domingo, 23 de outubro de 2016

Bordel Um Conto de Fadas para Adultos

Por: Maiara Cecília
E hoje eu apenas vim aqui para deixar para você a tal História do Meu segundo livro, tudo bem.
E eu sei que talvez, você ainda sim pode vir a estar se perguntando o por quê desse Título "Bordel" Mas, isso é uma coisa que eu lhe confesso que sinceramente tem sido até mesmo para mim, acredite que um mistério, sabe.
Então no mais eu espero que você se divirta assim como eu que também tive ótimos momentos tentando enfim acho que discorrer essa digamos que gostosa trama entre uma Menina que tem um nome aparentemente muito inusitado e o seu bichinho preferido de estimação, certo.

Um abraço e no mais Boa leitura e muito Amor também para você mais uma vez meu fiel Leitor(a),está bem.



Cidade: Itapira (SP)
BORDEL
Um conto de fadas para adultos.
Baseado na obra: “Noites púrpuras” da própria
autora.
Por: Maiara Cecília

Dedicatória
Dedico esta obra a todas as jovens que acreditam, mesmo estando por
alguma razão ainda em silêncio, na liberdade de expressão!
Eu a dedico, com imenso carinho e também como um brinde à genialidade de
Charles Pierrault, que trouxe à tona, em sua época, a fábula de Chapeuzinho
Vermelho, que me serviu como uma preciosa fonte de inspiração e tornou
minha infância, sem sombra de dúvida, muito mais desinibida e feliz.
Dedico ainda em memória à minha mãe e à avó – essas mulheres guerreiras
que me conduziram...
E dedico também a outro alguém... Que se tornou uma pessoa muito especial
na minha vida, principalmente porque mesmo depois de terem se passado
muitos anos e de haver hoje, uma certa distância entre nós eu sou muito
grata a essa pessoa em especial! Porque se ela não tivesse, mesmo que de
uma forma passageira, cruzado o meu caminho... Eu então nunca teria
descoberto o que seria passar pela prova do verdadeiro Amor!
Quero dizer, no sentido de que quando você acha que finalmente o
encontrou, mal sabe que essa é uma imensa questão de dar e ao mesmo
tempo de vir a receber também. E que às vezes é preciso abrir mão dele,
Pois, nem sempre tudo irá corresponder às nossas prováveis expectativas.
Mas isso não quer dizer que não possamos ser mulheres até mais do que o
bastante, para sabermos que podemos ter a chance de tentar cicatrizar as
feridas e de nos reerguer para não mais sofrermos pelo que foi então o
passado.
Sim, eu ainda o amo! E acho que ele irá entender que esse lhe será o
presente que eu lhe darei com muito carinho. Sem mágoas ou quaisquer
ressentimentos. Por que agora eu sei, que para cada um de nós Deus
certamente reservou um destino. Então é o meu papel agora, já que muito
não mais posso fazer a respeito de deixá-lo seguir o caminho que lhe convir
em seu coração!
Até porque, a felicidade do outro não tem que estar (e nem deve) presa em
nossas próprias mãos, não é mesmo?
Ora, pois assim como em nossos sonhos nada seria mais justo do que vir a
deixá-los serem livres como naturalmente tudo deve ser.
 E como já dizia o ditado: Promessa (seja ela qual for) é dívida. Então eu
resolvi, tentar cumpri-la para que esse presente aos olhinhos tão doces
quanto o outono de meu amado fosse o mais impecável possível. Nada mais
justo, não é verdade? Já, que ele me inspirou a ser mais corajosa e também
muito mais tolamente apaixonada do que eu estava pensando que seria no 
fim das por um único rapaz em todos os momentos pelos quais me deixei
passar, eu creio.


 Introdução
Mesmo, revirando prateleiras na busca por aquilo que de fato atraísse a
minha atenção e que me libertasse de um possível, ceticismo para encontrar
a chave do que eu procurava como sendo digamos, uma resposta para as
minhas inquietações naquele momento o que eu precisava sem ainda ter me
dado conta estava em minhas mãos em um livro pequeno e colorido! E que, com um pouco de perspicácia ele me fez vivenciar a melhor coisa que já
ousei escrever desde, o início da minha adolescência. Mas é claro que, em
breve os tempos serão outros... Isso me parece algo inexplicavelmente
mágico e cíclico.
“As histórias muitas vezes, não são chatas”. Elas só não, são bem recebidas.
Afinal, cada leitor tem o seu peculiar universo e cabe a nós então
 a tarefa de naturalmente também respeitá-lo”.


                                      I
Aquela pequena cidadezinha, que ficava junto a um bosque de árvores frondosas e que
outrora foram de folhas muito verdes, guardava um segredo muito, mas muito sombrio.
E em meio a aquele belo bosque muitas das flores costumavam estranhar até, sobre
quem estaria morando naquela fabulosa casinha feita de doces!
Mas, mesmo que tentassem perguntar alguma coisa às fadas protetoras do bosque e dos
outros seres mágicos dos quais elas deram vida, elas não se atreviam a falar.
Diziam muitos moradores também, da pequena e tranquila cidade para os seus filhos e
filhas que, segundo a lenda, uma bruxa muito rabugenta e malvada morava naquela
incrível casa.
Porém, enquanto todos naquele verão se sentiam preocupados com tal boato, uma
menininha com o coração tão mais bondoso, e com a aura tão mais brilhante dos que as
outras, nascera: Chantily. Nisso, em um outro lugar bem mais escuro e nublado, antes
dela tinha nascido também um homem, de quem diziam tão mais bonito e tão mais
talentoso do que todos os outros. Mas as fadas, porém, percebendo que o coração
daquele homem somente se alegrava com a dor alheia e sentimento de maldade, não
acharam outra maneira senão a de aprisioná-lo na casa de doces para sempre, longe das
outras pessoas que queriam ser boas.
Então, ainda como seu castigo, ele estaria fadado a uma busca incessante pela beleza
eterna, mas o único jeito que ele poderia fazer isso era assumindo uma forma totalmente
diferente, do que o seu coração realmente demonstrava. Por isso talvez, Chantily tenha
visto apenas uma sombra quando algo lhe ocorreu no bosque...
Ele era muito, muito cruel e conseguia ficar mais belo, e esconder o monstro que na
verdade era, comprando a aura das pessoas com prazeres e bens materiais.
E quem acabou morando na casa junto com esse vilão foi Maria, que na verdade fingia
ser Amora, pois ela se apaixonou pelo vilão e decidiu assim que ambos passariam a
serem maus um com o outro, para sempre também. Afinal, por precaução, ele havia
expulsado da casa o Pai de Maria e seu irmãozinho João que tinham corações bondosos.
Segundo as fadas de luz, das pessoas bondosas o fariam se revelar, mostrando-o a todos
sem o seu disfarce.
E tendo comprado, com presentes e outros mimos o coração, antes bondoso e humilde
de Maria, sem que a tempo notasse, ela também se tornara uma pessoa tão má quanto
ele.
Para Chantily, assumiu a aparência mais bonita que tinha sido por ela avistado...
Mas, como Chantily era uma menina muito bondosa e amorosa mesmo que sem saber
ela ajudava a salvar muitas pessoas não só aquelas com quem ela mais convivia, como o
seu avô e as flores que lhe passaram a falar e a expressar sentimentos, como também os
animais da floresta da maldade e egoísmo de Richard, em sua verdadeira casa de doces
e no teatro abandonado, que utilizava como uma forma de estar mais próximo de
Chantily, a fim de tentar comprar-lhe a aura.


Capítulo prévio
Eu lhe perguntei, sentindo-me, por hora perdida:
-Que faço?

Ele então, a beirar a noite despojou um cigarro, despreocupado:
- Ora, por que tanta tortura?

E com seus olhos penetrantes, naquele instante, sorriu:

- Deixe de lamúrias! Ainda é você, com seus sonhos, fardos, casos e acasos...

E ele então, naturalmente prosseguiu:

-A vida é assim! Às vezes, passamos das flores para os cacos, dos espinhos
aos doces caminhos, das estrelas para os pés descalços, da fartura para os
famintos pratos!

Mas, eu ainda muito boba, suas palavras não compreendi. Ele então quis, com
seu jeito certeiro, prosseguir:
- Que lástima você sofre, não? Pois, ninguém a compreende nessa vida
bandida.

E prosseguiu com certa ironia... -É o mesmo que vir a jogar uma folha de papel na imensidão de um
precipício.
E ele ainda mais me falava:
- Toda a tarefa, para os que desistem é difícil, pois, eles mesmos se cercam
por seus temores. Ao invés, de esperarem por sonetos corpos quentes,
bombons aveludados, presentes, dos quais possam vir á ser merecedores!

E me disse ainda:
- Deixe disso, pois, uma Mulher de verdade não se deixa abater! A não ser
que ela se sinta tão pequenina a ponto de... Dos seus lábios não se ouvir nem
quando é preciso, um “Não”!

E certeiro, em meu pensamento atinou:
- Não por ser apenas, não.
E depois foi adiante:
-Não à covardia, aos atos que não agradam ao seu coração!

E eu que o ouvia, notei que logo se faria dia:
- Logo já amanhece, mas para o meu caso... Consulto um orixá, dogma, ou
faço apenas uma prece?

Ele então, mais uma vez refletiu e depois, ouriçou as orelhas:
- Por que ainda está a me perguntar, se já foi além, coisinha derradeira?
Até porque não importa tanto o que ainda há de vir, mas sim como você irá
reagir diante dos possíveis beijos, abraços... E até diante dos segredos
amargos!

- No adeus, ferem mais as palavras do que o aceno. Num poema ou em
qualquer outro rabisco o que se desgasta é a tinta da caneta. Permanecem
os sentimentos.

E ele confiante, prosseguiu:
-Então as coisas não vão deixar de ser como são. Cabe a você, conduzi-las ou
abandoná-las!

E antes de ir, como amigo, resolveu me aconselhar:
- Faça o seguinte, já que notei que é uma boa ouvinte engarrafe tudo e
depois tente beber numa só dose. Tente saber se tens mesmo, percepção
sobre aquilo que pode.
E ele sorria um sorrir mais brilhante do que a neve...
-É uma questão talvez, quem sabe... De sorte, ou de tempo! Conserte sua
bússola e decida se vai numa nova jornada para o Sul ou para o Norte. Mas
sem pressa, porque senão irá querer, e querer... E por fim, na vida não farás
nada! 

-Mas, também não pense que uma sombrinha há de lhe acomodar
fielmente quando estiver passando por uma trovoada.

E ele ainda me exclamou com um ar triunfante:
- Apenas, diga! Diga tudo aquilo que não quer esconder durante mais alguns
anos.
- Faça-me, pelo menos agora feliz como se eu tivesse tentado a você.

E ele era, de fato, destemido, mas um pouco também convencido:
-O que é que pode haver demais?
E ele ainda parecia me intrigar, confesso:
-Ora, se vierem a amá-la ou a odiá-la tanto faz, pois, isso acontece com todo
mundo que, de repente, sai do seu mundinho patético! É algo, obviamente,
convenhamos... Natural querida, principalmente quando se trata não acha da
humanidade.

E assim, aproveitando a deixa de seu tom espevitado lhe perguntei de certo, curiosa:
-A menina. Você gosta dela?
De repente ele se calou. Pensou, pensou... Até que sua expressão,
estranhamente, mudou; passou de inocente a quem escondia alguma coisa
perversa:
-Gosto! Gosto, sim!

Seu tom era de se estranhar de longe.
Então resolvi insistir, por mais que ele não se sentisse tão à vontade com
tais perguntas:
-Mas, em que sentido? 

-Afinal, ora você diz que a odeia e outra, diz que a
ama muito...

Ele então, se pôs a pensar novamente e indagou:
-Mas, por que a pergunta?
Afinal, eu não fiz nada de errado para ela.

Eu me surpreendi com seu tom:
-Quero dizer, nada que ela não quisesse de mim!

-Oh... Ok já que está dizendo. - Um pouco, desconfiada, lhe respondi.
Entretanto, mais uma vez, ele me indagou:
-Onde, está querendo chegar, posso saber?

Percebi que ele ficou um pouco impaciente.

-Ainda não descobri, mas talvez você me diga.
Eu então lhe respondi meio rude.

Então ele notou que, de boba, eu não tinha nada:
-Bem, vejo que as mocinhas de hoje são muito diferentes...

Porém, ele não se deixou por vencido:
-Que resposta á mais está ainda esperando que eu lhe dê?
Ele sorriu de orelha a orelha, como se não houvesse outro momento tão mais
importante, quanto aquele:

-Quero dizer, quem pode se gabar por ser santo, não é verdade?
Percebi que havia um vestígio de ironia, mas não desisti: -Então... Você não fez nada daquilo, não é?
E ele se fez de desentendido:
-Eu? Com a pobre Chantily de jeito nenhum!

Porém, ele logo mudou tão incerto quanto um termômetro quebrado:
-Quero dizer, foi você que me fez cruzar, de certa forma, o caminho dela.
Então, a culpa, se pensar um pouco não é somente minha, não é mesmo?

- É sua também!
Então senti, àquela altura, que precisava tentar ser tão perspicaz quanto imaginei:
-Oh, certo. Você está tentando me enrolar.

E ele bravamente teimou:
-Não sei até quando, você e eu iremos ficar nesse impasse. 

-Pois, está me parecendo que a jovem tão enxerida não relê o que escreve!

E ele prosseguiu com a minha brusca” puxada de tapete”, enquanto eu
resolvia desistir:
- Até porque, a própria história lhe dirá mais do que qualquer um se atreve.

E ele ainda ralhou, seguro de si:
-Você me faz lembrar muito dela. Os mesmos olhinhos enormes... Mas, ela é
um pouco menor, claro.

E ele prosseguiu com seu tom insondável:
-A pele também é macia, mas é mais pálida, o cabelo é comprido...
Eu me senti trêmula por um instante, minha intuição me dizia algo, mas eu
não tinha ainda certeza disso:

-Por acaso, você não percebe que essa conversa entre nós está ficando um
pouco estranha? -Desconfiada, lhe contestei.

Ele então esboçou um meio sorriso e tentou me convencer:
-Ah, mas, estranha por quê?
Pelo visto, não fora à toa que Chantily acabou enganada.
-Ora, estranha, por causa dessa sua doçura repentina! -Esbravejei tal
gritante conclusão.

E mais uma vez, ele mudara:
-Por que está sendo tão rude comigo? 

-Se foi você que sem pensar, fez tudo
isso?

E ele então resolveu se despedir, de certo educado, mas, inquieto:
-Bem, obrigado por se preocupar. Mas, eu tenho que ir sabe...

-Está bem. Então vá! -Tentei estar tomada por um momento de coragem. 

sendo assim, quando ele se foi, notei os olhos que ainda não tinha esquecido.
Quem sabe, em alguma memória por Deus, adormecida...
Mas, ele ao mesmo tempo não é que poderia estar certo, hein!
Afinal, muitas vezes eu não tenho esse costume de ficar relendo o que eu
escrevo porque sei lá, eu de algum jeito fico pensando que na verdade, o
passado tem que ficar para trás. Pois, o que mais vier de agora em diante é
que pensando bem, no meu caminho é que vai fazer de fato ainda mais
diferença, sabe.
 E... É eu não tenho e que droga, como discordar dele de novo por algum
motivo por mais que eu também quisesse, de que ele está certo outra vez em
relação á essa outra ideia porque, o final desse história não é nada doce 
infelizmente. E que de coração eu até que, quando ainda havia algum tempo
sobrando que gostaria muito de ter conseguido mudar o rumo dos
acontecimentos ao logo das páginas. Porém, o que mais me causava pensando
bem, uma certa, curiosidade ainda mais era o fato talvez, de que eu para
mim mesma também dizia, sabe: Ah, mas por quê não deixar que tudo esteja
do jeitinho que agora por fim está, hã?
Então ora, foi o que eu acabei fazendo e sério eu acho que assim ficou bem
melhor se comparado ao que era para essa história então apenas, ter sido
então dias antes, não é verdade?
E assim, de repente pensei comigo, ainda por um instante deixando de lado,
meu juízo:
- Que orgulho, que alegria, tê-lo feito meu, nosso contraditório gatinho...
Porém, não pude deixar de me surpreender também com tal personagem.
Porque como pude tê-lo criado?
 Pois, ora fala de amor, afeto. Porém, noutra
arde em ódio, carne.
Age definitivamente imprudente, como alguns bem dizem: Dane-se o resto,
faço o que quero!
Quem diria que, encontraria em vielas e becos por ai bichinho de estimação
tão esperto.



                                            II
Alguém, naquela noite cintilante, a tombou sobre a grama. Verde e úmida, não de
chuva, nem de garoa, mas de orvalho fresco! A suor de lapela rosa, aberta, beirando por
entre as pétalas e se desfazendo sobre os seus ombros. Parecendo apenas, vulto, sombra
diante da retina. Belos botões, contornos suaves e firmes por entre seus dedos
Respiração, eufórica... Vertigem no estômago, que a revirava por inteiro feito o mar
acariciando os grãos de areia... Depois disso, aquela pobre garotinha tenta agora cruzar
o caminho habitual ainda zonza cambaleando por entre seus pezinhos.
Chegando, em casa subiu as escadas e foi direto ao espelho do banheiro e para sua
surpresa prendendo-se ainda mais ao silêncio, viu uma pequena cicatriz deixada no lado
direito de seu lábio. O jeito era pegar uma toalha e então limpá-la!
Mas, para o seu espanto ainda maior na toalha ficou uma gota de sangue que logo sumiu
por entre o algodão, assim como aquele estranho que sabe-se lá Deus quem era afinal, de contas! 
Toda essa situação, estranhamente a fez refletir também sobre uma frase que
outro autor havia deixado em sua história:

“Será que, todo o homem é uma ilha?”

Chantily certo dia, estando à mesa com seu avô, meio desapontada, lhe exclamara:
-Acho estranho, meu avô, eu ainda ser tão pequena! Queria crescer logo, ver o mundo
como você.
Por alguns instantes, ele respirou fundo, ergueu os olhos e fez aquela típica expressão
de que não estava pronto para receber uma questão tão introspectiva, de supetão, dando
ao paladar corriqueiramente, o gosto do leite morno. Era um momento que, não
esperava por interrupções!
O avô, então, deslizou a ponta dos dedos sobre o bigode grisalho e ajeitando melhor o
pijama, ainda à mesa, trouxe mais seriedade ao tom de voz, enquanto ela ajeitava
também os óculos, que de longe, lhe davam um aspecto mais abatido mesmo, com tão
pouca idade:

-Ouça bem, minha neta nem sempre o mundo é o que parece!

E ele resolveu prosseguir, enquanto ela o ouvia:
-O que achar que deve fazer, faça. 

-Afinal, as coisas não vão deixar de ser as coisas e oque muda no fim das contas são as pessoas. 

E ele ainda resolveu lhe aconselhar, pois de longe bem conhecia o jeito audacioso da
menina, temendo que em uma de suas aventuras ela se deixasse seduzir rápido demais. Ainda mais, pelos prazeres que poderiam ser facilmente encontrados no mundo:

- Mas cuidado, minha menina, não dê ao paladar cedo demais, vinho de taça alheia!

-E lembre-se de mais uma coisa, antes que a minha memória, devido aos anos me deixe
mais uma vez também na mão...

- A escuridão costuma ter voz suave, e o que lhe dá a mão sem pensar logo, fica à mercê
das vontades de um estranho, de perfume vil... E por mais que ele tente fingir ser o anjo
mais bonito, lembre-se que a serpente também tem o hábito de trocar de pele e de tentar
disfarçar, ainda mais quando algo lhe convém ora, as presas!

E, concordando ainda surpreso, com o fato de que ela estava crescendo, ele prosseguiu:

-Você é quem nesse momento vai descobrir as suas próprias lições e não eu.
E antes de se retirar, ele pegou o jornal e se pôs a caminhar até a sala de estar.

Como de costume, ele se sentou em sua poltrona e cruzou as pernas. Ela, ainda à mesa,
soprava e bebericava pouco a pouco, um -não muito bem preparado- café. 

E pensava em escrever um poema sobre flores ou borboletas. Chantily adorava as flores amarelas, "que se pareciam tão brilhosas quanto o sol!” 

Mas, acabou desistindo achando melhor esperar até que conseguisse entender mais de si mesma porque era aquela  uma grande responsabilidade observar o mundo lá fora e considerar quem também estava ao seu redor.

E assim Chantily concluiu, após pensar um pouco mais: “Eu nunca achei que, seria tudo tão confuso!”

E, prosseguindo nas reflexões: “Se bem, que... Aconteceu uma coisa ainda mais estranha comigo.” E ela concluiu um pouco assustada, esperando sobre o ocorrido não comentar nada, com ninguém: “Acho que, alguém está me perseguindo, mas, eu ainda não sei quem é.”

 E ainda pensava receosa: “E o pior é que estou com medo de contar, pois, se o fizer vou arranjar mais problemas.
Oh, céus...”.
Subiu para se deitar um pouco, quem sabe assim ela se sentisse mais calma protegida
por aquelas paredes tão sólidas e monótonas.
Bem ou mal era a sua casa. Até quando, ela poderia durar a pequena Chantily não tinha
certeza. Mas, ela sabia das flores amarelas e brilhosas lá fora e também ainda em
memórias de seus sonhos talvez, de uma doce bailarina que notara calada e frágil em
sua caixinha de música.

-Ah, sim a boa e velha caixinha de música! –exclamou para si mesma enquanto, se
atirava sobre a cama para tentar pegar no sono.

-Hmm, aliás, aquele estranho me parecia bem interessante!
 Mas, até agora eu não entendi o que tem a ver um cheiro fresco ligeiramente se o meu olfato não estiver enganado, de lavanda e linho- com um outro pequeno suvenir em que se pode vir a dar corda, talvez..

.- E a curiosa menina ainda se atrevia a aventurar-se na sua nova forma de
entretenimento interior. -Hmm, vejamos... Corda, linho, grama, grama fresca, corda e depois... Lavanda!

-Hmm, ou corda, corda e mais depois... Mais corda, e linho sedoso.
Ela seguia atinando, sem ainda saber então qual seria o começo, o meio ou mesmo que o
fim ao certo para o seu mais novo jogo favorito de memórias e palavras para serem
colocadas quem sabe, mais tarde no seu diário. 

E assim, ela prosseguia com a sua intuição para lá de espevitada:
-Hmm, talvez eu pudesse deixar a bailarina assim por enquanto até conseguir saber por
onde isso vai começar: Corda, orvalho, corda, lavanda e por último então escada e
linho!

E até que, o sono finalmente lhe bateu à sua porta e ela concordou com riso bobo: -É quem diria, hã que com um pouco de imaginação é preciso se dar corda várias vezes
para que se consiga ouvir nem que sejam apenas algumas poucas notas!

E ainda riu para si mesma novamente: - É... Corda, lavanda, escada e grama... Quem diria que tudo iria de repente, ter um cheirinho tão bom?

-Hmm, lavanda, morangos, cerejas, flores, biscoitos e sapatos... Novas pequenas
coisinhas do mundo pelas quais definitivamente a partir de agora eu acho que, eu me
apaixonei perdidamente, eu tenho que admitir droga! Mas, fazer o quê, não é? - Chantilly ainda tentou relutar interiormente. 

Mas, quando deu mais uma vez um riso
ela já, estava com as bochechas inevitavelmente coradas de novo. Tentando evitar o seu insaciável desejo por açúcar a cada minuto dos seus dias, ela
deixou escapar também de relance mais uma de suas inúmeras inquietações fazendo
uma expressão de impaciência para si mesma:

- Que droga, eu... Talvez, deva estar agora muito aborrecida. Então, eu preciso
urgentemente de açúcar!

-Eu daria tudo a essa hora para comer um biscoito coberto exageradamente por muito
chocolate!

-Humm, talvez seja isso o que eu agora tanto gostaria de estar fazendo. Mas, eu não
posso porque acho que infelizmente eles deliciosamente já foram todos por mim
devorados.

-Hmm, eu sei que eu tenho que ser forte. Mas, em uma hora como essa eu não consigo
evitar de pensar, em biscoitos... Biscoitos. 




III
Chantily começou a refletir sobre como sua vida repentinamente havia mudado.
De uma hora para outra, rasgara deprimida todos os seus escritos! Nenhuma
maquiagem, o cabelo comprido, negro como o breu, estava mais despenteado e as vestes
pareciam roubar a sua alegria.
Os óculos vieram por recomendação do médico em caso, de leitura.
O seu pretendente, em suas lembranças apenas, era tido como uma: “Pedra em seu
sapato”. Seu amor deveria ser entregue a alguém que a fizesse feliz por ser como é e não
porque acatava certas coisas que os outros esperavam dela. Além, do mau humor
constante do garoto, ela sabia que ele não a amava e que seus pais haviam desistido de
investir numa fábrica, pois, na prática a ideia não saíra conforme haviam planejado.
Ainda assim, Chantily quis continuar morando na casa de seu avô, apesar de isso se
parecer uma situação ridícula e insustentável. Pois, como duas crianças iriam ser felizes
tomando para si responsabilidades que não lhes pertenciam?
Quando, chegava à noite e todos estavam dormindo ela trocava de roupa e esperava ser
a menina mal falada que serviria como exemplo de perdição para os conservadores
daquela cidadezinha! 
Naquela noite, pegou debaixo da escada as poucas peças de roupas casuais que lhe sobrara, pois, as demais haviam sido escondidas sabe-se lá onde
assim como seus mais companheiros livros. 
Talvez, estes estivessem em algum cômodo
trancado da casa. 
Mas, ela não esperava cometer o mesmo deslize de tentar ir procurá-los. Afinal, já tinham lhe bastando os tantos dias de castigo.
Pulou então a janela madrugada adentro e se sentou na mais alta colina que aquelas
lentes ruins poderiam notar e ficou ali encantada observando cada pontinho luminoso
que se perdia no azul.
Esquecera, por um instante do medo que ainda repentinamente apertava-lhe o peito.
Sabia que, quando voltasse para a casa o avô teria deixado no chão do seu quarto um
bilhete em letras discretas:
“Eu a amo, mas, não poderei assumir as consequências pelos seus atos”.
Aquele bilhete na verdade, lhe caiu aos ouvidos como que uma ordem:
-Amanhã, sem falta vá rezar o terço!
Afinal, não ficava bem segundo ele, uma futura mulher de família andar sozinha pela
rua.
 Era melhor assim, apesar de ambos ainda serem apenas crianças.

E ela o ignorou:
-Onde já se viu ideia tão absurda?

E era de fato, uma loucura. Preferiu ficar fora por mais alguns instantes ali olhando para
aqueles brilhosos pontinhos, porque a rotina era uma monótona prisão para o seu viés
imaginário, cor-de-rosa e poético!

 E ela o tinha dentro de si, gritando cada vez mais alto para que pudesse, enfim, sair. 
Mas, temia se ousasse fazê-lo, pela vergonha que essas
demais pessoas ao seu redor passariam por sua causa.
No caminho de volta ao lar, viu o vigia noturno quase caindo em sono num dos bancos
da praça e pensou aos risos observando-o:

-Esse aí, coitado, não pega nem sequer gripe! Faz apenas, pose de valente. Mas, quando
um ladrão aparece foge como os outros de medo!

Resolveu, sendo assim não perder mais tempo em fazer o mesmo trajeto.
Chegando, em casa entrou como de costume pela janela. Penteou, os cabelos foi escovar os dentes e após, vestir o pijama pôs-se tranquilamente a dormir.

E convenceu-se a deixar para lá aquela insistência nas preces mantendo em mente
apenas, uma questão:
-Será que, algo mudaria essa monotonia que tanto a incomodava?
“O bom da vida de tão simples que é quase, chega ao nada”.

E ela pensando bem, não sabia ao certo por que essa ideia repetidamente dentro de si
ecoava naquela noite mais chuvosa. Porém, quem sabe, com o tempo isso viesse a fazer
algum sentido?
Chantilly rendeu-se vagarosamente ao sono enquanto, a chuva começava a dar sinais
com pingos na janela, na varanda...





                      IV
O vento soprava Nas janelas das casas, as persianas bailavam delicadamente por entre
os cômodos. No velho teatro abandonado, a poeira causava a impressão a quem
passasse de que haviam caído flocos límpidos de neve naquele local.
O gato, em seu silêncio, ficava no divã, recordando a menina e a noite anterior que lhe
dera a certeza de que eram os mesmos, olhinhos brilhantes e irritantes de antes apesar de
disfarçados por aquela fisionomia pálida e desamparada.

O gato então exclamou, ouvindo o tilintar da taça sobre sua pata:
-Ela vai me amar, sem dúvida!

E ele resolveu prosseguir, com seu jeito insondável:
-Se é que talvez, isso não me pareça ser uma tarefa tão trabalhosa assim.

E ele continuou pensando:
-Se é que, já não é chegada a hora de deixá-la adormecer sem mais fugir em meus
braços!

E ele quis pensar ainda mais:
-E logo, eu creio que com um pouco de conversa fiada ela vai acabar me entregando o
que em uma hora difícil como essa eu mais preciso.

E demonstrando ironia continuou :
- Mas, agora ela em postura cabisbaixa dá razão aos santos?
Por um instante, ele não sabia ao certo o que pensar então se calou.

Mas, logo prosseguiu pondo-se a pensar novamente:
-Ora essa! Realmente, eu não esperava que ela fosse de acreditar nessas bobagens todas. 

Afinal, pelo que andei observando ela deve ter muito de suas próprias opiniões. 

-Ou algo do tipo.

E ainda com seu tom insondável ele pensava:
-Eu não, posso deixá-la. Não, agora!

E prosseguindo com seu egoísmo:
-Pois, eu ainda quero o que é por direito meu!

Ele repetiu:
-Somente meu e de mais ninguém!

E continuou imaginando:

-E eu a tocarei feito um êxtase profundo. Sem medo, sem receios... De um jeito suave e
gentil, levando-a aos sonhos!

E continuou ainda com um plano em mente:
-E ela então se prenderá á mim sem mais, largar!

E teve mais um pensamento imaginando tal vislumbre:
-
Ela vai ser minha!

E ele ainda, afirmava:
- De um jeito, ou de outro!

E ele ainda, sombriamente se gabava a ciumenta Maria que mesmo, estando alegre por
ele em sua maldade fazia uma cara feia em relação à possível, chegada inesperada de
Chantily tornando suas vidas um verdadeiro caos:

- É a última, aura mais luminosa de toda essa inútil cidadezinha Maria.
Sabe e eu ainda custo a acreditar que, coisa tão preciosa tenha nascido junto a essa
menininha tão... Indecisa!

E ele ainda sim, constatou com uma ofensa que mais parecia silenciosa:
- Malditas, flores e Fadas velhas, ora! Pois, elas só poderiam estar cegas ao deixarem
tamanho tesouro nas mãos dessa completa interrogação ambulante.

Ele por um momento, instável em raiva achou melhor se calar.
Maria tentou ajudá-lo a elaborar um plano tão mais sórdido quanto, ele pudesse
imaginar em anos de pura altivez:

Ela lhe sorriu. Um sorrir tão cheio de si quanto, o seu coração poderia suportar:

-Ah, já sei. Quando, você e ela já estiverem bem próximos faça com que ela tenha uma
espécie de acordo com você.

- Com o qual depois, não haja outra opção para dele sair por
mais que ela insista enfim em tentar!

Porém, ele tão prontamente aguçou as orelhas. Pois, estava muito interessado em todo o
plano dela. A mesma, menina que fora antes a doce e humilde Maria que morava com o
seu irmãozinho mais novo naquela fantástica casa que, com muito empenho os dois a
proposito se deram ao trabalho de encontrar na parte mais densa e mais nublada de todo
o bosque tempos atrás.

- É algo fácil!
E ela pensava: -Quero dizer, isso se você fizer todo o disfarce do jeitinho certo, vá conquistando- a aos poucos, sabe.

- É aquela velha história, na qual a maior parte das pessoas se deixa
acreditar naquela primeira pessoa desconhecida que logo, de inicio cruza o seu caminho.
Então ele por um instante, continuou pensando também:

-Sim, mas como você acha que eu devo continuar?
E então, levando em conta a sua dúvida ela Maria que não era mais doce de forma
alguma prosseguiu atinando:

- Bom para início de conversa você já está deixando-a atônita, não é?

Então, use o que você tem ao seu favor ora!

E ele continuou com seu bom humor sem juízo enquanto, pré dispunha a meia taça a
ouvindo. E ela por sua vez, cada vez mais ardilosa prosseguia:

- Seja o desconhecido que uma pessoa como eu talvez, estivesse esperando a sua vida
inteira, por exemplo! Quero dizer, faça mais por ela sem que ela tenha sequer, lhe
pedido nada. Invente algumas boas falcatruas de que talvez, vocês já se conheçam
mesmo que de algum lugar do qual talvez, ela não muito acabe se lembrando...

E ela ainda mais lhe dizia, esperta como nunca:
- Ou invente mais ainda, que há uma tremenda desavença entre você para com o pai
dela e que para evitar isso você tem que convencê-la a vir o quanto antes o mais rápido
possível, para cá não é?

E cada vez mais, era ela quem parecia melhor arquitetar cada detalhe do plano:
-Ou seja, faça com que ela seja uma pequena bailarina de plástico em suas mãos!

Pois, quanto mais confusa em relação á ela mesma e também mais impulsiva pelas suas
próprias vontades, ela acabar se sentindo quem sabe, o quanto antes ela não venha a
acreditar cada vez mais apenas em tudo o que só você lhe disser então.

Mas, ela já foi logo lhe avisando demonstrando seu lado mais possessivo também:
- Porém, se essa história toda ao meu ver estiver perdurando demais acho bom que você
me escute bem: 

-Dê logo, um jeito e livre-se dela!
Porém, ele ainda sim tentou hesitar ao vê-la furiosa como nunca, tinha lhe visto antes:
-Mas... Por que pensando bem, eu deveria fazê-lo tão já não acha?

Ela, porém, já esbravejou quando ele mal pode terminar de falar:

-Por quê! 

-Você ainda me pergunta? 

-Como se atreve, hein?

Ele de repente, passou a andar inquieto, de um lado para o outro
tentando pensar se talvez, não haveria algum outro jeito de tudo terminar sem que
esperasse se livrar de Chantily o quanto antes!

E ela Maria já, quis ir direito ao ponto pedindo sua atenção:
- Pare de portar na minha frente feito um bobo e apenas, me escute está bem.

Mas, era ele quem agora já estava perdendo a paciência:
- Ora, mas então sua tagarela me diga logo o convém que com ela eu deva fazer puxa!

E ela então tratou de lhe dizer de uma vez só:
- A engane, com a ideia de que por ela está disposto a fazer qualquer coisa.

- Depois, se assim da mesma forma ela lhe jurar bem mais, do mesmo a convide para um
piquenique no alto de uma montanha, por exemplo.

-Vá a enrolando, para quem sabe ganhar mais tempo e assim coloque o mais denso
espinho que conseguir encontrar por entre as árvores em uma bonita maçã muito bem
escondido e dê a fruta então a ela!

E ela ainda mais, tentava tornar a ideia cada vez mais bem elaborada:
- Quero dizer, tente fazer também um pouco de drama para que ela tenha a impressão de
que tudo o que lhe ocorreu ali foi um mero acidente.

- Ai, depois que ela já estiver quase desmaiada você a abandona por ali em algum outro
canto engasgada no meio das folhas só para parecer mesmo que ela tenha morrido de
frio.

- Ou talvez, quem sabe, por outro descuido por parte dela mesma.

Contundo, ela mais uma vez já tratou de lhe esclarecer:
- Mas, já vou lhe avisando que eu é que não vou colocar as minhas mãos nela, viu.

- Ainda mais, ora por que... Imagine!

E ela ainda lhe desafiou:
- Eu já lhe dei algumas possíveis, sugestões que é a parte mais difícil.

-Porém, nisso tudo quem vai ter que se dar ao trabalho para que essa ideia realmente
venha a dar certo vai ser você, ora essa!

E ele hesitou mas. ao terminar por lhe ouvir então mais do que nunca sorriu:

- É... Isso me parece algo bem elaborado, não é mesmo?

E num sorriso estonteante de repente, se acendeu mais uma luz em seu túnel: - Quem diria... Em minhas perversões, fazer decair cada vez mais um anjinho?

E ele oscilava: ora era alegria, ora impaciência.
-Se bem, que... Pestinha!

E ele prosseguiu, com seu mau humor:
-Pois, ela para variar como se isso fosse alguma novidade saiu correndo livre e feliz
para casa justo, quando eu estava conseguindo finalmente me aproximar dela. E ainda se queixava:
-
Quero dizer, logo agora que eu achava que essa busca poderia terminar de uma vez por
todas, ora essa.

 Enquanto, pensava aguçava as orelhas:
-Se bem que, ela... Tão pequena, tão rosada, tão ingênua... Talvez, me venha de fato
para alguma outra coisa a calhar!

E ele ainda, parecia rir de tudo o que já de mal fizera a Chantily logo no começo de toda
a confusão a qual ela talvez tivesse que então vir a enfrentar mesmo sem saber ao certo
por que motivo.

-Ora, que lástima, que ironia do destino.

- Quem será que, a tombou sobre a grama naquela noite escura e fria? 

-Quero dizer, quem seria capaz de uma maldade como aquela?

 E recordando o que fizera, ele ainda riu mais: 

-Eu? Por que perderia meu tempo em lhe confessar tal coisa? Afinal, além de não ter tamanho ela é sonsa por natureza.

 E ele voltou a observar a meia taça... -Quando, a casa já não for mais a casa... Quando, o dia se perder em noite eu serei o herói em meio aos cruéis, que não dizem o que uma jovenzinha espera ouvir! 

-O que posso fazer agora é continuar com meus planos, pois, o que está feito... Ora está feito! 
E ele continuou exclamando, seriamente: -Hei de me vingar dela! Pois, a sonsa me parece que com aquele risonho debocha cada vez mais, de mim. 

E, furioso... -Insiste em ter esse péssimo costume típico dos plebeus... Continua sendo insuportavelmente malcriada, não poupa a própria língua! Entretanto, ele acabou acometido de, um certo, descontentamento:

 -Deixa estar! Juro que tornarei sua vida um tormento!

 E antes, de agradecer Maria pela ajuda confessou: 

- É... Meu bem, quem sabe a sua brilhante ideia pode dar certo, não é?

 E lhe deu uma piscadê-la mas, mesmo assim a garota parecia não estar nem um pouco alegre com todo esse tempo em que não o teria como realmente gostaria por perto: 

- Bem, vamos colocá-lo o quanto antes então em prática para ver no que isso vai dar está bem!

 E ele ainda tentou despreocupá-la. 

Mas, isso muito não adiantou pelo visto:

 - Não se desespere! Fique tranquila, hã?

 Ela não significa grande coisa para mim.

 E ele ainda, tentou convencê-la enquanto, Maria fazia uma expressão de que estava emburrada: 

- Ah, puxa não gosto quando você fica assim... Até porque, eu juro que quando tudo isso terminar eu vou ser somente seu, tá bom? 

E desconfiada ela lhe exclamou em tom de sarcasmo apesar, de gostar demais dele:

 - Ah, tá... Quero só ver! 

Assim, ele resolveu não perder mais tempo. 

Arrumou-se e foi o mais depressa que pôde, até o quarto da garotinha.

 Chegando, lá Chantilly adormecia com seu pijama listrado. Muito enfim, como ele tinha de primeira impressão sobre ela então pelo que lhe pareceu não havia pelo visto mudado tanto. 

Ela porém, acabou estranhando o cheiro de perfume forte que pairava entre a luz fosca do abajur e a janela escancarada. 
De relance, acabou ficando acordada sentindo frio ainda sem entender o que se passava. Mas, ela não conseguia esconder o medo do escuro.

 E então, em sua voz de sono e espanto ela exclamou: 

-Quem está aí? 

E pensou desesperada: Ai, meu Deus será que, é um ladrão?

 E nervosa, em sua imaginação inocente, supôs: -Ou será que, é o monstro que vive debaixo do cobertor que veio me pegar? 

 Mas, esse alguém demorou a responder e novamente, ela pensava trêmula:
 -Oh céus, tomara que eu nunca mais faça pipi na cama! E enquanto, o silêncio repentino a 

afligia: -Oh Deus, eu prometo nunca mais chamar ninguém, por mais que esse amigo seja irritante, de “peste”.
 E eu também, prometo da próxima vez me comportar melhor... Se um milagre agora me salvar, é claro!

 E ela então cada vez mais, sentia seu coração subindo pela garganta. As mãozinhas pequenas pareciam estar mais pálidas a cada instante... Até que, tomada por um relance de teimosia, ela cautelosamente resolveu, se levantar. Tinha ainda um pressentimento, por isso deixou vir à incerteza: 

 -Tem alguém ai? A voz soou insegura. 

E ele então, finalmente lhe respondeu fingindo estar o mais alegre possível: 
- Ah, eu a encontrei! 
E sendo assim, o bichano perspicaz resolveu prosseguir com a sua idéia de deixá-la completamente sem entender coisa alguma do que ao certo, estava acontecendo:

 -Ah, você não sabe o quão feliz e aliviado eu fico por tê-la finalmente encontrado minha perdida viuvinha.
 E o bichano não hesitava enquanto, ela estática o ouvia: - Eu quero dizer,  procurei por  você não sabe o quanto, por toda parte. 

-Mas, eu não a encontrava por mais que continuasse a procurar por você de jeito nenhum.

 E o gato prosseguiu, rondando-a. 

Ela parecia nervosa:

 - Ah, mas agora que eu a encontrei e que você graças a Deus me parece estar bem então é isso o que realmente importa, não é! 

E ele insistiu em seu sorrir preocupado e fingido:
 -Ah, mas... Você me parece estar tão quietinha o que foi, hã?
 E ela pensou, consigo confusa: -Puxa, então... Será que, tem um alguém mesmo a procurar por mim ainda mais a essa hora da noite? 

E ele ainda mais tentava conforme havia pensado em confundi-la: 
-Ah, como eu estou feliz por tê-la encontrado!

 Então, Chantily ao ver que aquele estranho se parecia tão feliz e ao notar que ele estava mesmo alegre apesar dela estar vestida com seu pijama por educação pelo menos, lhe acenou ainda que timidamente.

 E então o gato que não era bobo nem nada, continuou puxando conversa: - Oi, também! Então... Eu sou meio desastrado, pois, eu ainda não me lembro ao certo do seu nome, sabe? 

Ele tentou ser o mais doce possível para o começo de conversa. Chantilly, mesmo tentando entender quem ele seria e segurando um dos travesseiros para tentar voltar a dormir, lhe respondeu: - Tudo bem. 

É Chantily! Ele tentava cada vez mais disfarçar. Já, que ele a havia finalmente por até uma questão de sorte e do caso também a encontrado:

 -Ah, que nome tão bonito não é mesmo?

 Porém, ela preferiu por educação somente ouvi-lo. Já que ele de início lhe parecia ser um alguém até bem mais gentil do que em relação às outras pessoas que ela ia conhecendo, enquanto caminhava pela pacata cidadezinha onde sempre passara a sua vida, desde o dia em que nascera. 

Ela se sentou em sua cama tranquilamente. Percebendo que ela lhe dava atenção, ele resolveu, por precaução -e também por causa do frio- encostar a janela do quarto de Chantily, o que lhe deu mais uma vantagem! 

Pois, em um ambiente com pouca luz ela se sentiria um pouco menos teimosa. Até que, ela resolveu lhe perguntar: - Bem, eu já lhe disse um “Oi” e também, o meu nome, certo?

 Mas, se não se importa estranho eu gostaria de saber se puder me dizer... Quem é você? E esperto, ele conseguia perceber a ansiedade brincando naqueles olhinhos enormes a cada instante: 

-Calma, minha Chantily está bem! 

Até porque, por enquanto, eu só posso lhe dizer que tudo meu bem, virá a seu tempo. E dizia enquanto tentava, aos poucos, se aproximar mais dela:

 -Sossegue seu coraçãozinho por enquanto, de viuvinha fujona, okay.

-. Até que, ele se aproximou e sussurrou enquanto, mordeu de leve a sua orelha:

 -Ah, não se preocupe porque até quem enfim, o vazio que existe entre nós pode vir a terminar. 

-E ele cada vez mais lhe dizia seguro de si: -De que lhe vale a pressa agora, minha criança? Pois, isso eu lhe direi com toda a certeza do mundo que para você eu serei bem mais -acredite em mim- do que, você conseguiria em todos os dias da sua vida imaginar!

 Ela então, se sentindo um pouco mais instável, dava voz aos seus pensamentos mais sonolentos acompanhados de um ar de surpresa e também, por um bocejo: 

-Puxa, isso me parece bem interessante!

- Mas, agora sabe... Ai, ai eu estou com um soninho!

- E com isso, ele percebeu então seu leve bocejo e resolveu deixá-la de momento voltar a dormir mais tranquila, como ela então estava antes dele resolver aparecer, de repente, pela sua janela. 

Mas, antes, ele como de costume resolveu se despedir:

 -Não se preocupe minha florzinha. 

-Porque, agora que eu sei onde você está eu vou voltar mais vezes para te ver!

- Enquanto, puxava de leve o cabelo de Chantily e ela não tinha uma percepção tão boa de tudo o que estava acontecendo à sua volta ele continuou

: -Sabe, eu não vejo a hora de te encontrar de novo! Até porque, eu mal posso esperar para vir, a saber, se você é um alguém de fato, tão doce quanto eu presumo, que seja o seu próprio nome sabia? 

E ela então, não viu saída a não ser se manter mais quieta enquanto, seu pijama parecia estar sendo devagarzinho amarrotado:

 -Calma, minha pequena, pois, agora que estamos aqui eu sei que mesmo de longe você me parece que tem algo que está tentando esconder de mim. Mas, que me pertence!

 E ele ainda deixou-a numa mistura instável de sensações das quais ela por mais que tentasse não iria conseguir explicar. 

Pois, ela mal percebeu e ele beijava sua bochecha corada enquanto a mimava: 

- Ah, minha pequena bailarina, quem me dera eu pudesse encontrar um jeito de tê-la só para mim, na sua caixinha, ao lado da cabeceira da minha cama... Que tal, hã? 

Ela preferiu deixá-lo sem resposta. Afinal, ela se sentia um pouco constrangida com todas aquelas surpresas inesperadas da parte dele. E até porque, ela nem sabia a razão que o levara a procurá-la. E ele então lhe propôs enquanto a segurava pela cintura, mas, ela se virava de lado porque só queria voltar a dormir:

 - Ah, tenho certeza que não sei se depois de tudo minha viuvinha vai encontrar um pouco de sossego, não é mesmo, para querer pegar no sono!

- Não sei se está de fato, em seu mais íntimo pensamento tentando me ignorar assim desse jeito. E ele cada vez mais persistia enquanto, mordia a sua orelha e puxava o seu cabelo sem pressa, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo: 

-Ah, minha viuvinha... Aposto, que logo que eu for embora vai sonhar comigo! 

-Mas, ele ainda brincava deixando-a mais e mais sem jeito: 

-Ah, eu duvido que enquanto você estiver abraçando apertado o travesseiro que você não vai passar a madrugada inteira imaginando como seria se eu estivesse beijando suavemente cada parte do seu corpinho frágil e rosado. E com isso, ele cada vez mais fazia com que ela sentisse vontade de expressar um riso tímido e corado, pois, ela estava um pouco mais tensa naquela noite que lhe parecia que mais iria então demorar para passar: 

-Ah, e eu adoraria perceber que você a cada minuto em que estivesse passando ao meu lado estaria eufórica. E que você estaria finalmente, se derretendo em meus abraços, meu adorável, pedacinho de açúcar! 

 E ele lhe deu um beijo com o qual a fez sentir bem mais assustada e, quase que tremendo em seu coraçãozinho naquele instante, viu-se descontroladamente saltitante:

 -Hmm, isso foi... Morno e fantástico eu diria, para uma mocinha! E ele ainda lhe sorriu depois, de quase ter enroscado de propósito um pouco da sua língua por entre os lábios dela. Enquanto isso ela parecia tentar respirar para se acalmar. Mas, isso não lhe diminua a tensão e a sensação de que o seu estômago parecia estar ficando repleto de borboletas. E mesmo assim, ele despreocupadamente enfim, continuou: 

- É... Se o meu tempo não fosse tão curto eu juro que, tenho que lhe confessar que você me surpreendeu! 

Ela entretanto, ainda permanecia em choque. E ele pelo contrário, continuava:

 -Ah, e para uma viuvinha eu nem imaginava que você conseguiria me fisgar como me fisgou assim, logo de cara! 

- Estou sendo sincero com você! Assim ele se despediu – ela ainda sem palavras, olhando para ele estática, com seus olhinhos tímidos e enormes: 

-Boa noite, minha viuvinha... -Ah, e eu não irei lhe dizer adeus ou qualquer outro clichê parecido até por que, -ele lhe sussurrou irresistivelmente com todas as letras enquanto que, como em uma espécie de reação em cadeia outra vez, o estômago dela se contorcia

 -você já é minha, e o seu coração também!
 E ele ainda persistia: - Pois, agora com jeitinho... 

-Só me faltam algumas noites a fio para que eu consiga conquistar o seu corpo!

- E enfim, por último, por meus sonhos mais felizes a sua alma! 

O bichano foi embora, mas parece ter adivinhado: Chantily um pouco mais nervosa e eufórica acabou desbravando noite adentro dormindo em um sono pesado agarrando a cada minuto, em que o relógio fazia o seu “Tic-Tac” baixinho e discreto o seu fofo travesseiro. Como se ela fosse uma lagarta pequena e indefesa tentando ao máximo que, todas as suas perninhas em sincronia conseguissem caminhar para encontrar um abrigo e tentar com isso se proteger debaixo de uma folha, da chuva que estava prestes a chegar. E no mais provavelmente essa folha, seria encontrada em meio ao jardim, tentadoramente também verde, suculenta e enorme. Porém, ela sabia que tinha que lutar contra os seus desejos também de lagarta para que pudesse enfim, vir a se tornar uma criaturazinha cada vez mais forte! Não dando importância ao quê mais em meio ao imenso jardim então pudesse vir a lhe acontecer. 

Bom, por hoje eu vou deixar para você aqui até o Capítulo quatro dessa minha então doce História, tudo bem.
E não se preocupe pois, um outro dia eu irei voltar para postar os outros Capítulos, certo,rs.

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