Porém, ela sabia que essa não seria uma tarefa tão fácil. A noite espreitava
pelo céu sem estrelas como um ladrão. Indiferente, como o botão de uma roupa
encontrado numa gaveta de meias.

Ao vê-lo num canto escuro, lhe perguntou:
- Que fazes aí?

Aguçando as orelhas ele lhe respondeu, esperando puxar-lhe o tapete:
- Querida, sabe para que se constroem as paredes?

- Para nos proteger do frio e da chuva? –Ela respondeu, meio sem jeito.

Com um sorriso, ele então lhe sussurrou:
- Para que apenas, elas ouçam certas... Palavras!

-Palavras macias e ternas...

Ela se viu sem direção enquanto, ele prosseguia:

- Certas palavras tornam-se mais gentis quando a carne se une à carne.

-São iguais a uma xícara de chocolate quente: Pois, quanto mais se instiga o paladar mais então se tem
saliva!

-É... Para nos proteger da chuva também.

E ele ainda mais lhe dizia:
- Mas, você se esqueceu desse detalhe, não é?

-Eu não sabia ao certo se isso você compreenderia...

E observando-a ensopada da chuva, demonstrou preocupação:
-Por que, você atravessou toda essa tempestade?

E ela um pouco tímida, lhe respondeu:
- Porque queria vê-lo, só isso.

-  É que tenho poucos amigos e passo a maior parte do tempo sozinha então...

Ele pareceu estar surpreso e tentou deduzir algo:
- Ah, sim. Deixe-me adivinhar... Daqui a alguns anos será, uma jovem extremamente
talentosa, mas com uma família patética trancada no quarto, se contentando com
romances cheios de tolices tentando compensar em ilusões bobinhas, o karma de
Cinderela após horas lavando pratos onde você nem sequer comeu. -E se comeu, depois até o cheiro de sopa com queijo será horrível! Sem falar na bancada
da cozinha onde o seu dilema será, escolher entre beber um gole d’água mesmo em noites frias, ou ficar com sede e tomar o indefinido café!

E com um sorriso presunçoso, ele prosseguia:
- Porém, há de convir comigo que sem a água da qual seu corpo estupidamente poderia
vir a ser vítima de um choque térmico você não teria o café insonso do qual iria beber, e
não teria como limpar cada prato. Mesmo, se molhar as compridas mangas do casaco
sem querer... E sem saber o que pensar diante de tamanha astúcia Chantily atinava em “como será
que, ele conseguia fazer aquilo?”

 Então ela lhe questionou:
- Puxa, mas... Como você sabe que esse será o meu futuro, hein?

Ele tentou explicar...
-Acho que não é bem uma questão de passado, presente ou futuro. Prefiro usar o
método dedutivo!

-Quero dizer, posso ter uma idéia apenas por te observar!

- Por exemplo, quando eu ou outra pessoa estamos falando com você, você nem sempre, nos
olha diretamente, nos dá atenção.

- Isso pode ser um sinal de que está distante por algum outro motivo talvez, aborrecida...
- Ou porque é de fato, um pouco tímida.

Ela pareceu estar em choque:

- Nossa não sabia que, os gestos poderiam dizer tanto sobre as pessoas!

- E podem. – concordou o Felino.

-Ah, aliás, antes que eu me esqueça, se não estiver enganado, você vai acabar com unhas mal feitas, cabelo quebradiço e cheirando a sabão e gordura, sem falar que para o estresse vai acabar tomando comprimidos!

Depois, levemente desconcertado, comentou:
- Sabe, vou lhe confessar que não sei por que tenho essa mania... Mas, tente ver o lado
positivo da questão: antes que você caia nesse futuro não tão promissor e infortúnio eu
estava esperando para ajudá-la!

- Me ajudar? - Ela se chateou por um momento ao sentir seu ar de ironia.
Percebendo um vestígio de descrença ele lhe perguntou fitando-a impassível com as
orelhas cada vez mais, aguçadas.

- Você não confia em mim?

Ela ainda estava nervosa:

- Não, não... É que você só complicou um pouquinho as coisas naquele dia em que você
me assustou quando entrou pela minha janela, sabe... Então não que sua companhia não
seja agradável.

-  Mas, eu achei que tivesse mudado de ideia.

- Que foi, está me expulsando é? – Indagou Felino e, demonstrando raiva, prosseguiu
franco demais:

- Nem pense em começar com suas gracinhas senão, eu vou largar você
naquele futuro sem pensar duas vezes!

Respirou fundo expressando uma tentativa de ser mais compreensivo apesar. de
persistente e continuou:
- Olha, eu gosto de você por mais que às vezes, você seja a Chapeuzinho mais puritana
que já se viu. E sei que, vai fazer aquilo que fizer por Amor. - Entretanto, por pessoas que talvez pensando bem, não façam o mesmo por você!

Depois de uma breve pausa, continuou:
- Eu só sei que, o caminho do Amor é cruel. Só é mais bonito em poesia, mas... Se
quiser se arriscar com mentiras...

E Chantilly quase desatando a chorar, se segurou e o interrompeu com um “Okay”.
- Bem, eu só acho que você não deveria mais voltar para aquela casa.

-Afinal, você só ganha doces e presentes raras vezes; e fica sozinha o tempo todo.

-Nem todos a compreendem... Mas, tudo isso pode se resolver não se preocupe... Vamos, essa é a sua
chance de não pertencer ao que não quer.

-Afinal, você não deve nada a ninguém ou se deve, deverá explicações para Deus!

-Vamos não se arrependa anos depois, por ter sido uma jovem tolinha carregando uma
vida monótona como tantas, por aí.

E cada vez mais, ele a conduzia sorrateiramente:

- Ah, você nem imagina o quanto será feliz ao meu lado!

-Até porque, desde o momento em que eu a encontrei você apenas me sorriu!

-Então, eu soube que de alguma forma eu faria de tudo para que você ficasse...

E cada vez mais, docemente lhe prometia:

-Pois, você será mais feliz e sortuda que a pequena bailarina.
-Será por ela -presa em sua caixinha de música- invejada, isso lhe garanto!

-Ora, deixe de ser hesitante dê seu Amor a quem realmente merece!

- Não perca mais tempo de vida procurando o que não vai conseguir!

-Pense que... Todas as noites eu vou ler sonetos para você... Será feliz,
cercada de rosas, presentes modestos, mas carinhosos: sorvete, balas de caramelo,
biscoitos e leite! Além de ter um alguém que vai sempre lhe dar um abraço e perguntar
como foi o seu dia, que vai dizer o quanto te adora e o quanto você é especial...

Inspirado, prosseguiu no seu discurso inflamado:
- E sem esquecer nenhuma noite dos seus beijos de boa noite e sem se queixar em nenhum momento por fazer o que me for possível, por você!

Ela estranhou:
- Mas, não é muito?

-Quero dizer, para uma garotinha de vida tão normal, comum...

- Não!

-Não para um alguém tão importante e doce assim. respondeu, acolhendo-a no
sótão, perto dos candelabros onde ela se sentia uma pouco mais seca e aquecida.

-E para provar que lhe dou a minha palavra eu não posso mais deixar você ir para casa!
-Mas, como não ir mais para casa? – interrompeu-a Chantily.

- Você não vai e pronto!

-Não para que, você fique sozinha e triste de novo.

-Não posso deixar que fique doente atravessando sozinha essa chuva forte senão, seria um relapso
não acha?

E ele então teve mais uma ideia observando-a bocejar:

-Pobrezinha, deve estar cansada. Afinal, foi um longo caminho até aqui.

- Mas, não se preocupe porque eu vou cuidar de você!
Ele lhe ofereceu sua cama e um travesseiro limpo e a fez se acomodar mais do que
depressa:

- Já volto. Não saia daí, está bem?

Ela parecia assustava. Apesar disso, agradeceu. E enquanto ele não voltava, perdia-se
em pensamentos. “Nossa, por que será tanta mudança? Ainda mais assim, de repente...
Puxa, o quê será que ele está fazendo?”

E ela ainda constatou que havia de fato, uma caixinha de música ao lado da cama. Então, ela começou a pensar cada vez mais consigo mesma espantada:

- Puxa, deve ser esse a pequena bailarina com a qual eu ando sonhando!
E parecendo pressentir algo que desconhecia: - Hum... Será que, se ela pudesse falar me ajudaria a saber então o quê eu posso fazer?

Chantilly tentou brincar um pouco com a pequena menina de plástico apesar, de estar se
sentindo muito perdida naquela situação toda.

-Você me parece tão livre em seu pequeno espaço cercado por espelhos... Como uma
nuvem no céu!

-Bem diferente, de mim! Então... Por achá-la graciosa, vou chamá-la de “Nuvem”!

- E como se repetisse para si mesma, essa outra pequena descoberta concluiu:

- Essa, será você. E quem diria uma pequena nuvem corajosamente lutando mesmo que
confinada em sua prisão talvez também de plástico!

Quando, ele voltou trazia uma bandeja com chocolate quente, biscoitos e sorvete.
E ainda deixou ao seu lado um pequeno livro... - Bem, eu sei que não é propriamente um jantar. Mas, achei que você fosse ficar feliz...

E ela então constatou o que ele tanto disse. E com os olhinhos brilhando após, se
deslumbrar com seu doce inverno, quando terminou de lanchar lhe perguntou:
- E esse livro, é sobre o quê?

E, todo paciente, o gato respondeu:
- Ah, são sonetos de Shakespeare. Eu pensei que, você iria gostar se eu lesse algum
antes de dormir...

Ela respondeu encantada:
- Claro, eu adoraria!

Deu-lhe deu um beijo tímido de boa noite e com um sorriso satisfeito de anjinho se
preparou para dormir enquanto Felino afável lhe estendia o impecável cobertor
quentinho.
Aquele sonho parecia de tão impossível, de tão inimaginável, envolver seu
coraçãozinho inseguro e chegar onde ninguém havia ainda conseguido chegar, de tão
profundo.
E após, então a leitura de alguns versos ela caíra no sono e ele ficara ali observando-a
por alguns minutos, para ter certeza de que ela estava dormindo. Como se observasse o
êxito cruel que em breve, o lobo teria sobre o cordeirinho.
Então ele fechou a porta calmamente deixando-a dormir, inerte e desprotegida em sua
fantasia até, então inquebrável desceu e por hora dispunha de uma taça de vinho
silencioso atento a cada ruído, a cada rangido da madeira, a cada sopro do vento.

Até que, a pequena Chantily se virando de um lado para o outro, sentia que algo a
incomodava e concluiu:

-Sede! Culpa talvez, do sorvete, fora de momento... Minha boca
está seca então é melhor, eu descer e procura por água!

E assim, bem quietinha e o mais cautelosa que conseguia ela esperava fazê-lo. Porém,
quando ela havia conseguido seu copo d’água ele apareceu:

- Pelo visto, já acordou não?

E ela então se recuperando do susto lhe respondeu:
- Ah, bem... É que eu fiquei com sede então resolvi beber um pouquinho d’água.

Entretanto, ele lhe perguntou ainda desconfiado:
- Mas, por que você não me pediu?

-Você veio tão quietinha, como um camundongo...

Eu nem, cheguei a ouvir seus passos pela escada!

 -Você não está tentando fugir está?

-Quem, eu? – respondeu Chantily prontamente –Não!
E com um sorriso no rosto, argumentou:

-Bem... Agora que já matei a sede acho melhor eu voltar porque está tão frio e eu não quero ficar doente, sabe...

- É verdade. Aliás, não é para você ficar zanzando pela casa a essa hora ouviu?
Repreendeu-a e depois a acompanhou até o quarto.

Mais uma vez, esperou o tempo necessário para que se cobrisse e, mesmo contra a
vontade pegasse no sono, com o ninar fingido: “Durma meu bem...”

Mas, ela também fingia dormir. Então ouviu suas palavras enquanto, se afastava:
“Peste, se não lhe vigio é capaz de até pular pela janela!”
Encolheu-se atenta debaixo do cobertor, pois, aquela saída milagrosa parecia ecoar e ao
mesmo tempo, romper barreiras em suas ideias de fujona: “Janela! É isso, vou sair de
fininho por ela. -Quem sabe... logo, eu espero.”

Porém, os pensamentos naquele oceano instável lhe foram ao mesmo tempo tantos que
ela cedeu ao sono entre as dores dos sentimentos. Cedeu em suas incertezas num
ambiente estranho e com pouca luz. Luz por hora, de estrelas.
Mas, estrelas confusas e que também lhe davam medo.


                                               VII

Ela dormia encolhida sob o cobertor quentinho. Envolta, por seu abraço de algodão que
por sinal, lhe lembrava a toalha do banheiro um pedacinho da sua verdadeira casa!
Das janelas empoeiradas e altas aos poucos, o sol surgia com sua luz e ainda preguiçoso
trazia consigo uma brisa mais calma. Menos, densa. Leve como os versos de um soneto
sobre o Amor e o Tempo.

Mas, de repente, num pesadelo, ela se via em sua cama quieta, tentando não se deparar
com o medo do escuro. Seu corpo estava estático o coração quase escalando a própria
garganta.

 E olhando abobalhada para cada canto do cômodo silencioso onde parecia não haver
mais ninguém além dela, ao longe conseguiu reconhecer as orelhas compridas e
felpudas...

- És tu mesmo, gato?

- Sim. Mas, porque esse espanto? –indagou o bicho, tendo já um plano em mente.

Quando, Chantily notou ele estava mais perto do que ela imaginava observando-a se
contorcer no colchão:
-
 Cuidado para não se machucar, meu bem! -Aliás, acho bom não fazer nenhum movimento brusco porque senão, eu posso mudar
de ideia...

Depois, de muito esperar ele se debruçou sobre ela que lhe entregou seus olhinhos
enormes, em desespero contido. Enquanto naquele instante seu corpinho se contorcia e sua mente parecia estar vazia.

Mas, o gato insistiu:
-Acalma-te criança, pois, o mundo diante do amor se torna pequeno!

- Apaga a luz do abajur para que eu possa cumprir o que contigo estou em dívida.
Deixe, de ser tolinha. Pois, o que mais espera a minha viuvinha? -Minhas noites em segredo contigo serão mais doces do que Marshmellow!

E ela então, dava voz à sua imaginação, em meio a aquela confusão de sensações:
 - Hum, que delícia, açúcar! -e atônita pensava... “Puxa, não sei se é impressão minha, mas... acho que
estou com fome”.

 -Hum, um Marshmallow enorme talvez agora caísse bem!

E o bichano, percebendo que algo a distraía prosseguiu:
- Eu daria tudo para saber o que está pensando, minha viuvinha.

-Se eu bem a conheço você deve estar pensando no pote de doces lá da cozinha!

Ainda que tímida, ela confirmou com a cabeça.

Beijando levemente sua corada bochecha, sussurrou aos ouvidos de Chantily:
- Eu sabia que não mudara!

-Mas, talvez haja algo que não tenha ainda aprendido... Marshmallow de início se
morde com gosto... E Chantily de bolo, delicadamente se usa a língua... - em aparente
devaneio, prosseguiu:

- Agora... Qual se usa para uma menininha de carne e osso?

A pergunta ficou sem resposta.
- Oh puxa, acho que a conversa não é sobre o que pensei! –e seguia pensando: “Ele com
certeza, deve estar de bom humor e por isso me fala um monte de asneiras”.

Interrompendo-lhe os pensamentos, o felino insistiu:
- Rompe de vez esse teu silêncio, pois, sua expressão não mente!

-Deixe de tanto pensar. Pois, não há nada que um pouco de tempo não possa resolver. – e conforme bagunçava-lhe o cabelo ela sentia seu pijama sendo aos poucos, aquecido e amarrotado.

- Deixe de criar caso, pois, em breve seus desejos a mim estarão atados!

- Porque doces para mim não são apenas, consolo para momentos sem fundamento.

-Servem também para as preliminares!

- Em pensar que, um desses doces me levará a você!

Em tom ameaçador, instigou a menina:
- Se bem que, eu nunca fui de me entreter com comida em crimes hediondos.

-Mas, por você quem sabe, possa haver uma exceção...
Inocentemente, ela continuou imaginando:

- Humm, exceção com marshmallow! –em seus pensamentos: “De qual dos dois será
que, vou ter que abrir mão?”

Então comentou: - Okay , esse jogo enigmático está me parecendo tentador! –mas, no íntimo interrogava: -

- Onde será que, ele espera ir com isso?

-Mas, a curiosidade está me matando!

-Oh, puxa... nem sei mais no que estou pensando...

-Eu me sinto tensa ou coisa assim.”.
E ela ainda tentou se conter. Mas, não conseguiu:

- Puxa, é impressão minha ou o quarto ficou abafado? - ela ainda, se repreendeu “Não,
não. Melhor, não pensar em mais nada”.

Com um meio sorriso, o gato pareceu ter conseguido adivinhar seu mais íntimo pensamento e lhe afirmou:
- Eu espero ir mais longe do que pensa! -exclamou com seus olhos brilhantes e traiçoeiros.

-Por isso, lhe digo que pressa não vale à pena.

-Aposto que, está nervosa por outro motivo e não por um pote de... – percebendo, o quão distraída a garota parecia estar procurava adivinhar:

- Onde ou em quê- sua imaginação fértil poderia estar hã?

Chantilly perguntou-lhe, atinando... “Oh, ele não sabe que já estou há mais de
três semanas sem comer doces?

-E que isso, já é suficientemente torturante pra mim!”
-Marshmallows enormes primeiro, com os dentes. Depois, com a língua assim em
segredo ardente açúcar, açúcar!

E ele lhe repetia baixinho enquanto, ela lutava contra algo que desconhecia:
- Marshmallow. Marshmallow, meu bem, é o que importa!

E assim, num susto, de repente, ela acordou pensativa: “Será que, é mesmo açúcar que
eu procuro?”

Ela fechou os olhos novamente e engoliu o instante em que aquelas palavras de certo, atraentes a chamavam. E sentiu um arrepio, como se as borboletas fossem tão afiadas
em sua pele como a ponta de um canivete recém afiado: “Eu quero mais!”

E assustada a pobrezinha sentia que, tais ideias lhe cortavam lenta e friamente a aura:
- Oh, céus eu me sinto tão... Estranha! Pois, ora eu me sinto tão gelada, ora tão quente e
instável...

-Vagando em pensamentos, associou mais uma imaginação: Que coisa seria o
inferno?

E ainda trêmula, ela supôs:
“Um inferno de olhos brilhantes, felpudo e sombrio!”

E assim, deixava seus dedos se enrolarem nas pontas finas do tecido da coberta:
“Quero dizer... me contavam muitas histórias quando, eu era bebê. Mas, eu nunca
pensava que faria parte de uma delas.” - e voltou o olhar para o teto coberto pelas
marcas do tempo: “Hmm, quem diria um pequeno jogo, onde se tem a inocência como
isca!”
E começou a pensar que agora já não era ela: “Puxa, aventuras em cama ou porão afinal
eram para ser divertidas!” – mas, de imediato ela se repreendeu- “Deus que, me livre o
que estou dizendo? É claro, que não.” Deixou que uma pontada no âmago a consumisse:
-Esse é o mal miserável de Chapeuzinho!

E prosseguia revoltada consigo mesma: “-Porque, ou você se esconde por debaixo de
um capuz. Ou então esquece que tem que se segurar para que não deixe escapar por
debaixo das saias de uma vez, aquilo que não se deve, oh céus!

E ela então se segurava como se algo a incomodasse demais:
“Puxa, estou tentando dormir me virando tanto de um lado quanto, que para o outro.
Mas, eu de qualquer modo não consigo!
- Deve ser de tanto olhar para esse teto horroroso que me dá a impressão de que a
qualquer momento, vai ruir em cima de mim!

E sentindo-se perturbada por alguma energia ruim, passou a interpretar: “Sei lá... algo
aqui me dá tonturas! As portas e o piso rangem de forma estridente... às vezes, levo cada
susto!

-O edredom... em cada borda tem um cheiro... de mofo!”

E sentindo-se insegura:
“E vai que... ele realmente esteja aqui me rondando enquanto estou dormindo?

-Até porque, está tudo muito quieto lá embaixo. Então, ele pode estar em qualquer lugar
longe da minha percepção talvez não tão certeira das coisas...”.

E ela se culpava. O nervosismo crescendo...

“Não, é para se confiar em estranhos. se bem que, eu estou na casa de um, dormindo no
cômodo de um... que ideia! Eu nunca, nunca tinha me sentido tão... estúpida nessa
vida.”
Estúpida. Por um instante, duvidou: “Seria essa palavra mesmo?” – mas, logo se
aborreceu e concluiu: “Ora, deixa para lá, pois, palavras agora não importam.”.

Então chegou um amanhecer mal recebido, com aquela sensação mais natural de ter
voltado a Terra: “Banheiro... Banheiro.”.
Chantily, às pressas, tentou encontrar uma maneira de sair do quarto.
Porém, como acabou notando que isso poderia fazer barulho ela resolveu, procurar ir
por uma corda. Já que de momento, poderia tentar sair por alguns instantes de lá
também por uma das janelas.

 Com isso, ela conseguiu encontrar uma em cima de um
dos criados mudos perto da cama e assim sem muito parar para pensar, ela finalmente
conseguiu descer pela corda, mais silenciosa como que a um camundongo. Avistou e
quando ela chegou ao pequeno jardim apenas, uma fossa na grama aos fundos do velho
teatro abandonado que estava em meio às árvores.

 Com isso, ela não teve outra alternativa a não ser a de fazer xixi ali, mesmo!

 E ela achou toda aquela situação é claro que bem, desconfortável:
“-Ora, mas... eu vou ter que fazer xixi justo, aqui?”

E ela ainda, continuou:

“-Oh, puxa vida o quê é que nós não temos que fazer não é mesmo, por quem amamos”!

E ela ainda antes, de decidir voltar o mais rapidamente possível ralhou:

“- Mas, também”... Puxa será que, ele pelo menos não poderia ter me avisado de que em
um lugar como este não havia um banheiro?

E ela ainda mais, atinou olhando por um momento para o horizonte ainda escuro e para
as árvores, que pareciam estar ficando mais e mais altas a cada minuto em que ela
permanecia ali naquele local abandonado: - “Ai, mas aqui tudo está ficando cada vez mais perigoso. E pensando bem, da próxima
vez eu acho que eu não vou mais minha nossa, me arriscar a vir até aqui viu.”

E ela ainda concordou cada vez mais, se sentindo muito mais receosa do antes:
“-Não, mesmo”! Ainda mais, porque é muito frio aqui fora puxa vida.
Então, ela se sentiu finalmente mais aliviada e apesar do constrangimento subiu
novamente pela mesma, corda com a qual havia conseguido escalar para sair do quarto. Assim que retornou ao quarto como havia planejado ela então guardou de volta a corda
naquele mesmo cantinho da mobília, procurou por algumas peças mais secas de roupa e
então fechou a janela. Trocou-se o mais que depressa, escondendo a roupa que já tinha
sido usada em meio às suas quinquilharias e tentou voltar para cama em que estava
mesmo, se sentindo nervosa com tudo o que lhe ocorrera.

Ao mesmo tempo, no entanto, sentiu a sensação do abandono de não estar mais sendo
acolhida e protegida de fato, como se sentiria se estivesse em sua casa. Mas, Chantilly
resolveu apenas disso tentar dormir e não pensar mais, em relação à insegurança que
ainda estava sentindo com os nervos á flor da pele. E também apesar, de temer a
desconfiança do gato, a tensão foi diminuindo. Bom, era o que lhe parecia estar
acontecendo e que coisa boa, não é mesmo, hã?
 Pelo menos, ao pensar que ele poderia continuar a acreditar que ela ainda estivesse
quieta e trancada lá como ele então a deixara confiantemente antes dele ter descido as
escadas.


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